— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 17“Não penseis que vim abolir a Lei e os Profetas”. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. 18Em  verdade, eu vos digo: antes que o céu e a terra deixem de existir, nem  uma só letra ou vírgula serão tiradas da lei, sem que tudo se cumpra.
19Portanto, quem desobedecer a um só desses mandamentos, por  menor que seja, e ensinar os outros a fazerem o mesmo, será considerado o  menor no Reino dos Céus. Porém, quem os praticar e ensinar será  considerado grande no Reino dos Céus.  
- Palavra da Salvação. 
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
              Para Jesus a lei moral é obra da sabedoria divina.  Por  isso, podemos defini-la – em sentido bíblico – como uma instrução   paterna, uma pedagogia de Deus. Ela descreve ao homem os caminhos, as   regras de procedimento que o levam à bem-aventurança prometida pelo  Senhor e lhe  proíbe os caminhos do mal que o desviam de Deus e do Seu  amor. Ao  mesmo tempo, firme nos Seus preceitos e amável nas Suas  promessas, eis a  razão do porquê Jesus diz: “O céu e a terra passarão; porém, nada será tirado da Lei – nem a menor letra, nem qualquer acento”.
Portanto,  a questão da obediência aos mandamentos divinos – ou tudo  quanto Deus  ordena – não visará à salvação, pois entra no campo da  santificação, e  não da justificação. Entender o papel da Lei como meio  de salvação seria  um uso “ilegítimo” dela (cf. 1Timóteo 1,8).
O  fracasso espiritual de Israel, que motivou sua rejeição como   propriedade de Deus, não estava na Lei que é perfeita, santa, justa,   boa, espiritual e prazerosa (Salmo 19,7; Romanos 7,12.14. 22), mas na  atitude de autoconfiança do povo quanto às suas possibilidades de   obedecê-la plenamente. Por isso é que Jesus, dirigindo-se ao povo, diz :  “Não  pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os   ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o   seu sentido completo“. Assim, Ele ressaltou os princípios básicos da Lei divina como sendo “amor a Deus sobre todas as coisas” e “amor ao  próximo como a si mesmo” (Mateus 22,36-40).
Com pouca margem de erro, eu diria que há preceitos de caráter  cerimonial,  civil e moral na Lei divina, independentemente de ocorrer  tal linguagem  “técnica” nas páginas bíblicas, fato reconhecido por  confissões de fé e  autoridades cristãs de diferentes confissões do  passado e do presente.  Em toda a Lei está a defesa da vida que, afinal,  é um dom de Deus.
No “Sermão da Montanha” (Mateus 5 a 7), bem como no “diálogo com o  jovem rico”  (Mateus 19,16ss), Cristo, ao tratar do verdadeiro espírito  da Lei, nos lembra que Deus leva em conta não só a mera obediência a Seu  texto, mas  as reais e íntimas intenções do indivíduo quanto a tal  obediência.
Nenhum  dos mandamentos da Lei de Deus têm aplicação limitada a  Israel. O  próprio princípio do sábado foi estendido aos “filhos dos  estrangeiros”  (Isaías 56,2-8), e todas as pessoas de todas as  nacionalidades têm  necessidade de um dia regular de repouso, daí por  que “o sábado foi feito  por causa do homem” (Marcos 2,27).
No  novo concerto, os princípios básicos da Lei divina são escritos  por Deus  nos corações e mentes dos Seus filhos – judeus ou gentios –  nos moldes do  que havia sido prometido ao antigo Israel em Ezequiel  36,26-27 e  Jeremias 31,31-33.
Nos  debates de Cristo com os escribas e fariseus sobre o sábado, o  Senhor está  corrigindo a prática extremada e insensível deles no que se  refere ao Decálogo [dez mandamentos], mas não  combatendo uma norma  estabelecida por Ele próprio como Criador e  Legislador (ver Mateus  12,1-12; Heb 1,2).
João, em Apocalipse 1,10 refere-se ao “Dia do Senhor” – que para nós   católicos é o domingo – como sendo um dia especial dedicado a Deus.   Portanto, Ele mantinha um dia especial de observância, como estabelecido   no 3º mandamento da Lei de Deus: santificar os domingos e festas de  guarda.
Padre Bantu Mendonça