quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Salmo

Reflexão

AJUDA DIVINA
   
    O rio subia e subia, inundando as casas até o teto; a Defesa Civil, a Cruz Vermelha e o Exército tentavam resgatar a quantos podiam.
    —Suba à lancha, senhor — dizem a uma pessoa que estava no alto de um teto, com a água na cintura.
    —Não, não faz falta, eu não necessito ajuda humana porque tenho muita fé e por isso meu Deus vai me salvar.
    —Deixe de bobagem  e suba à lancha rápido, que não temos muito tempo, porque há muitos mais a quem resgatar.
    —NÃO! Eu tenho muita fé e meu Deus vai me resgatar.
    Os que estão na lancha vêem que o homem está irredutível e como há tantas outras pessoas a quem ajudar, decidem ir embora.
    A água continua subindo, a corrente ameaça arrancar a nosso religioso homem daquele teto e levá-lo; ele se aferra ao teto com as unhas. Nisso se aproxima um helicóptero e do alto estendem-lhe uma escadinha.
    — SUBA! VENHA PARA CIMA! — dizem-lhe em voz alta.
    — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE TENHO MUITA FÉ QUE MEU DEUS VAI ME SALVAR!
    O helicóptero vai resgatar outros. A corrente acaba levando o homem rio abaixo, porém do alto de uma ponte lhe jogam uma corda.
    — EU NÃO NECESSITO AJUDA HUMANA PORQUE... — etc., etc.
    O homem se afoga. Ao chegar ao céu, indignado, vai pedir contas a Deus:
    — Muito bonito, eu dizendo como um idiota que o senhor iria me ajudar, e nada! É esse seu amor por seus filhos? É assim que desampara a quem tem fé em Ti?
Deus se irrita e responde:
"ESCUTA-ME BEM, MAL-AGRADECIDO!
PORQUE TENS FÉ EM MIM TE MANDEI
UM BOTE, UM HELICÓPTERO E UMA CORDA,
E TUDO RECHAÇASTE.
QUE QUERIAS, QUE EU FOSSE EM PESSOA BUSCAR-TE?".
  

Santo do Dia


São Cláudio Colombiere

Cláudio Colombiere nasceu próximo de Lion, na França, no dia 02 de fevereiro de 1641. Seus pais faziam parte da nobreza reinante, com a família muito bem posicionada financeiramente e planejavam dedicá-lo ao serviço de Deus, mas ele era totalmente avesso a essa idéia. 

Com o passar do tempo acaba por se render ao modo de vida e filosofia dos jesuítas de Lion, onde segue com seus estudos. De lá passa a Avinhon e depois a Paris e, três anos depois, é ordenado sacerdote. Em 1675, emite os votos solenes da Companhia de Jesus e vai dirigir a pequena comunidade da Ordem, em Parai-le-Monial. 

Padre Cláudio foi nomeado confessor do mosteiro da Visitação onde encontra uma irmã de vinte e oito anos, presa ao leito devido às fortes dores reumáticas. A doente era Margarida Maria Alacoque, uma figura de enorme poder espiritual, que influenciava a todos que se aproximavam. Margarida Alacoque revelava o incrível poder e a veneração ao Sagrado Coração de Jesus, símbolo da Humanidade e do amor infinito do Cristo. Os devotos do Sagrado Coração são tomados como adoradores de ídolos e atacados, de vários lados, com duras palavras e ameaças. 

Nesta cidade, padre Cláudio é um precioso guia para tantos cristãos desorientados. Mas, em 1674 é enviado a Londres como capelão de Maria Beatriz D'Este, mulher de Carlos II, duque de York e futuro rei da Inglaterra. Naquela época, a Igreja Católica era perseguida e considerada fora da lei na Inglaterra. Entretanto, como padre Cláudio celebrava a Eucaristia numa pequena capela, acaba sendo procurado por muitos cristãos, irmãs clandestinas e padres exilados, todos desejosos de escutar seus conselhos. 

Outro acontecimento muda completamente a sua vida. Ele é enviado como missionário às colônias inglesas da América. Depois de dezoito meses de sua chegada, foi acusado de querer restaurar a Igreja de Roma no reino e vai preso. Porém, como é um protegido do rei da França, não permanece no cárcere e é expulso. 

Mais uma vez padre Cláudio Colombiere retorna à França, em 1681. Entretanto, já se encontrava muito doente. Seu irmão ainda tentaria levá-lo a regiões onde o ar seria mais saudável. Mas ele não desejava partir, pois havia recebido um bilhete de Margarida Alacoque que dizia: "O Senhor me disse que sua vida findará aqui". Três dias depois ele morre em Parai-le-Monial e seu corpo fica sepultado na Companhia de Jesus, sob a guarda dos padres jesuítas. Era o dia 15 de fevereiro de 1683. 

Evangelho do Dia


Evangelho  (Marcos 8,22-2) 


Quarta-Feira, 15 de Fevereiro de 2012                                                                                                      6ª Semana Comum



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele.
23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”
24O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25Então Jesus voltou a pôr as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário

Na umidade interior da boca, a saliva tem – como a água – grande importância, porque une e dissolve os alimentos, pode curar ou corromper, suavizar ou insultar violentamente quando transformada em cuspe. O órgão da saliva é a língua, como na relação entre a lágrima e os olhos. A língua, como um pequeno leme, governa nossa embarcação; ela é fértil, e seu fruto maduro e criativo é a palavra.
Para despertar a Palavra, para libertar o Verbo, Jesus empregará Sua saliva sob os olhos daquele cego. Para impedir a Palavra e aniquilar o Verbo, cuspiram sobre o rosto de Jesus.
Língua e saliva. Como órgão do paladar e do gosto, a língua é símbolo do discernimento. Ela separa o bom do ruim, distingue, aparta e isola como um chicote, uma faca ou espada.
A língua é considerada uma chama, cuja forma e mobilidade é como o fogo que destrói e purifica. Como instrumento da palavra, a língua edifica e arrasa. Comparada ao fiel de uma balança, a língua julga. Comparada a um pequeno leme, dirige o navio inteiro. A língua é como o fogo, o único animal que ninguém consegue dominar (cf. Tg 3,2-12). Na maioria das vezes, o termo significa a própria palavra. Quando a palavra língua é empregada sem qualificativo, em geral designa a má língua. Como você tem utilizado a sua língua?
Na Bíblia, a saliva evoca a vida, a cura e a salvação. Tocados pela saliva, os cegos veem, surdos ouvem e mudos falam. Ao promover com os dentes e a língua uma intimidade da pessoa com o alimento – por todos os critérios de reconhecimento derivados do paladar -, a saliva fala do nosso desejo de um sustento espiritual, de alimentar-se do divino.
A saliva de Jesus é muito mais do que simplesmente um líquido transparente e insípido, segregado pelas glândulas salivares na base da língua que serve para fluidificar os alimentos, facilitar sua ingestão e digestão. A saliva de Jesus cura e liberta.
Associada aos alimentos, a saliva serve para uni-los e dissolvê-los, pode curar ou corromper, suavizar ou ofender. Cuspir no rosto é um gesto grave com consequências na tradição judaica. Quem cospe em alguém não foi capaz de reter sua ira, seu ódio e transforma sua saliva luminosa em cuspe, em “não luz”. Na Bíblia, cuspir no rosto de alguém é uma suprema vergonha, punida de lepra (cf. Nm 12,14).
O tema da cegueira é bastante central na missão de Jesus. Não há dúvida de que, entre as curas, as mais relevantes devolveram a visão aos cegos. Na tradição judaica, “abrir os olhos” era a cura messiânica por excelência, o sinal para a identificação do verdadeiro Messias, segundo a tradição profética.
Quem se encontra na cegueira não vê nada. Só é possível ver quando se é tocado pela saliva e pela Palavra de Jesus Cristo, pela fertilidade da Água Viva.
Somos vitimados pelas mais diversas cegueiras. Não vemos nem sequer a maior das certezas: a realidade da morte fruto do pecado. E vivemos muitas vezes como se fôssemos “imortais”. O mistério da vontade divina é o seu desejo de salvação para todos (cf. Ef 1,9).
Somos cegos e devemos aceitar nossa condição humana: não vemos a luz. Aceitar também, sem contestação, que o sopro e a Palavra de Jesus, que estão por detrás da saliva, habitem nosso pó, sinais da presença de Cristo, de nossa divinização e da fonte da nossa salvação. Jesus, ao cuspir e passar a saliva nos olhos do homem, ao pôr a mão sobre ele e perguntar se ele via alguma coisa, nos convida a mergulhar em nossa condição humana e suas racionalidades com uma nova consciência. Só n’Ele, por Ele e com Ele conseguimos enxergar perfeitamente o caminho que nos leva ao Pai.
Agora lavados com e pela saliva de Jesus, temos os nossos olhos abertos. Vemos, sabemos e conhecemos o que nos pode matar. E para tal já não podemos voltar para o povoado. Povoado, aqui, quer dizer voltar para a vida de pecado que gera a nossa morte e a perdição dos nossos.
Padre Bantu Mendonça