terça-feira, 1 de maio de 2012

Santo do Dia

                                                                                         


                                                                                           São José Operário
Basta traçar um paralelo entre a vida cheia de sacrifícios de são José, que trabalhou a vida toda para ver Nosso Senhor Jesus Cristo dar a vida pela humanidade, e a luta dos trabalhadores do mundo todo, pleiteando respeito a seus direitos mínimos, para entender os motivos que levaram o papa Pio XII a instituir a festa de "São José Trabalhador", em 1955, na mesma data em que se comemora o dia do trabalho em quase todo o planeta. 

Foi no dia 1o de maio de 1886, em Chicago, maior parque industrial dos Estados Unidos na época, que os operários de uma fábrica se revoltaram com a situação desumana a que eram submetidos e pelo total desrespeito à pessoa que os patrões demonstravam. Eram trezentos e quarenta em greve e a polícia, a serviço dos poderosos, massacrou-os sem piedade. Mais de cinqüenta ficaram gravemente feridos e seis deles foram assassinados num confronto desigual. Em homenagem a eles é que se consagrou este dia. 

São José é o modelo ideal do operário. Sustentou sua família durante toda a vida com o trabalho de suas próprias mãos, cumpriu sempre seus deveres para com a comunidade, ensinou ao Filho de Deus a profissão de carpinteiro e, dessa maneira suada e laboriosa, permitiu que as profecias se cumprissem e seu povo fosse salvo, assim como toda a humanidade. 

Proclamando são José protetor dos trabalhadores, a Igreja quis demonstrar que está ao lado deles, os mais oprimidos, dando-lhes como patrono o mais exemplar dos seres humanos, aquele que aceitou ser o pai adotivo de Deus feito homem, mesmo sabendo o que poderia acontecer à sua família. José lutou pelos direitos da vida do ser humano e, agora, coloca-se ombro a ombro na luta pelos direitos humanos dos trabalhadores do mundo, por meio dos membros da Igreja que aumentam as fileiras dos que defendem os operários e seu direito a uma vida digna. 

Muito acertada mais esta celebração ao homem "justo" do Evangelho, que tradicional e particularmente também é festejado no dia 19 de março, onde sua história pessoal é relatada.

Evangelho do Dia


Evangelho (Mateus 13,54-58)

Terça-Feira, 1 de Maio de 2012
São José Operário



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 54dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres?55Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? 56E suas irmãs não moram conosco? Então, de onde lhe vem tudo isso?” 57E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” 58E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário

Os conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre, rodeado de discípulos. É uma novidade que interpretam somente como vantagem social. Isso os impede de acolher a Palavra de Deus, a explicação das Escrituras e a Sua revelação como o Ungido de Deus. Vista a posição de Jesus neste prisma, cria-se neles a impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez na sua pobreza.
É que no tempo de Jesus o Judaísmo tinha suas esperanças na vinda de um Messias que restauraria o antigo império de Davi – glorioso – segundo dizia a tradição. Estas esperanças tinham suas raízes na “teologia de poder” elaborada na corte dos descendentes de Davi, através da qual visavam recuperar seu poder e seus privilégios.
Na realidade a realeza, consolidada por Davi, distorceu o ideal de igualdade e partilha característico da tradição de Moisés. O projeto de Deus não é o de consolidar as estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais de fraternidade e partilha. Este projeto nasce no meio do povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galileia, na casa de um simples carpinteiro, José.
Este projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de Nazaré. Jesus reconhecidamente tem sabedoria e força de comunicação. Mas sua origem humilde choca as pessoas submetidas à ideologia de poder do Judaísmo.
Rejeitado por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida entre os pobres e pequeninos que lutam para se verem livres da humilhação, da escravidão, das injustiças sociais, das drogas, da prostituição, da luxúria, da criminalidade, da violência e de todo tipo de pecado. Mas isso, não se faz sem trabalho. É preciso passar pela escola da humildade, da simplicidade e da força de vontade. E a melhor escolinha é aquela de José, na humilde Nazaré.
Somos convidados a olhar para José, homem justo, que tirava de seu trabalho na carpintaria o sustento honesto de sua vida. Lançando o olhar para os nossos dias, notamos uma grande distância dos homens entre si, por causa do avanço da ciência e da técnica. A técnica traz seus benefícios mas, às vezes, não só substitui o trabalhador, como até o escraviza ou – pior ainda – o neutraliza.
Para o mundo digital, quem não se desenvolve no manejo da ciência e da técnica é excluído. A pessoa passa para um segundo plano porque as relações que marcam o mundo do mercado do trabalho são as da produção, do aumento do lucro, e não a vida e a dignidade da pessoa.
Na última parte do texto de hoje, Jesus nos dá um “puxão de orelha”, porque muitas vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a advertência e o ensino daqueles que são nossos parentes, familiares, vizinhos ou conhecidos. E, por outro lado, Ele encoraja-nos a não desistirmos em nossa missão de anunciar o Reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é árdua. Sobretudo, quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa. Para Jesus também não foi fácil ser profeta na sua casa, na sua família. As pessoas duvidavam d’Ele, não queriam acreditar no Seu poder e, por isso mesmo, Ele não fez ali muitos milagres.
Jesus é Aquele irmão que Deus, nosso Pai, enviou para mostrar o caminho que nos leva ao Céu. Diante disso precisamos estar atentos para acolher as pessoas que, dentro da nossa casa, nos abrem os olhos e são instrumentos de Deus para a nossa conversão. Ouvidos atentos e coração aberto, porque o Senhor fala por meio de quem nós nunca nem esperávamos que Ele falasse.
Muitas vezes Deus nos manda Seus emissários que nos aconselham com palavras de sabedoria que Ele próprio sugeriu a nós. Porém, por ser essa pessoa simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós desprezamos as recomendações de Deus. Nesse caso, os milagres também não acontecem na nossa vida, e muitos problemas nunca serão solucionados por causa da nossa impertinência.
Abertos ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao Reino dos Céus, sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos nossos. Nesta data em que comemoramos o Dia Mundial do Trabalho com júbilo e fé, peçamos a Deus o dom da compreensão do Seu Projeto e aprendamos, com São José Operário, o sentido do trabalho para as nossas vidas e famílias e as virtudes da justiça, da honestidade, da simplicidade e da humildade.
São José Operário, rogai por nós!
Padre Bantu Mendonça