sexta-feira, 20 de abril de 2012

Salmo



Construindo Pontes

Dois irmãos que moravam em fazendas vizinhas, separadas apenas por um riacho, entraram em conflito. Foi a primeira grande desavença em toda uma vida de trabalho lado a lado. Mas agora tudo havia mudado. O que começou com um pequeno mal entendido, finalmente explodiu numa troca de palavras ríspidas, seguidas por semanas de total silêncio.
Numa manhã, o irmão mais velho ouviu baterem na sua porta. Ao abri-la, notou um homem com uma caixa de ferramenta de carpinteiro na mão.

- Estou procurando trabalho, disse ele. Talvez você tenha algum serviço para mim.

- Sim, disse o fazendeiro. Claro! Vê aquela fazenda ali, além do riacho? É do meu vizinho. Na realidade do meu irmão mais novo. Nós brigamos e não posso mais suportá-lo. Vê aquela pilha de madeira ali no celeiro? Pois use para construir uma cerca bem alta.

-Acho que entendo a situação, disse o carpinteiro. Mostre-me onde estão a pá e os pregos.

O irmão mais velho entregou o material e foi para a cidade.
O homem ficou ali cortando, medindo, trabalhando o dia inteiro. Quando o fazendeiro chegou, não acreditou no que viu: em vez de cerca, uma ponte foi construída ali, ligando as duas margens do riacho.
Era um belo trabalho, mas o fazendeiro ficou enfurecido e falou:

- Você foi atrevido construindo essa ponte depois de tudo que lhe contei.

Mas as surpresas não pararam aí. Ao olhar novamente para a ponte viu o seu
irmão se aproximando de braços abertos. Por um instante permaneceu imóvel
do seu lado do rio. O irmão mais novo então falou:

- Você realmente foi muito amigo construindo esta ponte mesmo depois do que eu lhe disse.

De repente, num só impulso, o irmão mais velho correu na direção do outro e
abraçaram-se, chorando no meio da ponte.
O carpinteiro que fez o trabalho partiu com sua caixa de ferramentas.

-Espere, fique conosco! Tenho outros trabalhos para você.

E o carpinteiro respondeu:

- Eu adoraria, mas tenho outras pontes a construir...

Já pensou como as coisas seriam mais fáceis se parássemos de construir cercas e muros e passássemos a construir pontes com nossos familiares, amigos e companheiros do trabalho. O que você está esperando? Comece agora!
Não espere pela iniciativa dos outros!!
São Teodoro
O significado de seu nome, "dom de Deus", tem tudo a ver com os talentos especiais que Teodoro demonstrou durante toda a vida. O religioso, nascido na segunda metade do século VI na Galícia, hoje França, desde pequeno demonstrou ter realmente vindo ao mundo para a edificação da Igreja, terminando seus dias como instrumento dos prodígios e graças que brotavam à sua volta. 

Diz a tradição que, já aos oito anos, procurava lugares escondidos e solitários para rezar. Depois, quando adolescente, chegou a cavar uma gruta na capela de São Jorge, especialmente para ali entregar-se à oração e a contemplação. 

É preciso esclarecer que, além de tudo, seus pais pediram para o filho a proteção de são Jorge desde o instante do seu nascimento, pois sua mãe teve um parto muito difícil. Teodoro foi agradecido ao santo, que tinha como padrinho, pelo resto de seus dias. 

Todavia seus pais também não esperavam que ele se dedicasse tanto assim à religião e se preocupavam, pois ele era muito diferente dos outros meninos da sua idade, principalmente por ter cavado "sua" caverna na capela. 

Dizem os devotos que o próprio são Jorge apareceu num sonho a sua mãe, para que ficasse tranquila quanto ao futuro de Teodoro. Logo depois alguns prodígios e graças começaram a acontecer na gruta, pois que, em pouco tempo, todos os dias, grande parte dos moradores locais eram atraídos para lá. 

Teodoro ainda não tinha idade para isso, mas o bispo da cidade vizinha de Anastasiópolis assumiu a tutela do rapaz e o ordenou sacerdote. E mal voltou para sua cidade natal, o povo o elegeu bispo. No cargo ele permaneceu por dez anos, quando abandonou tudo e voltou à sua vida solitária de penitência e oração contemplativa. 

Novamente as graças passaram a fazer parte do cotidiano da gruta de Teodoro, onde grandes multidões o procuravam. Teodoro ali ficou até o dia 20 de abril de 613, quando morreu. Sua festa é muito celebrada pelos católicos do mundo todo, especialmente na França, Alemanha e entre os cristãos de língua eslava.

Evangelho do Dia


Evangelho (João 6,1-15)

Sexta-Feira, 20 de Abril de 2012
2ª Semana da Páscoa



— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. 2Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. 3Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com seus discípulos. 4Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
5Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” 6Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. 7Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.
8Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: 9“Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” 10Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.
11Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. 12Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
13Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. 14Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”.15Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário
Evangelho da encarnação, da Palavra que se fez carne, de Deus que se fez gente. É assim que pode ser chamado o Evangelho segundo João. Ele é o evangelista que mais aprofunda a transparência divina das realidades humanas.
Cada uma dessas realidades tocadas por Jesus se transforma em sinal. São sinais da Sua glória a água quando transformada em vinho em Caná, também a água pedida e oferecida à samaritana junto ao poço de Jacó. Também são sinais de Deus a cura do paralítico à beira da piscina de Betesda, do cego de nascença na fonte de Siloé e os cinco pães, multiplicados para a multidão, nas colinas da Galileia. São sinais que tantos viram, tantos presenciaram, mas muitos não entenderam, porque não creram, não abriram o coração à fé.
Começando, hoje, o capítulo seis, João aborda um fato notório na vida pública de Jesus: o milagre da multiplicação dos pães narrado também pelos outros evangelistas. Diferentemente de Marcos e Mateus, João não apenas narra o episódio, mas reflete, longamente, sobre o seu significado, mais especificamente sobre sua transparência.
No Evangelho de João, na narrativa da Última Ceia de Jesus, em Jerusalém, não há menção à partilha eucarística do pão. A grande ação de Jesus, nesta ceia, é de lavar os pés dos discípulos como exemplo de serviço. Ele apresenta a Eucaristia, nesse episódio, da partilha do pão. A mesa da refeição tem lugar na montanha, onde Deus dá os dez mandamentos a Moisés. É o Seu Novo Mandamento da partilha e do amor. A figura de destaque é um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Jesus dá graças pela partilha e ela acontece a partir dos mais humildes.
Dentre muitos aspectos que poderia ser salientado, está a prática da caridade na partilha. Jesus nos ensina que a vida deve ser partilhada, pois ela é um dom que deve ser fomentado. Aliás, costuma dizer-se que “o pouco partilhado chega para todos”. Assim aconteceu com o milagre da multiplicação, quando todos comeram e ficaram saciados.
Sem medo de errar, ouso afirmar que o milagre só aconteceu porque Jesus tinha em mente a iniciativa de não despedir o povo com fome, mas, sim, “com eles e para eles” repartir o pão. Assim acontece conosco, porque se não aprendermos a partilhar com os “sem-pão”, com os “sem-roupa” e os “sem-teto”, não teremos a verdadeira alegria de viver, no nosso dia a dia, e nada conseguiremos para nos saciarmos verdadeiramente. Aliás, o próprio Jesus diz: “Há mais alegria em dar do que em receber”.
Sem excluir a ação do milagre da multiplicação, vejo que a caridade foi um fator primordial na multiplicação dos pães.
Jesus mandou que se formassem grupos e se sentassem, porque sabia de algo básico do ser humano: a maioria das pessoas não conseguem comer vendo outras pessoas passando fome na sua frente. Imagine-se dentro desse grupo, com comida na sua bolsa, mas a maioria das pessoas com fome. Você comeria sozinho ou dividiria uma parte da sua comida com os mais próximos? Se sua resposta for ‘sim’, você está de parabéns! Mas se a resposta for “não”, então é hora de rever os seus conceitos. Tudo o que você tem, Deus lhe deu para que você partilhasse com seus irmãos e irmãs. Decida-se! A vida é partilha e doação.
A multiplicação dos pães não é questão de “blá-blá-blá”; é, na realidade, questão de fé. Veja que, no Evangelho – embora não apareça -, podemos imaginar a reação dos discípulos, quando Jesus mandou que trouxessem os cinco pães e os dois peixes até Ele, na intenção de alimentar aquela multidão de cinco mil homens.
Para quem não entende o que é fé, poderia duvidar e dizer: “Será que isso vai dar certo?”. Mas Jesus, como em todos os milagres, fez a parte d’Ele e deixou que cada pessoa, na multidão, também fizesse a sua parte. Essa é a sua vez!
Quando todos ao seu redor disserem que aquilo em que você acredita não existe, é preciso que você não desfaleça. Vá e aguente firme! Acredite que, com Jesus e pela força da oração, tudo pode ser mudado. Se a fé de Jesus fosse “fraca”, Ele nem teria tentado repartir os pães e os peixes.
Somos convidados a viver a Eucaristia como partilha concreta da vida, na certeza de que – com Cristo, em Cristo e para Cristo – nada é impossível. Por hoje, saibamos repartir o nosso “pão” e o nosso “peixe” com quem está ao nosso lado passando fome, quer seja material ou espiritual.
Padre Bantu Mendonça