quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Maria Santíssima


A maioria do povo eleito tinha uma idéia completamente errônea da genuína missão do Messias. Vivendo num país pequenino e dominado pelos romanos, ansiava pela vinda do SALVADOR que o viesse libertar do jugo estrangeiro.

         Havia, porém, um pequeníssimo número de almas privilegiadas, conhecedoras, através dos livros Sagrados, da missão sofredora e redentora do MESSIAS, que os libertaria da escravidão do demônio e dos pecados.

         Entre essas almas santas, ocupava o primeiro lugar a Santíssima Virgem de Nazaré. Escolhida desde a eternidade para MÃE do Senhor, Imaculada desde a Sua Conceição e preparada, com a Plenitude de todas as Graças e Dons do Divino ESPÍRITO SANTO, para ser digna Morada do Verbo Eterno, devia conhecer, pelo menos em linhas gerais, o futuro do FILHO e o Seu próprio futuro. Embora Seu conhecimento no Dia da Anunciação não fosse detalhado e minucioso, contudo havia de ser suficiente para que o Seu Sim à Encarnação do REDENTOR, fosse espontâneo, livre e consciente.

         O Arcanjo São Gabriel Lhe oferece, em Nome de DEUS, para ser ELA a MÃE do DEUS-MESSIAS prometido e REDENTOR do gênero humano: e Lhe pede Seu livre consentimento.Neste momento DEUS LHE pede para ser a Mãe do REDENTOR! SER MÃE do REDENTOR;porém, não consistia só em Concebê-Lo, Gerá-Lo e Alimentá-Lo, mas também em Acompanhá-Lo, em perfeita comunhão de sentimento e dores, até a completa consumação da Obra Redentora.

Ao aceitar a oferta e pronunciar as palavras: “Eis aqui a escrava do SENHOR, faça-se em MIM segundo a tua palavra”, MARIA Santíssima aceita ser Mãe do REDENTOR e também todas as conseqüências sofredoras que esta Sua posição central, nos mistérios da redenção humana, Lhe há de trazer.

         O VERBO Eterno ao assumir a natureza humana no Seio Castíssimo da Virgem, dá o primeiro passo como REDENTOR do gênero humano, e, MARIA Santíssima ao tornar-se, por Sua livre vontade, MÃE do SALVADOR, dá o primeiro passo como Co-Redentora do gênero humano. Quando termina a Virgem Santíssima as palavras do “Fiat”, o VERBO se faz Carne, entra no mundo, e no mesmo instante faz a oferta inicial de toda a Sua vida, dizendo: “Não quiseste sacrifício nem oblação mas ME formaste um Corpo. Holocaustos e sacrifícios pelo pecado não te agradam. Então EU disse: Eis que venho (porque é de MIM que está escrito no rolo do livro), venho ó DEUS, para fazer a TUA vontade. (Sal. 39,7 ss). (Hb.10, 5-7)

         MÃE e FILHO, portanto, no momento da Encarnação se ligam eternamente à Vontade soberana do PAI. Cumprir esta vontade à risca, eis o programa de vida do FILHO e da MÃE. Mais tarde dirá CRISTO a Seus discípulos que LHE ofereciam comida: “...Tenho um alimento para comer que não conheceis... Meu alimento é fazer a Vontade d’Aquele que Me enviou, e cumprir a Sua Obra”. (Jo. 4, 32-34)

         Mesmo do alto do Calvário, cravado cruelmente à Cruz, moribundo, entrega a Sua Alma ao PAI depois do “Consummatum est” “Tudo está consumado” (Jo. 19,30), isto é, depois de ter verificado que a Vontade de DEUS fora integralmente cumprida, desde o instante da Encarnação até ao derradeiro momento da última gota de Sangue, do último suspiro. Assim também ocorreu com a Santíssima Virgem.

         O “Fiat” pronunciado no Dia da Anunciação, será o único e total programa de Sua Vida. Sim, palavra singela, o “Fiat”, mas que significa e exprime a mais absoluta entrega e sujeição de todo o Ser e viver da Virgem à Vontade de DEUS. Sim, palavra humilde, o “Fiat”, mas que deu inicio à maior Obra jamais realizada pelo próprio DEUS. Sim, palavra brevíssima, o “Fiat”, mas que não o esquecerão nem o rolar dos séculos, nem o passar da eternidade. O “Fiat” acompanhará sempre a Virgem Santíssima, num crescendo vertiginoso, até alcançar o seu auge, na hora suprema da consumação do Sacrifício da Cruz.

         Em relação ao Mistério da Anunciação, os santos padres e doutores da Igreja freqüentemente fazem a comparação entre Eva e MARIA e, chamam MARIA Santíssima de Nova Eva, seguindo o exemplo de São Paulo que chama a CRISTO de Novo Adão.

         Santo Ireneu, séc. II, opondo MARIA a EVA, diz: “Assim como por uma virgem desobediente foi o homem ferido, caiu e morreu, assim também por meio de uma Virgem obediente à Palavra de DEUS, o homem recobrou a vida. Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em CRISTO, e que Eva fosse restaurada em MARIA, a fim de que uma Virgem apagasse e abolisse pela Sua obediência virginal a desobediência de uma virgem.“ (Ir. Demonstr. Apost. Praed., Vers. Weber, pg. 59-60).

         O mesmo pensamento, em torno de MARIA, a Nova EVA, é admiravelmente exposto, pelo grande Santo Efrem, quando afirma:
         “O Anjo desceu dos Céus e falou à Virgem Santíssima: começou-se a tratar da reconciliação, encaminhou-se o tratado de paz. Em vez da serpente apresentou-se Gabriel, e em vez de Eva, a Virgem MARIA. Com as palavras que dirigiu a MARIA, Gabriel desfez as palavras que o execrável homicida dirigiu à virgem Eva. Eva assinou a escritura da dívida, a Santíssima Virgem pagou a dúvida. Eva tinha caído, MARIA Santíssima levantou-a de novo.” (Ephr. Lamy. 3, 976-978).
            
                Da leitura das Sagradas Escrituras

 Nas Sagradas Escrituras devemos buscar a verdade, e não a eloqüência. Todo livro sagrado deve ser lido com o mesmo espírito que o ditou. Nas Escrituras devemos antes buscar nosso proveito que a sutileza da linguagem. Tão grata nos deve ser a leitura dos livros simples e piedosos, como a dos sublimes e profundos. Não te mova a autoridade do escritor, se é ou não de grandes conhecimentos literários; ao contrário, lê com puro amor a verdade. Não procures saber quem o disse; mas considera o que se diz.
  Os homens passam, mas a verdade do Senhor permanece eternamente (Sl 116,2)De vários modos nos fala Deus, sem acepção de pessoa. A nossa curiosidade nos embaraça, muitas vezes, na leitura das Escrituras; porque queremos compreender e discutir o que se devia passar singelamente. Se queres tirar proveito, lê com humildade, simplicidade e fé, sem cuidar jamais do renome de letrado. Pergunta de boa vontade e ouve calado as palavras dos santos; nem te desagradem as sentenças dos velhos, porque eles não falam sem razão. 

                                             (Imitação de Cristo)

Santo do Dia Santo Evaristo

                                                         Santo Evaristo
No atual Anuário dos Papas encontramos Evaristo em pleno comando da Igreja católica, como quarto sucessor de Pedro, no ano 97. Era o início da era cristã, portanto é muito compreensível que haja tão poucos dados sobre ele.

Enquanto do anterior, papa Clemente, temos muitos registros, até de próprio punho, como a célebre carta endereçada aos cristãos de Corinto, do papa Evaristo nada temos escrito por ele mesmo, as poucas informações vieram de Irineu e Eusébio, dois ilustres e expressivos santos venerados no mundo católico.

Naqueles tempos, o título de "papa" era dado a toda e qualquer autoridade religiosa, passando a designar o chefe maior da Igreja somente no século VI. Por essa razão as informações, às vezes, se contradizem. Mas santo Eusébio mostra-se muito firme e seguro ao relatar Evaristo como um grego vindo da Antioquia.

Ele governou a Igreja durante nove anos, nos quais promoveu três ordenações, consagrando dezessete sacerdotes, nove diáconos e quinze bispos, destinados a diferentes paróquias.

Foi de sua autoria a divisão de Roma em vinte e cinco dioceses, a criação do primeiro Colégio dos Cardeais. Parece que também foi ele que instituiu o casamento em público, com a presença do sacerdote.
Papa Evaristo morreu em 105. Uma tradição muito antiga afirma que ele teria sido mártir da fé durante a perseguição imposta pelo imperador Trajano, e que depois seu corpo teria sido abandonado perto do túmulo do apóstolo Pedro. Embora a fonte não seja precisa, assim sua morte foi oficialmente registrada no Livro dos Papas, em Roma.

Evangelho do Dia

Lucas 13,22-30
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 22Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo o caminho para Jerusalém. 23Alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”
Jesus respondeu: 24“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”. 25Uma vez que o dono da casa se levantar e fechar a porta, vós, do lado de fora, começareis a bater, dizendo: ‘Senhor, abre-nos a porta!’ Ele responderá: ‘Não sei de onde sois’.
26Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’ 27Ele, porém, responderá: ‘Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!’ 28Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora.
29Virão homens do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus. 30E assim há muitos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Breve comentário

No Evangelho de hoje, Jesus anuncia Sua mensagem de salvação ensinando de cidade em cidade, de povoado em povoado. Ao mesmo tempo, Ele se aproxima de Jerusalém, onde alguém lhe pergunta: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?”
Esta é a pergunta curiosa do devoto fiel, evidentemente pondo-se no grupo dos salvos. É a tentação de sempre, daqueles que se julgam “proprietários” da salvação, especialmente os fariseus. Mas é também a tentação que temos nós, discípulos, quando perdemos a dimensão da espera. Quando acreditamos que “os muros da nossa cidade interior” são tão seguros a ponto de não precisar de vigilância.
É terrível para nós, discípulos, quando, depois de uma bela experiência com Deus, sentimos imediatamente que entramos num grupo “à parte” e começamos a olhar com autossuficiência aos outros, àqueles que não entendem, que não conhecem, que têm seguido outros percursos diferentes ao de Jesus.
“Para mantermos a vida de fé necessitamos fazer todo o esforço possível para passar pela porta estreita”, diz o Senhor. Com este símbolo, Jesus não tem a intenção de dizer que, devido ao monte de gente que quer a vida eterna, tenhamos que “empurrar uns aos outros” pra poder garantir nosso lugar. Não! Devemos nos esforçar sim; não basta querermos.
É verdade que não podemos nos salvar por nossas próprias forças, mas isto não acontece sem a nossa ação, com uma atitude de pura passividade. Deus nos salva, mas nos leva a sério como pessoas livres e responsáveis. Devemos nos esforçar e lutar, aproximando-se decididamente e conscientemente do Senhor para superar os obstáculos e testemunhá-lo com a nossa vida.
Com a afirmação sobre a porta que é fechada pelo dono da casa, Jesus quer nos dizer que devemos nos esforçar, porque nosso tempo é curto. Não podemos adiar “pra não sei quando” o esforço de viver em comunhão com Deus. Com a nossa morte, a porta será fechada e será decidido o nosso destino. Então, será muito tarde para querer chamar e bater.
Devemos levar também em conta que o nosso tempo, além de limitado não é do nosso controle. Não podemos viver uma vida segundo o nosso bel-prazer e adiar para a velhice a preocupação pela salvação. Não somos nós que fechamos a porta, mas Deus. Por isso, devemos estar sempre prontos.
Nas palavras do dono da casa, vemos uma ênfase na justiça, na orientação da vida segundo a vontade do Senhor. Não basta uma comunhão somente externa com Ele, tê-Lo conhecido, ter ouvido Seus ensinamentos, conhecer o Evangelho e o Cristianismo, pois corremos o risco de Ele nos dizer: “Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim todos vós que praticais a injustiça!”.
Quem não se orienta pela vontade de Deus, quem rejeita, conscientemente, a comunhão com Ele, já excluiu a si próprio da salvação. Esta sua decisão é respeitada e confirmada pelo Senhor. E seria triste chorar de desgosto e ranger os dentes de raiva por se dar conta do que foi perdido.
A boa notícia de Jesus não nos diz coisas agradáveis nem nos promete uma vida fácil e sem esforços. A boa nova contém algumas verdades incômodas, mas justas, porque não nos esconde nada, mas manifesta a verdade completa e nos indica a verdadeira via para a felicidade plena. Aquilo que conta, enfim, é o empenho com o qual se vive a própria existência cristã, testemunhando uma pertença a Cristo.
Jesus nos interpela. Para chegarmos ao Reino, à vida plena, à felicidade eterna – dom de Deus oferecido a todos – é preciso renunciar a uma vida baseada naqueles valores que nos tornam orgulhosos, egoístas, prepotentes e autossuficientes para seguir Jesus no Seu caminho de amor, de entrega e dom da vida.
Padre Bantu Mendonça