segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Santo do Dia

Santo Urbano V


O Papa Urbano V assumiu o cargo em 1362, numa época em que a Europa sofria agitações sociais muito intensas. Numa tentativa de manter o pontífice longe das intrigas e das lutas políticas e revolucionárias, que dominavam Roma, a sede da Igreja fôra transferida para Avignon, na França. 

Urbano era monge beneditino e pertencia a uma nobre família francesa. Quando jovem estudou ciências jurídicas e depois lecionou direito em Montpellier e na própria Avignon. Um dia, trocou a laureada toga pelo humilde hábito de monge, chegando a ocupar altos cargos dentro da Ordem beneditina. 

Sua biografia é cheia de adjetivos elogiosos: "professor emérito, estudioso de renome, abade de iluminada doutrina e espiritualidade". Por tudo isso foi escolhido pelo Papa Inocêncio IV para desempenhar missões diplomáticas delicadas. Pelo mesmo motivo, quando Inocêncio morreu, foi eleito seu sucessor, mesmo não sendo cardeal. 

Seu pontificado durou somente oito anos, mas caracterizou-se, segundo os registros oficiais, pela sábia administração, pelo esforço de renovar os costumes e pela nobreza de intenções. Ele reformou a disciplina eclesiástica e reorganizou a corte pontifícia de maneira que fosse um exemplo de vida cristã, cortando pela raiz muitos abusos. Mas também se preocupava com a instrução do povo. Era o período do humanismo e o ex-professor de direito não mediu esforços para promover as ciências e criar novos centros de estudos. A pedido do rei da Polônia, ergueu e fundou a universidade da Cracóvia e, na universidade de Montpellier, fundou um colégio médico, ajudando pessoalmente estudantes pobres. 

No terreno político e militar seu trabalho também foi reconhecido. Organizou uma cruzada contra os turcos muçulmanos que ameaçavam a Europa. No plano missionário, enviou numerosos grupos de religiosos às regiões européias ainda necessitadas de evangelizadores, como a Bulgária e a Romênia. Além de organizar uma expedição missionária para levar a palavra aos mongóis da longínqua Ásia. 

O grande sonho do Papa Urbano V, porém, era levar de volta a sede da Igreja para Roma. Conseguiu isso, em outubro de 1367, sendo recebido com entusiasmada aclamação popular. Foi o primeiro a se estabelecer no palácio ao lado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. E, desde então, se tornou a residência oficial dos pontífices. Mas a paz durou pouco. Alguns anos depois Urbano V foi novamente obrigado a deixar Roma, e voltar para Avignon, onde faleceu em 19 de dezembro de 1370.

Salmo


Salmo (Salmos 70)




Segunda-Feira, 19 de Dezembro de 2011
19 de Dezembro

— Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
— Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.

— Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
— Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo.
— Cantarei vossos portentos, ó Senhor, lembrarei vossa justiça sem igual! Vós me ensinastes desde a minha juventude e até hoje canto as vossas maravilhas.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 1,5-25)




Segunda-Feira, 19 de Dezembro de 2011
19 de Dezembro

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor.7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.
8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido.
11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”.
18Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”.
21O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a sua demora no Santuário.22Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava por sinais e continuava mudo.
23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa.24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!”

- Palavra da Salvação. 

- Glória a vós, Senhor.
comentário
Esta estranha entrada em cena de um ser que se tornará um dos mais importantes da realização dos planos divinos é muito do estilo do Antigo Testamento. Todos os seres vivos deviam ser destruídos pelo dilúvio, mas Noé e os seus foram salvos na arca. Isaac nasce de Sara, já em idade avançada para dar à luz. Davi, jovem e sem técnica de combate, derruba Golias. Moisés, futuro guia do povo de Israel, é encontrado em uma cesta e salvo da morte. Desta maneira, Deus quer destacar que Ele mesmo toma a iniciativa da salvação de Seu povo. O anúncio do nascimento de João é solene. Realiza-se no marco litúrgico do Templo.
Desde a designação do nome do menino: “João” – que significa “Deus é favorável” – tudo é concreta preparação divina do instrumento que o Senhor elegeu. Sua chegada não passará despercebida e muitos se alegrarão com seu nascimento (cf. Lc 1,14); abster-se-á de vinho e bebidas embriagantes, será um menino consagrado e, como prescreve o livro dos Números (6,1), ele não beberá vinho nem licor fermentado. João já traz um sinal de sua vocação de asceta. O Espírito habita nele desde o seio de sua mãe. A sua vocação de asceta une-se à guia de seu povo (cf. Lc 1,17). Precederá o Messias, papel que Malaquias (3,23) atribuída a Elias. Sua circuncisão, fato característico, mostra também a eleição divina: ninguém em sua parentela tem o nome de João (cf. Lc 1,61), mas o Senhor quer que ele seja chamado assim mudando os costumes. O Senhor foi quem o escolheu. É Ele quem dirige tudo e guia o Seu povo.
O nascimento de João é motivo de um admirável poema que, por sua vez, é ação de graças e descrição do futuro papel do menino. A Igreja canta este poema todos os dias – no final das Laudes – reavivando sua ação de graças pela salvação que Deus lhe deu e em reconhecimento porque ele [João] continua mostrando-lhe “o caminho da paz”.
João Batista é sinal da irrupção de Deus em Seu povo. O Senhor o visita, o livra, realiza a aliança que havia prometido. O papel do precursor é muito precioso: prepara os caminhos do Senhor (cf. Is 40,3), dá a Seu povo o conhecimento da salvação. Todo o afã especulativo e contemplativo de Israel é conhecer a salvação, as maravilhas do desígnio de Deus sobre Seu povo. O conhecimento dessa salvação provoca nele a ação de graças, a bênção, a proclamação dos benefícios de Deus que se expressa no “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel”.
Esta é a forma tradicional de oração de ação de graças que admira os desígnios de Deus. Com estes mesmos termos, o servidor de Abraão bendiz a Deus (cf. Gn 24,26). Assim também se expressa Jetro, sogro de Moisés, reagindo ao admirável relato do que Deus havia feito para livrar Israel dos egípcios (cf. Ex 18,10). A salvação é a remissão dos pecados, obra da misericordiosa ternura de nosso Deus (cf. Lc 1,77-78).
João deverá, pois, anunciar um batismo no Espírito para remissão dos pecados. Mas este batismo não terá apenas esse efeito. Será iluminação. A misericordiosa ternura de Deus enviará o Messias que, segundo duas passagens de Isaías (9,1 e 42,7), retomadas por Cristo (cf. Jo 8,12), “iluminará os que jazem entre as trevas e sombra da morte” (Lc 1,79).
O papel de João é o de “preparar o caminho do Senhor”. Ele sabe disso e designa a si mesmo, referindo-se a Isaías (40,3), como a voz que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor”. Mais positivamente ainda, deverá mostrar “Aquele que está no meio dos homens, mas que estes não O conhecem” (cf. Jo 1,26) e a quem chama, quando o vê chegar: “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
João corresponde ao que foi dito e previsto sobre ele. Deve dar testemunho da presença do Messias. O modo de chamá-lo indica o que o Messias representa para ele: Ele é o “Cordeiro de Deus”.
Como João, a Igreja e seus fiéis têm o dever de “não cobrir a luz”, mas de dar testemunho dela (cf. Jo 1,7). A esposa, a Igreja, deve ceder o posto ao Esposo. Ela é testemunho e deve ocultar-se diante d’Aquele a quem testemunha. Papel difícil é o de estar presente no mundo, e firmemente presente até o martírio como João, sem impulsionar uma “instituição” em vez de impulsionar a Pessoa de Cristo. Papel missionário sempre difícil é o de anunciar a Boa Notícia e não uma raça, uma civilização, uma cultura ou um país: “É preciso que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).
Anunciar a Boa Nova e não uma determinada espiritualidade, uma determinada ordem religiosa, uma determinada ação católica especializada. Como João, mostrar a seus discípulos onde está para eles o “Cordeiro de Deus” e não cercá-los como se fôssemos nós a luz que vai iluminá-los. Esta deve ser a minha e a sua meta: apresentar o Cordeiro de Deus aos outros.
Senhor, dai-me a graça de ser uma verdadeira testemunha, a fim de que com palavras e obras eu Vos leve a todos os povos e nações que não Vos conhecem.
Padre Bantu Mendonça