quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Renascer

Quando a tua tristeza estiver presente e nela não encontrares meios para

resgatar a compreensão dos fatos e nem a alegria do renascer e do

desenvolver-se, volta tua atenção para dentro e lá descansa em teu silêncio.

Dá a oportunidade para ver a realidade que te cerca neste momento e com ela

aprende a tua verdade; dá o perdão para os teus erros e vê que errar é normal àqueles que buscam pela paz, pelo amor interior.

Quem poderá te lançar a flecha dolorida da culpa, quem terá tamanho poder

para te humilhar e te fazer pequeno senão a tua própria vontade em assim ser?

Quando obscureces a tua própria luz é sinal de que escolheste errado e bem

sabes, tu és livre para fazer tuas escolhas.

Abandona o que te fere e alcança dentro de ti a coragem para ver e, através

da tua visão, descobre que a tua força se manifesta quando te decides em

prol de ti mesmo, da tua alegria, do teu amadurecer, do teu estado atento e consciente.

Santo do Dia


     
                                                             São Policarpo de Esmirna
Nascido em uma família cristã da alta burguesia no ano 69, em Esmirna, Ásia Menor, atual Turquia. Os registros sobre sua vida nos foram transmitidos pelo seu biógrafo e discípulo predileto, Irineu, venerado como o "Apóstolo da França" e sucessor de Timóteo em Lion. Policarpo foi discípulo do apóstolo João, e teve a oportunidade de conhecer outros apóstolos que conviveram com o Mestre. Ele se tornou um exemplo íntegro de fé e vida, sendo respeitado inclusive pelos adversários. Dezesseis anos depois, Policarpo foi escolhido e consagrado para ser o bispo de Esmirna para a Ásia Menor, pelo próprio apóstolo João, o Evangelista.

Foi amigo de fé e pessoal de Inácio Antioquia, que esteve em sua casa durante seu trajeto para o martírio romano em 107. Este escreveu cartas para Policarpo e para a Igreja de Esmirna, antes de morrer, enaltecendo as qualidades do zeloso bispo. No governo do papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, representando as igrejas da Ásia para discutirem sobre a mudança da festa da Páscoa, comemorada em dias diferentes no Oriente e Ocidente. Apesar de não chegarem a um acôrdo, se despediram celebrando juntos a liturgia, demonstrando união na fé, que não se abalou pela divergência nas questões disciplinares.

Ao contrário de Inácio, Policarpo não estava interessado em administração eclesiástica, mas em fortalecer a fé do seu rebanho. Ele escreveu várias cartas, porém a única que se preservou até hoje foi a endereçada aos filipenses no ano 110. Nela, Policarpo exaltou a fé em Cristo, a ser confirmada no trabalho diário e na vida dos cristãos. Também citou a Carta de Paulo aos filipenses, o Evangelho, e repetiu as muitas informações que recebera dos apóstolos, especialmente de João. Por isto, a Igreja o considera "Padre Apostólico", como foram classificados os primeiros discípulos dos apóstolos.

Durante a perseguição de Marco Aurélio, Policarpo teve uma visão do martírio que o esperava, três dias antes de ser preso. Avisou aos amigos que seria morto pelo fogo. Estava em oração quando foi preso e levado ao tribunal. Diante da insistência do pro cônsul Estácio Quadrado para que renegasse a Cristo, Policarpo disse: "Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Redentor? Ouça bem claro: eu sou cristão"! Foi condenado e ele mesmo subiu na fogueira e testemunhou para o povo: "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Mas a profecia de Policarpo não se cumpriu: contam os escritos que, mesmo com a fogueira queimando sob ele e à sua volta, o fogo não o atingiu.

Os carrascos foram obrigados a matá-lo à espada, depois quando o seu corpo foi queimado exalou um odor de pão cosido. Os discípulos recolheram o restante de seus ossos que colocaram numa sepultura apropriada. O martírio de Policarpo foi descrito um ano depois de sua morte, em uma carta datada de 23 de fevereiro de 156,enviada pela igreja de Esmirna à igreja de Filomélio. Trata-se do registro mais antigo do martirológio cristão existente.

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 9,22-25)

Quinta-Feira, 23 de Fevereiro de 2012
Quinta-feira depois das Cinzas


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
Os evangelistas, cada um à sua maneira, referem-se à questão da identidade de Jesus. A interpretação dominante, entre os discípulos vindos do Judaísmo, era que Cristo seria o messias davídico esperado conforme a tradição antiga do Primeiro Testamento. Jesus rejeita ser identificado como este messias-restaurador do reinado de Davi. É o momento de deixar isso bem claro.
A partir da interrogação sobre quem o Senhor é, Jesus identifica-se como o “Filho do Homem”. Esta expressão, muito frequente no livro de Ezequiel, refere-se à comum condição humana, humilde e frágil. Enquanto “humano”, Ele é vulnerável ao sofrimento e à morte.
A “necessidade” deste sofrimento não significa um determinismo, mas as implicações inevitáveis decorrentes do compromisso de salvação assumido pelo Senhor. Os poderes constituídos necessariamente vão reagir contra a prática de Jesus e de Seus discípulos, e procurarão destruí-los. Porém, Jesus revela que ao “humano” foi dada, por Deus, a vida eterna. Perder a vida de sucesso oferecida por este mundo e consagrar-se ao seguimento do Senhor significa a comunhão com o Pai em Sua vida divina e eterna.
Para Lucas, o que conta é a ressurreição, não a morte. Mesmo ao descrever a morte com traços vivos, destacando a inocência de Jesus e Seu caráter de mártir, Lucas não lhe dá o sentido salvífico. Se, de fato, Lucas é um grego, então se pode ver nisso um motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária, pois essa era teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais importante ressaltar a ressurreição, pois a morte para os gregos é loucura (cf. I Cor 1,23).
A morte de Jesus como vitória sobre o sofrimento e, sobretudo, sobre os poderes da morte e o fato de Cristo descer aos infernos e lutar com a morte, era uma ideia bem conhecida no Oriente e no Ocidente. Faz parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus heróis. Essa ideia penetrou no Judaísmo tardio e dali passou para o Novo Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem vencido os poderes da perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos mortos, libertando os que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.
Por intermédio de Sua morte, Jesus destruiu o poder da morte deixando o ser humano livre. Mas, antes da ressurreição existe a cruz. E Cristo quer advertir os Seus de que fiquem preparados para ela.
Como os apóstolos, também nós somos convidados a seguir a Cristo passando por tudo o que Ele passou, a fim de que no final possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.
Padre Bantu Mendonça