quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Santo do Dia

São Lourenço Justiniano
Filho da nobre família Justiniano, Lourenço nasceu em Veneza, no dia 1º de julho de 1380. Desde cedo, já manifestava seu repúdio ao orgulho, à ganância e à corrupção que havia em sua terra natal. Na adolescência, teve uma visão da Sabedoria Eterna e decidiu dedicar-se à vida religiosa. 

Sua única ambição era amar e servir a Deus. Procurando o aprimoramento espiritual, tornou-se um mendigo em sua cidade, chegando a esmolar na porta da casa de seus próprios pais. A vanguardista Veneza do século XV era um efervescente laboratório de reforma católica, destinado a produzir frutos preciosos. Um deles foi Lourenço Justiniano. 

Aos dezenove anos de idade ele era considerado um modelo de virtude, austeridade e humildade. Em 1404, já diácono, uniu-se a outros sacerdotes e ingressou no Mosteiro de São Jorge, em Alga, para viver em comunidade com eles, depois reconhecidos como "Companhia dos Cônegos Seculares", pioneiros do esforço reformador. Tornou-se sacerdote em 1407 e dois anos depois foi eleito superior da Comunidade de São Jorge, em Alga. 

Não era um bom orador, em contrapartida tornava sua pregação eficiente com sua dedicação ao mistério do confessionário, seu exemplo de humilde mendicante e seu trabalho de escritor incansável. Sua obra inclui livros para doutores e leigos, incluindo tratados teológicos e simples manuais de catequese. Os seus escritos trazem a matriz da idéia da "Sabedoria Eterna", eixo da sua mística, tanto para a perfeição interior como para a retidão da vida episcopal. 

A contragosto, em 1433, foi consagrado bispo de Castelo, uma pequena diocese. Em 1451, o papa Nicolau V extinguiu essa diocese e consagrou Lourenço Justiniano primeiro patriarca de Veneza. Nessas administrações, deixou sua marca singular impressa com suas virtudes, sendo considerado um homem sábio, piedoso e caridoso, principalmente com os mais pecadores. Nesses cargos ergueu mais de quinze conventos e muitas igrejas, aumentando, assim, seu já enorme rebanho. Tornou-se um exemplo de pastor, amado por todos os fiéis, que obedeciam à sua pregação e ao seu exemplo no seguimento de Cristo. 

Rodeado por seus amigos do clero em seu leito de morte, no dia 8 de janeiro de 1456, Lourenço Justiniano deixou, como mensagem aos cristãos, observar os mandamentos da lei de Deus. Depois de sua morte, muitos milagres foram atribuídos à sua intercessão, por isso foi canonizado, no ano de 1690, pelo papa Alexandre VIII. Sua festa foi indicada para ser celebrada no dia 5 de setembro.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 4,38-44)

Quarta-Feira, 5 de Setembro de 2012
22ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus punha as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo de as deixar. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”.44E pregava nas sinagogas da Judeia.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário
Jesus decide abandonar a sinagoga; a razão não é dita, mas, pelo que se pode entender, Ele quer transformar e fazer do ambiente familiar – simbolizado pela casa da sogra de Simão -, um lugar de oração, de cura e libertação, de paz e justiça, de amor e partilha, de alegria e sucesso, de misericórdia e perdão.
Jesus faz do ambiente familiar um lugar de saúde e vida. Portanto, a casa, o lar, a família são lugares privilegiados para construirmos as nossas sociedades. Assim, numa sociedade como a nossa, na qual o conceito de família anda tão deturpado, Cristo chama o casal cristão a ser estrutura sustentadora de uma família capaz de encontrar relações novas, não ditadas pela carne e o sangue, mas pela vida nova que Cristo confere pelo batismo. Isto reduz o egoísmo e faz com que cresça a caridade, dom do Espírito Santo, e se realize a “Igreja doméstica”.
Jesus toma conhecimento da doença que afeta os casais e vai para ao lado da cama deles, dando uma ordem à febre. Este gesto apela, primeiro, ao zelo apostólico do Senhor. Por outro lado, chama-nos a visitar, entrar e abeirar-nos dos leitos de muitos homens e mulheres que estão doentes e deitados, sem forças para levantar a cabeça, o corpo e servir os seus como deveriam fazer, a exemplo da sogra de Pedro.
Veja que, na casa, a mulher, personificada na sogra de Simão, é valorizada na sua prática do serviço, que é a característica fundamental do Reino. Um outro pormenor a considerar é que a cena narrada se passa num sábado, dia do culto na sinagoga. Neste dia, todo trabalho cessava e só era permitido caminhar até uma curta distância. Ao pôr-do-sol, termina o dia do sábado e começa o primeiro dia da semana. É a introdução do domingo, o dia por excelência para nós cristãos.
O povo, liberado das restrições legais do sábado – que ao invés de salvar, condenava; de dar vida, matava -, corre a Jesus, quem os cura, liberta e salva. Ele, na Sua prática, vai revelando que os males da humanidade resultam, principalmente, da falta de carinho, amor, ternura, paz, justiça, reconciliação, diálogo, atenção e falta de Deus na comunidade-família que deveria ser construtora de vidas novas.
Neste trabalho, é preciso que a comunidade e os evangelizadores saibam que estão a serviço de Deus e não em busca de privilégios ou de poder. É preciso que ela tenha as portas abertas para todos. O meu e o seu serviço é o de levar todos os enfermos, quer os da família de sangue quer não: “todos os que tinham amigos enfermos, com várias doenças, os levaram a Jesus. Ele pôs as suas mãos sobre cada um deles e os curou”.
A você me dirijo recordando que, como apóstolo, você é enviado e ordenado para anunciar a Palavra. De modo que, trazendo todos os enfermos – quer corporais quer espirituais – possam ser curados e entendam Deus na Pessoa do Seu Filho, Jesus Cristo. Ele que acolhe, liberta, perdoa e anuncia a verdade do Reino: a Vida Eterna.
Esta missão do Filho de Deus nos compromete e interpela a que – acolhendo maus e bons – possamos ser a mão, a braço, a boca, o coração e a mente de Cristo, convertendo-nos em discípulos e missionários do Mestre para que o mundo conheça a Verdade e, conhecendo a Verdade, possa salvar-se.
Peçamos hoje a Deus um novo ardor missionário.
Padre Bantu Mendonça