quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Santo do Dia

São TimóteoSão Timóteo
Sua vida foi marcada pela evangelização, pela santidade de São Paulo e também de São João Evangelista. A respeito dele, certa vez, São Paulo escreveu em uma de suas cartas: "A Timóteo, filho caríssimo: graça, misericórdia, paz, da parte de Deus Pai e de Jesus Cristo, Nosso Senhor!" (II Timóteo 1,2). 

Nesta carta, vamos percebendo que ele foi fruto de uma evangelização que atingiu não somente a ele, mas também sua família: “Quando me vêm ao pensamento as tuas lágrimas, sinto grande desejo de te ver para me encher de alegria. Confesso a lembrança daquela tua fé tão sincera que foi primeiro a de tua avó Lóide e de tua mãe, Eunice e, não tenho a menor dúvida, habita em ti também”. (II Timóteo 1,4-5) Por isso, São Paulo foi marcado pelo testemunho de São Timóteo, que se deixou influenciar também por São Paulo. Tornou-se, mais tarde, além de um apóstolo, um companheiro de São Paulo em muitas viagens.

Primeiro bispo de Éfeso, foi neste contexto que ele conheceu e foi discípulo de Nosso Senhor seguindo as pegadas do Evangelista João.

Conta-nos a tradição que, no ano de 95, o santo havia sido atingido por pagãos resistentes à Boa Nova do Senhor e, por isso, martirizado. São Timóteo, homem de oração, um apóstolo de entrega total a Jesus Cristo. Viveu a fé em família, mas também propagou a fé para que todos conhecessem Deus que é paz.

Peçamos a intercessão desse grande santo para que sejamos apóstolos nos tempos de hoje.

São Timóteo, rogai por nós!

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 10,1-9)

Quinta-Feira, 26 de Janeiro de 2012
São Timóteo – São Tito

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1o Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e os enviou dois a dois, na sua frente, a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. 2E dizia-lhes: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, pedi ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita. 3Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos.4Não leveis bolsa, nem sacola, nem sandálias, e não cumprimenteis ninguém pelo caminho! 5Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: ‘A paz esteja nesta casa!’6Se ali morar um amigo da paz, a vossa paz repousará sobre ele; se não, ela voltará para vós. 7Permanecei naquela mesma casa, comei e bebei do que tiverem, porque o trabalhador merece o seu salário. Não passeis de casa em casa. 8Quando entrardes numa cidade e fordes bem recebidos, comei do que vos servirem, 9curai os doentes que nela houver e dizei ao povo: ‘O Reino de Deus está próximo de vós’”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Hoje celebramos o dia de São Timóteo e São Tito. Nos três evangelistas sinóticos, é encontrada a narrativa do envio dos Doze apóstolos. Lucas retoma esta narrativa, ampliando-a para o envio de outros setenta e dois, em território gentílico, quando Jesus caminhava para Jerusalém.
Como fizera com os Doze, Jesus instruiu os setenta e dois discípulos enviados, dois a dois, para prepararem Sua passagem a caminho de Jerusalém. Servidores do Reino, competia-lhes dispor as pessoas para acolher o Mestre e Sua mensagem, deixando-se converter para Deus. Tarefa difícil, se considerarmos que os discípulos se encontravam em território samaritano, cuja hostilidade contra os judeus era bastante conhecida.
Por isso, as instruções de Jesus insistem em apresentar as dificuldades que deverão enfrentar. Eles serão “como cordeiros entre lobos”. Estarão em condições de desigualdade, podendo ser vítimas da agressão dos habitantes das cidades que seriam visitadas por eles. Portanto, a missão exige apóstolos destemidos.
Timóteo e Tito não eram judeus, ambos pertenciam ao mundo pagão, e encarnaram o primeiro problema encontrado na Igreja nascente, isto é, se era lícito batizar os pagãos sem que antes passassem pela circuncisão judaica. Era uma questão candente, pois havia entre cristãos importantes de Jerusalém uma forte corrente conservadora que queria impor aos pagãos convertidos a legislação de Moisés. O problema exigiu a convocação do primeiro Concílio dos apóstolos em Jerusalém, no qual venceu a tese de Paulo de que não era mais a observância da lei mosaica que salvava, mas sim a fé em Cristo.
Timóteo nasceu em Listra, Ásia Menor, de pai pagão e mãe judia, de nome Eunice. Esta abraçou o Cristianismo, quando Paulo passou em Listra. De sua mãe, Timóteo recebeu o espírito cristão com certa cultura judaica. Na segunda passagem de Paulo por Listra, o apóstolo levou consigo o jovem Timóteo. Tinha, então, vinte anos de idade. Desde então, Timóteo seria o companheiro e fiel colaborador de Paulo, acompanhando-o em quase todas as suas viagens, sendo confiadas a ele missões delicadas nas igrejas recém-fundadas.
Também de Tito, as únicas informações sérias nos são dadas pelas cartas do apóstolo Paulo. Era pagão de nascimento e, provavelmente, de origem antioquena. Ainda jovem converteu-se ao Cristianismo e tornou-se companheiro e inestimável colaborador de Paulo. Encarregado por este de importantes missões, foi duas vezes a Corinto para pacificar aquela igreja, uma vez a Jerusalém para entregar a importância duma coleta em favor dos cristãos. No ano 64-65 dC, foi com São Paulo à ilha de Creta e lá o designaram bispo daquela região. Mais tarde, visitou a Paulo em Nicópolis e em Roma. Voltou novamente à ilha de Creta, onde recebeu uma carta do próprio mestre, Paulo, que figura entre os livros sagrados.
As três cartas, escritas por Paulo a estes seus dois discípulos, têm alto valor pelo conteúdo eminentemente pastoral, de tal modo que podem ser consideradas como o primeiro diretório pastoral dos bispos de todos os tempos.
A metáfora da condição dos discípulos é uma forma de descrever o futuro da missão. Ser cordeiros entre lobos não dá margem a dúvidas: a missão está destinada a ser uma batalha desigual, na qual toda prudência é pouca. Nada de ilusões!
Humanamente falando, as orientações dadas por Jesus deixavam os discípulos numa situação de fragilidade.
Os enviados em missão devem estar despojados e confiantes. Em seu anúncio, sofrerão a repressão dos poderosos, que são como que lobos. A pobreza material levava-os a depender da caridade alheia. Como se sabe, nem todos estão dispostos a ajudar. Quem depende de esmolas, está sujeito a toda sorte de ironia, gozações e humilhações, sem contar o risco de sofrer agressões físicas. A recomendação de não escolher casa ou cidade onde entrar – os discípulos deveriam ir a toda cidade e lugar por onde Jesus passaria – obrigava-os a visitar até mesmo povoados hostis, especialmente os situados na região da Samaria.
Lucas destaca por duas vezes a determinação de “entrar” e “comer” nas casas, o que é uma negação dos costumes do Judaísmo de não entrar – e muito menos comer – em casa de gentios.
Se a hospitalidade em uma cidade lhes fosse recusada, eles não teriam o direito de fazer uso da força ou da violência. Bastava-lhes sacudir o pó das sandálias e seguir adiante.
Falando na perspectiva do Reino, a ação missionária oferecida aos setenta e dois discípulos exigia deles que fossem testemunhas do mundo novo proclamado por Jesus. Aí os bens materiais deveriam ser relativizados, não tendo primazia no coração humano. A solidariedade seria um imperativo, e a violência, banida. Por conseguinte, a reação dos apóstolos diante de situações adversas já seria uma ação evangelizadora.
Padre Bantu Mendonça