— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava. 
56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam  os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua  veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.
- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
Depois dos discípulos terem acolhido o convite do  Mestre,  abandonaram a casa de Simão e partiram para outras regiões da   redondeza. E, no Evangelho de hoje, vemos os discípulos fazendo a   travessia do mar da Galileia com seu próprio barco e desembarcando em  Genesaré. E logo o povo reconhece a Jesus.
O  povo vai “em massa” atrás de Cristo. Eles vêm de todos os lados,   carregando seus doentes e buscando ajuda. O que chama a atenção é o  entusiasmo do povo  que reconhece Jesus e vai atrás d’Ele. O que move  essas pessoas nesta busca ao Senhor  não é somente o desejo de se  encontrarem com Ele, de estarem com Ele, mas também  o desejo de obterem  a cura das suas doenças e a solução de seus problemas.
A salvação é dirigida a essa multidão formada por gentios e judeus   marginalizados. São os moradores dos povoados, cidades e campos por onde   Jesus andava com Seus discípulos. O Messias realiza a Sua missão,   sobretudo, entre as camadas mais sofredoras e abandonadas do povo,   constituindo-se, assim, na única esperança dessa gente.
O  enfoque é a presença física e libertadora de Jesus. As curas são   conseguidas com o toque, ao menos na franja do manto d’Ele. A doença   generalizada é fruto das barreiras e exclusão. A cura resulta da  libertação da exclusão e é fruto da acolhida.
Assim como, fisicamente, o  pão foi partilhado, o mesmo vale  para o corpo. A comunicação não se faz  apenas pela palavra. Faz-se  também pela partilha do corpo. A presença  física, o toque, o abraço, o  sorriso acolhedor, o olhar compreensivo e  atento e a compaixão  complementam a força comunicadora da Palavra que liberta.
Desde  o começo da Sua atividade missionária, Jesus anda por todos os  povoados  da Galileia para falar ao povo sobre o Reino de Deus, que  estava chegando  (cf. Mc 1,14-15). Onde encontra gente para escutá-Lo,  Ele fala e transmite a  Boa Nova de Deus, acolhe e cura os doentes, em  qualquer lugar: nas  sinagogas durante a celebração da Palavra aos  sábados (cf. Mc 1,21; 3,1;  6,2); em reuniões informais na casa de  amigos (cf. Mc 2,1.15; 7,17; 9,28;  10,10); andando pelo caminho com os  discípulos (cf. Mc 2,23); ao longo do  mar na praia, sentado num barco  (cf. Mc 4,1); no deserto para onde se  refugiou e onde o povo O  procurava (cf. Mc 1,45; 6,32-34); na montanha, de  onde proclamou as  bem-aventuranças (cf. Mt 5,1); nas praças das aldeias e  cidades, onde  povo carregava seus doentes (cf. Mc 6,55-56); no Templo de  Jerusalém,  por ocasião das romarias, diariamente, sem medo (cf. Mc 14,49).
Curar e ensinar, ensinar e curar era o que Jesus mais fazia (cf. Mc  2,13;  4,1-2; 6,34). Era o costume d’Ele (cf. Mc 10,1). O povo ficava  admirado (cf. Mc  12,37; 1,22.27; 11,18) e O procurava em grande número.
Na  raiz desse grande entusiasmo do povo estavam, de um lado, o  próprio Cristo, que chamava e atraía e, de outro lado, o abandono do  povo, que era  como 
“ovelha sem pastor” (cf. Mc 6,34). Em  Jesus, tudo era revelação  daquilo que O animava por dentro. Ele não só  falava sobre Deus, mas  também O revelava. Comunicava algo que Ele mesmo  vivia e  experimentava.
O Senhor não somente anunciava a Boa Nova do Reino, Ele mesmo era   uma amostra, um testemunho vivo do Reino. N’Ele aparecia aquilo que   acontece quando um ser humano deixa Deus reinar e tomar conta de sua   vida. O que vale não são só as palavras, mas também e, sobretudo, o   testemunho, o gesto concreto.
Pela  fé, todos nós esperamos e sonhamos com o Reino de Deus, como um  novo  tempo, onde não haverá mais dor nem lágrimas. Ao curar muitas  pessoas, Jesus  mostra que Deus Pai reprova tudo o que faz o ser humano  sofrer. Mergulhemos  na certeza de que a nossa missão é seguir os passos  do Mestre para  construir este “novo tempo” entre nós.
Padre Bantu Mendonça