quarta-feira, 18 de julho de 2012

Salmo


Santo do Dia

Santo Arnolfo
Arnolfo nasceu em Metz, na antiga Gália, agora França, no ano 582. A sua família era muito importante, cristã, e fazia parte da nobreza. Ele estudou e se casou com uma aristocrata, com a qual teve dois filhos. A região da Gália era dominada pelos francos e era dividida em diversos reinos que guerreavam entre si. Isso provocava grandes massacres familiares e corrupção. 

Um desses reinos era o da Austrásia, do rei Teodeberto II, para o qual Arnolfo passou a trabalhar. Mas quando o rei morreu, todos os seus descendentes e familiares foram assassinados a mando do rei dos francos, Clotário II, que incorporou a região aos seus domínios. 

Era nesse clima que vivia Arnolfo, um homem de fé inabalável, correto e justo. O rei Clotário II, agora soberano de um extenso território, conhecendo a fama da conduta cristã de Arnolfo, tornou-o seu conselheiro. Confiou-lhe, também, a educação de seu filho Dagoberto, que se formou dentro dos costumes da piedade e do amor cristão. Tal preparo fez de Dagoberto um dos reis católicos mais justos da história, não tendo cometido nenhuma atrocidade durante o seu governo. 

Além disso, o rei Clotário II nomeou Arnolfo bispo de Metz, que acumulou todas as atribuições da Corte. Uma bela passagem ilustra bem o caráter desse homem, que mesmo leigo se tornou um dos grandes bispos do seu tempo. Temendo não ser digno do cargo, por causa dos seus pecados, atirou seu anel no rio Mosela, dizendo: "Senhor, se me perdoas, faze-o retornar". O anel retornou dentro do ventre de um peixe. Essa tradição cristã ilustra bem a realidade de sua época, onde era difícil não pecar, especialmente para quem estava no poder. 

Naquele tempo, as questões dos leigos e do celibato não tinham uma disciplina rigorosa e uniforme dentro da Igreja, que ainda seguia evangelizando a Europa. Arnolfo não foi o primeiro pai de família a ocupar tal posto nessa condição. Como chefe daquela diocese, Arnolfo participou dos concílios nacionais de Clichy e de Reims. Mais tarde, seu filho Clodolfo tornou-se bispo e assumiu a diocese de Metz, enquanto o outro, chamado Ansegiso, tornou-se um dos primeiros "mestres de palácio" da chamada era carolíngia. 

Depois de algum tempo, Arnolfo abandonou o bispado e o cargo na Corte para ingressar no mosteiro fundado por seu amigo Romarico, outro que havia abandonado a Corte e o rei. Assim, de maneira serena, Arnolfo viveu o resto de seus dias, dedicando-se às orações, à penitência e à caridade. 

Arnolfo morreu no dia 18 de julho de 641, naquele mosteiro. Assim que a notícia chegou em Metz, os habitantes reclamaram-lhe o corpo, depositando-o na basílica que adotou, para sempre, o seu nome.

Evangelho do Dia


Evangelho (Mateus 11,25-27)

Quarta-Feira, 18 de Julho de 2012
15ª Semana Comum



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

25Naquele tempo, Jesus pôs-se a dizer: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos.26Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 27Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário
Após o “discurso da missão” e o envio dos discípulos ao mundo para continuar a obra salvífica de Jesus, Mateus coloca, no seu Evangelho, uma seção sobre as reações e as atitudes que várias pessoas e grupos tomaram frente a Jesus e à Sua proposta de “Reino”.
Nos versículos anteriores ao texto que hoje nos é proposto, Jesus havia dirigido uma veemente crítica aos habitantes de algumas cidades situadas à volta do lago de Tiberíades, porque foram testemunhas da Sua proposta de salvação, mas se mantiveram indiferentes. Estavam demasiado cheios de si próprios, instalados nas suas certezas, calcificados nos seus preconceitos e não aceitavam se questionar, a fim de abrir o coração à novidade de Deus.
Agora, Jesus se manifesta convicto de que essa proposta, rejeitada pelos habitantes das cidades do lago, encontrará acolhimento entre os pobres e marginalizados, desiludidos com a religião “oficial” e que anseiam pela salvação que Deus tem para lhes oferecer.
Hoje, estamos diante de duas “sentenças” que, provavelmente, foram pronunciadas em ambientes diversos deste que Mateus nos apresenta.
A primeira sentença é uma oração de louvor que Jesus dirige ao Pai, porque Ele escondeu estas coisas aos sábios e inteligentes e as revelou aos pequeninos. Os “sábios e inteligentes” são, certamente, esses “fariseus” e “doutores da Lei”, que absolutizavam a Lei, que se consideravam justos e dignos de salvação, porque cumpriam escrupulosamente a Lei, que não estavam dispostos a deixar pôr em causa esse sistema religioso em que se tinham instalado e que – na sua perspectiva – lhes garantia automaticamente a salvação.
Os “pequeninos” são os discípulos, os primeiros a responder positivamente à oferta do “Reino”; e são também esses pobres e marginalizados, ou seja, os doentes, os publicanos, as mulheres de má vida, o “povo da terra” que Jesus encontrava, todos os dias, pelos caminhos da Galileia, considerados malditos pela Lei, mas que acolhiam, com alegria e entusiasmo, a proposta transformadora de Jesus.
A segunda sentença relaciona-se com a anterior e explica o que é que foi escondido aos “sábios e inteligentes” e revelado aos “pequeninos”. Trata-se, duma “experiência profunda e íntima” de Deus. Os “sábios e inteligentes” estavam convencidos de que o conhecimento da Lei lhes dava o conhecimento de Deus. A Lei era uma espécie de “linha direta” para Deus, por meio da qual eles ficavam a conhecer o Senhor, a Sua vontade, os Seus projetos para o mundo e para os homens; por isso, apresentavam-se como detentores da verdade, representantes legítimos de Deus, capazes de interpretar a vontade e os planos divinos.
Jesus deixa claro que quem quiser fazer uma experiência profunda e íntima de Deus tem de aceitá-Lo e segui-Lo. Ele é “o Filho” e só Ele tem uma experiência profunda de intimidade e de comunhão com o Pai. Quem rejeitar Jesus não poderá conhecer o Pai. Quando muito, encontrará imagens distorcidas de Deus e, depois, julgará o mundo e os homens. Mas quem aceitar Jesus e O seguir, aprenderá a viver em comunhão com o Senhor, na obediência total aos Seus projetos e na aceitação incondicional dos Seus planos.
Na verdade, os critérios de Deus são bem estranhos, vistos “aqui de baixo”, com as lentes do mundo. Nós, homens, admiramos e incensamos os sábios, os inteligentes, os intelectuais, os ricos, os poderosos, os bonitos e queremos que sejam eles a dirigir o mundo, a fazer as leis que nos governam, a ditar a moda ou as ideias, a definir o que é correto ou não o é. Mas Deus diz que as coisas essenciais são muito mais depressa percebidas pelo “pequeninos”. São eles que estão sempre disponíveis para acolher o Senhor e aos Seus valores e para arriscar-se nos desafios do Reino.
Quantas vezes os pobres, os pequenos, os humildes são ridicularizados, tratados como incapazes pelos nossos “iluminados” fazedores de opinião, que tudo sabem e que procuram impor ao mundo e aos outros as suas visões pessoais e os seus pseudovalores. A Palavra de Deus ensina: a sabedoria e a inteligência não garantem a posse da verdade; o que a garante é ter um coração aberto a Deus e às Suas propostas.
Como chegamos a Deus? Como percebemos o Seu “rosto”? Como fazemos uma experiência íntima e profunda com Ele? Por meio da Filosofia? Em um discurso racional coerente? É passando todo o tempo disponível na igreja, mudando as toalhas dos altares? O Evangelho responde: “conhecemos” Deus por meio de Jesus.
Jesus é o Filho que conhece o Pai; só quem O segue e procura viver como Ele pode chegar à comunhão com Deus. Há católicos que, por serem padres como eu, por terem feito catequese, por irem à Missa aos domingos e fazer parte do conselho pastoral da paróquia, acham que conhecem Deus. Atenção: só “conhece” o Senhor quem é simples e humilde, e está disposto a seguir Jesus no caminho da entrega ao Pai e da doação da vida aos homens. É no seguimento de Jesus – e só aí – que nos tornamos filhos de Deus.
Pai, que a arrogância dos sábios e doutos jamais contamine meu coração. Fazendo-me pequenino, que eu esteja em condições de acolher a Sua revelação na pessoa de Seu Filho, Jesus Cristo.
Padre Bantu Mendonça