sábado, 22 de outubro de 2011

Santo do Dia São Donato

São Donato
Donato, filho de nobres cristão, nasceu na Irlanda nos últimos anos do século VIII. Desde criança foi educado na fé católica. Iniciou os estudos religiosos e, devido ao rápido e bom progresso, desejou aperfeiçoar-se. Mais tarde, abandonou a família e a pátria, seguindo em peregrinação por várias regiões até chegar em Roma, onde se tornou sacerdote em 816.

Na volta para a Irlanda, parou na cidade de Fiesole, quando o clero e a população procuravam eleger um novo bispo. Movidos pela divina inspiração, decidiram escolher aquele desconhecido peregrino. A tradição conta que, quando Donato entrou na igreja, os sinos tocaram e os círios acenderam-se, sem que alguém tivesse contribuído para isso. No início, relutou em aceitar, mas depois se dobrou ao desejo de todos. Era o ano 829. Existem muitos registros sobre o seu governo pastoral em Fiesole, que durou cerca de quarenta anos.

Combateu com sucesso os usurpadores dos bens da Igreja. Em 866, viajou para encontrar-se com o imperador Lotário II, e conseguiu confirmar as doações dos bens concedidos pelo seu predecessor, Alexandre, e outros vários direitos. Teve uma boa relação com os soberanos daquela época, os quais acompanhava nas empreitadas e nas viagens. Escritos relatam que Donato foi professor, trabalhou para os reis franceses, participou de expedições com os imperadores italianos e chefiou uma campanha contra os invasores árabes muçulmanos na Itália meridional.

Em 850, o bispo Donato esteve em Roma, participando da coroação do imperador Ludovico, feita pelo papa Leão IV. Naquela ocasião, foi convidado a participar, junto com o pontífice e o imperador, do julgamento de uma velha questão pendente entre os bispos de Arezzo e de Siena, resolvida a favor do último.

Era um sacerdote muito instruído, sábio e prudente, por isso se preocupou com a instrução do clero e da juventude. Escreveu diversas obras, das quais restou apenas um epitáfio, ditado para o seu jazigo, valoroso pelas informações autobiográficas; um credo poético, que recitou antes de morrer, e a "Lauda de Santa Brígida", padroeira da Irlanda.

Pensando nos peregrinos, principalmente nos irlandeses, com recursos próprios Donato construiu naquela diocese a igreja de Santa Brígida, o hospital e um albergue, todos ricamente decorados e bem aparelhados. Depois, em 850, doou tudo para a abadia fundada por são Columbano de Bobbio.

Morreu em 877, na cidade de Fiesole, Itália. As suas relíquias foram sepultadas na antiga catedral, dedicada a são Rômulo, onde ficaram até o final de 1017, quando foram transferidas para a nova catedral, em uma capela a ele dedicada. A Igreja declarou-o santo e celebra-o no dia 22 de outubro. A festa de são Donato espalhou-se por todo o mundo cristão, mas principalmente na Irlanda ele é muito homenageado.

Evangelho do Dia

Lucas 13,1-9
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

1Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam. 2Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa? 3Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo. 4E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém? 5Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”. 6E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou. 7Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’ 
8Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo. 9Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”. 

- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor.


Breve comentário
Esses dois episódios, como sinais dos tempos, dizem que a morte pode vir de improviso. Assim também o juízo de Deus pode chegar quando menos esperarmos. Por isso, precisamos – e devemos – nos arrepender de todos os nossos pecados.

Jesus deixa claro que não necessariamente há uma relação direta de causalidade entre culpa e sofrimento. Mas as desgraças públicas são, como sinais dos tempos, oportunidades para reflexão e penitência dos pecados. Jesus adverte que toda nação caminha para a ruína se não se converter ao Messias. Todos necessitamos de conversão contínua porque todos erramos. O mistério do sofrimento sem espírito de fé esmaga o homem.
Primeiro, arrepender-se é desviar do pecado, mudando de direção em relação à iniquidade.

O arrependimento é mais do que um aprimoramento pessoal, é mais do que uma maneira de se controlar a vida. É uma medida profunda, uma decisão de abandonar tudo o que é estranho a Deus. Essa medida contribui para uma transformação total, a qual Jesus chama “novo nascimento” (João 3,3).
Arrepender-se não é simplesmente sentir remorso do pecado cometido. Uma pessoa pode sentir remorso de ter pecado devido a complicações que o pecado trouxe à sua vida ou devido a uma consequência desvantajosa que tenha de sofrer pelo ato pecaminoso. Judas sentiu remorso por ter traído Jesus, mas não se arrependeu (Mateus 27,3). Pedro, que negou Cristo, arrependeu-se (Mateus 26,34.69–75). Judas sentiu apenas remorso. É possível sentir-se perturbado pelo fato de ter pecado, sem, contudo, arrepender-se.

O arrependimento não é simplesmente uma convicção do pecado. No dia de Pentecostes, Pedro expôs o pecado dos judeus que o ouviam. As palavras do apóstolo levaram convicção ao coração deles a ponto de clamarem: “Que faremos?” (Atos 2,37). Pedro, porém, não considerou essa convicção como arrependimento, pois ao responder à indagação deles disse: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2,38).

O arrependimento não é simplesmente uma tristeza divina. A tristeza divina por causa dos pecados precede e produz o arrependimento, segundo o apóstolo Paulo: “Porque a tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza segundo o mundo produz morte” (2 Coríntios 7,10).

O arrependimento não deve ser tampouco definido como uma mudança de vida. Ele produz, sim, uma mudança de vida. Se o arrependimento não resultar numa vida transformada, então não houve de fato arrependimento genuíno; mas a mudança de vida não é o arrependimento propriamente dito. João Batista advertia ao povo que o seguia: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Mateus 3,8). O arrependimento real precede os frutos de arrependimento, a saber: uma vida mudada.
Arrependimento tem a ver com mudança resoluta da vontade própria em relação ao pecado. Envolve o intelecto, as emoções e a consciência. Essa mudança de atitude em relação ao pecado torna-se tão nítida na personalidade humana, que capacita o crente a desistir de um modo de vida. No batismo, uma pessoa é imersa para morrer espiritualmente para o pecado, crucificando seu “velho eu”, de modo que o corpo do pecado seja destruído (Romanos 6,6).
Em segundo lugar, arrepender-se é voltar para Cristo. Não é apenas uma reação negativa ao mal; é também uma resposta positiva a Cristo.

O arrependimento consiste em abandonar o pecado e voltar-se para Cristo para ter vida. Jesus não convidou ninguém para tirar “férias religiosas” ou dar uma breve trégua na iniquidade.
Ele pediu comprometimento total, descrito como um nascimento da água e do Espírito, um nascimento do alto (João 3,5). Essa transformação é tão radical e duradoura que Paulo a comparou com uma circuncisão espiritual, uma remoção completa do corpo da carne por obra de Deus: “Nele, também fostes circuncidados, não por intermédio de mãos, mas no despojamento do corpo da carne, que é a circuncisão de Cristo” (Colossenses 2,11).

O arrependimento envolve um compromisso constante. Ao respondermos a Deus, devemos fazer morrer as obras do corpo. Daí para frente, uma tarefa que temos como cristãos é não deixar virem à tona essas obras.
Paulo disse: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e avareza, que é idolatria” (Colossenses 3,5).

É preciso viver no mundo sem ser dele; e nele viver conforme o Espírito de Deus. O juízo de Deus sobre nós pode dar-se quando menos esperamos e, por isso, devemos viver de tal modo que não sejamos surpreendidos. O cristão está em contínua vigilância pela caridade e pela prática da misericórdia.
Pai, que a minha vida seja uma contínua busca de comunhão contigo, por meio de um arrependimento sincero e de minha conversão urgente para Ti.

Padre Bantu Mendonça