quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Frases cristãs

"Quando a alma se acha livre e purificada de tudo, em união com Deus, nenhuma coisa poderá aborrecê-la. Daqui se origina para ela, neste estado, o gozo de uma contínua vida 
e tranqüilidade, que ela nunca perde nem jamais lhe falta." (São João da Cruz)






"Tal é a alma que está enamorada de Deus. Não pretende vantagem ou prêmio algum a não ser perder tudo e a si mesma, voluntariamente, por Deus, e nisto encontra todo seu lucro." (São João da Cruz)

Santo do Dia

São João da Cruz

Seu nome de batismo era Juan de Yepes. Nasceu em Fontivaros, na província de Ávila, Espanha, em 1542, talvez em 24 de junho. Ainda na infância, ficou órfão de pai, Gonzalo de Yepes, descendente de uma família rica e tradicional de Toledo. Mas, devido ao casamento, foi deserdado da herança. A jovem, Catarina Alvarez, sua mãe, era de família humilde, considerada de classe "inferior". Assim, com a morte do marido, que a obrigou a trabalhar, mudou-se para Medina, com os filhos.

Naquela cidade, João tentou várias profissões. Foi ajudante num hospital, enquanto estudava gramática à noite num colégio jesuíta. Então, sua espiritualidade aflorou, levando-o a entrar na Ordem Carmelita, aos vinte e um anos. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de completar seus estudos de filosofia e teologia. Mesmo dedicando-se totalmente aos estudos, encontrava tempo para visitar doentes em hospitais ou em suas casas, prestando serviço como enfermeiro.

Ordenou-se sacerdote aos vinte e cinco anos, mudando o nome. Na época, pensou em procurar uma Ordem mais austera e rígida, por achar a Ordem Carmelita muito branda. Foi então que a futura santa Tereza de Ávila cruzou seu caminho. Com autorização para promover, na Espanha, a fundação de conventos reformados, ela também tinha carta branca dos superiores gerais para fazer o mesmo com conventos masculinos. Tamanho era seu entusiasmo que atraiu o sacerdote João da Cruz para esse trabalho. Ao invés de sair da Ordem, ele passou a trabalhar em sua reforma, recuperando os princípios e a disciplina.

João da Cruz encarregou-se de formar os noviços, assumindo o cargo de reitor de uma casa de formação e estudos, reformando, assim, vários conventos. Reformar uma Ordem, porém, é muito mais difícil que fundá-la, e João enfrentou dificuldades e sofrimentos incríveis, para muitos, insuportáveis. Chegou a ser preso por nove meses num convento que se opunha à reforma. Os escritos sobre sua vida dão conta de que abraçou a cruz dos sofrimentos e contrariedades com prazer, o que é só compreensível aos santos. Aliás, esse foi o aspecto da personalidade de João da Cruz que mais se evidenciou no fim de sua vida.

Conta-se que ele pedia, insistentemente, três coisas a Deus. Primeiro, dar-lhe forças para trabalhar e sofrer muito. Segundo, não deixá-lo sair desse mundo como superior de uma Ordem ou comunidade. Terceiro, e mais surpreendente, que o deixasse morrer desprezado e humilhado pelos seres humanos. Para ele, fazia parte de sua religiosidade mística enfrentar os sofrimentos da Paixão de Jesus, pois lhe proporcionava êxtases e visões. Seu misticismo era a inspiração para seus escritos, que foram muitos e o colocam ao lado de santa Tereza de Ávila, outra grande mística do seu tempo. Assim, foi atendido nos três pedidos.

Pouco antes de sua morte, João da Cruz teve graves dissabores por causa das incompreensões e calúnias. Foi exonerado de todos os cargos da comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono. Faleceu após uma penosa doença, em 14 de dezembro de 1591, com apenas quarenta e nove anos de idade, no Convento de Ubeda, Espanha.

Deixou como legado sua volumosa obra escrita, de importante valor humanístico e teológico. E sua relevante e incansável participação como reformador da Ordem Carmelita Descalça. Foi canonizado em 1726 e teve sua festa marcada para o dia de sua morte. São João da Cruz foi proclamado doutor da Igreja em 1926, pelo papa Pio XI. Mais tarde, em 1952, foi declarado o padroeiro dos poetas espanhóis.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 7,19-23)




Quarta-Feira, 14 de Dezembro de 2011
São João da Cruz

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor. 

Naquele tempo, João convocou dois de seus discípulos, 19e mandou-os perguntar ao Senhor: És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?” 20Eles foram ter com Jesus, e disseram: “João Batista nos mandou a ti para perguntar: ‘És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?’” 21Nessa mesma hora, Jesus curou de doenças, enfermidades e espíritos malignos a muitas pessoas, e fez muitos cegos recuperarem a vista. 22Então, Jesus lhes respondeu: “Ide contar a João o que vistes e ouvistes: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, e a boa nova é anunciada aos pobres. 23É feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Breve comentário
João Batista é um crente em Deus, que vive para Ele, sempre aberto, disponível às Suas iniciativas. Por isso, sabe reconhecê-Lo no misterioso Homem da Galileia que vem se fazer batizar por ele, no Jordão: Jesus de Nazaré.
Contudo, na escuridão da prisão de Herodes, João Batista é invadido pelo medo, pela tristeza, pela dúvida: “Ter-me-ei enganado ao ver em Jesus o Cordeiro de Deus?” Mas a sua fé é grande. Em vez de pô-la em discussão, manda embaixadores a Jesus, pedindo luz para compreender a situação. Torna-se, pois, ainda mais pobre, fazendo-se a simples interrogação: “És Tu o que está para vir, ou devemos esperar outro?”
Jesus responde aos embaixadores apontando as obras que anda a fazer. Não apenas os milagres que dão testemunho d’Ele, mas o que eles significam. São sinais de que começou uma nova humanidade, que sabe acolher a Palavra de Deus, ver as maravilhas que Ele faz e caminhar pelos Seus caminhos: “a Boa Nova é anunciada aos pobres”.
O estilo paradoxal da ação de Deus – em Jesus – não escandalizará um pobre prisioneiro, como é João. Pelo contrário, torná-lo-á muito “feliz”. Embora tenha anunciado a vinda de Jesus, o próprio João Batista teve dificuldade de reconhecê-Lo. Com a chegada do Messias, o mundo não se acabou, como proclamava João. Ele não se apresentou como um juiz severo, como fora anunciado; antes se caracterizou por Sua mansidão e humildade de coração.
Sua pregação não visava incutir medo e levar à conversão a qualquer custo, mas tentava avivar a chama do amor no coração dos pobres e sofredores. Além do mais, João estava no cárcere, e Jesus não o havia libertado, como se esperava do Messias, libertador dos prisioneiros. Eis porque sentiu a necessidade de mandar seus discípulos para interrogarem a Jesus sobre Sua identidade.
A resposta de Cristo colocou João e Seus discípulos diante de um exercício de discernimento. Eles foram confrontados com os gestos prodigiosos de Jesus e tinham o testemunho da cura de cegos, coxos, leprosos, surdos e de mortos que haviam sido ressuscitado. Enfim, os pobres estavam sendo evangelizados. Interpretando estas ações de Jesus, a partir de textos dos antigos profetas, não era possível pôr em dúvida a condição d’Ele de Messias. Todo o agir do Senhor inspirava-se nas profecias messiânicas e Seus gestos comprovavam Sua identidade. Diante dos milagres de Jesus Nazareno, era necessário, porém, ter a coragem de reconhecer sua condição de Filho de Deus.
“Destilai, ó céus, lá das alturas o orvalho, e que as nuvens façam chover a justiça”. Isaías oferece-nos, hoje, uma aclamação que traduz perfeitamente o estado de alma de quem vive o Advento. Por isso é que a Igreja a repete tantas vezes na sua oração durante esse tempo litúrgico. O profeta manifesta o desejo de uma intervenção divina, porque está convencido de que a justiça e a salvação só podem vir de Deus. Ao contrário de tantos outros textos, nos quais a intervenção de Deus é comparada a uma tremenda batalha contra os maus, aqui é comparada a um calmo e benéfico orvalho, ao mistério de uma chuva fecunda.
São imagens adequadas ao mistério da Encarnação, que não se realizou de modo estridente, mas com infinita discrição, na “sombra” do Espírito Santo. À intervenção divina deve corresponder a nossa discreta disponibilidade: “Abra-se a terra!” E a terra abriu-se, quando a Virgem de Nazaré deu o seu “sim”: “Eis a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
O Evangelho de hoje apresenta-nos João rendido a Cristo, dando testemunho d’Ele com a sua vida. João é também “terra aberta” ao Verbo de Deus feito Homem, um verdadeiro disponível, um verdadeiro “pobre de Deus”, a quem Jesus proclama bem-aventurado. O Batista é a imagem do crente que caminha na paciência e que está sempre disponível a reformular as suas expectativas diante do imprevisível estilo da vinda de Deus. Assim, vai aprofundando sua esperança até o supremo testemunho do sangue.
João Batista ensina-nos que, mesmo a fé mais forte e sincera, pode coexistir com a dúvida e que a maneira de vencer essa dúvida é a oração. Renunciando a pôr em causa a promessa de Deus e revendo os nossos modos limitados de ver a promessa divina e de esperar a sua realização, encontramos a paz.
Padre Bantu Mendonça