sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Aviso

Salmo

Santo do Dia



                                                                                     São Sérgio

Sérgio, mártir da Cesarea, na Capadócia, por muito pouco não se manteve totalmente ignorado na história do cristianismo. Nada foi escrito sobre ele nos registros gregos e bizantinos da Igreja dos primeiros tempos. Entretanto, ele passou a ter popularidade no Ocidente, graças a uma página latina, datada da época do imperador romano Diocleciano, onde se descreve todo seu martírio e o lugar onde foi sepultado.

O texto diz que no ano 304, vigorava a mais violenta perseguição já decretada contra os cristãos, ordenada pelo imperador Diocleciano. Todos os governadores dos domínios romanos, sob pena do confisco dos bens da família e de morte, tinham de executá-la. Entretanto alguns, já simpatizantes dos cristãos, tentavam em algum momento amenizar as investidas. Não era assim que agia Sapricio, um homem bajulador, oportunista e cruel que administrava a Armênia e a Capadócia, atual Turquia.

A narrativa seguiu dizendo que durante as celebrações anuais em honra do deus Júpiter, Sapricio, estava na cidade de Cesarea da Capadócia, junto com um importante senador romano. Num gesto de extrema lealdade, ordenou que todos os cristãos da cidade fossem levados para diante do templo pagão, onde seriam prestadas as homenagens àquele deus, considerado o mais poderoso de todos, pelos pagãos. Caso não comparecessem e fossem denunciados seriam presos e condenados à morte.

Poucos conseguiram fugir, a maioria foi ao local indicado, que ficou tomado pela multidão de cristãos, à qual se juntou Sérgio. Ele era um velho magistrado, que há muito tempo havia abandonado a lucrativa profissão para se retirar à vida monástica, no deserto. Foi para Cesarea, seguindo um forte impulso interior, pois ninguém o havia denunciado, o povo da cidade não se lembrava mais dele, podia continuar na sua vida de reclusão consagrada, rezando pelos irmãos expostos aos martírios. A sua chegada causou grande surpresa e euforia, os cristãos desviaram toda a atenção para o respeitado monge, gerando confusão. O sacerdote pagão que preparava o culto ficou irado. Precisava fazer com que todos participassem do culto à Júpiter, o qual, segundo ele, estava insatisfeito e não atendia as necessidades do povo. Desta forma, o imperador seria informado pelo seu senador e o cargo de governador continuaria com Sapricio. Mas, a presença do monge produziu o efeito surpreendente de apagar os fogos preparados para os sacrifícios. Os pagãos atribuíram imediatamente a causa do estranho fenômeno aos cristãos, que com suas recusas haviam irritado ainda mais o seu deus.

Sérgio, então se colocou à frente e explicou que a razão da impotência dos deuses pagãos era que estavam ocupando um lugar indevido e que só existia um único e verdadeiro Deus onipotente, o venerado pelos cristãos. Imediatamente foi preso, conduzido diante do governador, que o obrigou a prestar o culto à Júpiter. Sérgio não renegou a Fé, por isto morreu decapitado naquele mesmo instante. Era o dia 24 de fevereiro. O corpo do mártir, recolhido pelos cristãos, foi sepultado na casa de uma senhora muito religiosa. De lá as relíquias foram transportadas para a cidade andaluza de Ubeda, na Espanha.

Evangelho do Dia

 Evangelho  (Mateus 9,14-15) 

Sexta-Feira, 24 de Fevereiro de 2012 
Sexta-feira depois das Cinzas  




— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram:
“Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?”
15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário
“Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então, eles vão jejuar”. Com estas palavras, Jesus não aboliu o jejum nem a oração. Simplesmente Ele quis dizer aos discípulos de João Batista – e todos aqueles que ainda estavam presos ao passado – que jejum é feito em casos específicos, quando queremos servir melhor a Deus, quando estamos passando por tribulações, perseguições, doenças e calamidades, quando há arrependimento dos próprios pecados e os do povo, e pelas conversões em massa.
Aliás, jejum, oração e boas obras são mencionados, frequentemente, por judeus e cristãos. A oração não fica à frente do jejum. Por sinal, o mais completo entendimento sobre a oração é particularmente oferecido em conexão com o ato de jejuar. Quando olhamos o que é dito sobre a oração – e como ela é definida – podemos ver que a ênfase é naturalmente mais no estado do coração e da alma do que no corpo, como possível expressão da oração em geral.
Segundo São João Damasceno, “oração é a subida da mente e do coração de alguém a Deus ou o pedido das boas coisas de Deus”.
Primariamente, a conversa com Deus, como atividade, espiritual é enfatizada. Todavia, há também a prática e a experiência de que não apenas pensamentos, conversas e atos espirituais por si só estão inclusos na oração, mas também o corpo. O ato de orar se torna mais completo por meio do corpo e do movimento que acompanham as palavras do fiel que ora. O corpo e seu movimento tornam a oração mais completa e expressiva para que ela possa, mais facilmente, envolver a pessoa por inteiro.
O jejum físico torna a oração mais completa. Uma pessoa que jejua reza melhor e uma pessoa que reza, jejua mais facilmente. Desta forma, a oração não permanece somente numa expressão ou palavras, mas envolve o ser humano por inteiro.
Uma pessoa experimenta sua impotência mais facilmente quando jejua, por isso, por meio do jejum físico, a alma está mais aberta a Deus. Sem jejum nossas palavras permanecem sem uma fundação verdadeira na oração. No Antigo Testamento, os crentes jejuavam e rezavam individualmente, em grupos e em várias situações da vida. Por causa disso, eles sempre experimentavam a ajuda de Deus. Jesus confere uma força especial a quem jejua e ora, especialmente na batalha contra os espíritos do mal.
O jejum é um tipo de penitência, na qual abrimos mão de algo que nos agrada e oferecemos esse “sacrifício” por alguma boa intenção. Aqui destacamos um detalhe: só Deus precisa saber desse jejum. Não é preciso sair por aí se “gabando” de jejuar ou se mostrando abatido por causa de sua abstinência. Pelo contrário, o verdadeiro jejum é feito às escondidas para que somente o nosso Deus, “que vê o que está escondido”, tome conhecimento.
No Evangelho de hoje, Jesus justificou que os Seus discípulos não estavam em jejum, porque Ele próprio estava presente e isso era motivo de festa. E festa não combina com jejum. Chegaria o dia em que Jesus não estaria mais com eles, daí, sim, eles jejuariam.
Querendo, pois, fazer uma caminhada de penitência, sigamos o Senhor. Hoje é o dia, esta é a hora da prática do jejum. Abrindo mão de certos prazeres – ou até oferecendo as nossas dores e sofrimentos a Deus – a fim de que Ele amenize o nosso sofrimento ou de outras pessoas.
Padre Bantu Mendonça