quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 9,22-25)

Quinta-Feira, 23 de Fevereiro de 2012
Quinta-feira depois das Cinzas


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
22“O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia”.
23Depois Jesus disse a todos: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e siga-me. 24Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; e quem perder a sua vida por causa de mim, esse a salvará. 25Com efeito, de que adianta a um homem ganhar o mundo inteiro, se se perde e se destrói a si mesmo?”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
Os evangelistas, cada um à sua maneira, referem-se à questão da identidade de Jesus. A interpretação dominante, entre os discípulos vindos do Judaísmo, era que Cristo seria o messias davídico esperado conforme a tradição antiga do Primeiro Testamento. Jesus rejeita ser identificado como este messias-restaurador do reinado de Davi. É o momento de deixar isso bem claro.
A partir da interrogação sobre quem o Senhor é, Jesus identifica-se como o “Filho do Homem”. Esta expressão, muito frequente no livro de Ezequiel, refere-se à comum condição humana, humilde e frágil. Enquanto “humano”, Ele é vulnerável ao sofrimento e à morte.
A “necessidade” deste sofrimento não significa um determinismo, mas as implicações inevitáveis decorrentes do compromisso de salvação assumido pelo Senhor. Os poderes constituídos necessariamente vão reagir contra a prática de Jesus e de Seus discípulos, e procurarão destruí-los. Porém, Jesus revela que ao “humano” foi dada, por Deus, a vida eterna. Perder a vida de sucesso oferecida por este mundo e consagrar-se ao seguimento do Senhor significa a comunhão com o Pai em Sua vida divina e eterna.
Para Lucas, o que conta é a ressurreição, não a morte. Mesmo ao descrever a morte com traços vivos, destacando a inocência de Jesus e Seu caráter de mártir, Lucas não lhe dá o sentido salvífico. Se, de fato, Lucas é um grego, então se pode ver nisso um motivo para não apelar para a morte expiatória e vicária, pois essa era teologia judaica. No contexto grego de Lucas é muito mais importante ressaltar a ressurreição, pois a morte para os gregos é loucura (cf. I Cor 1,23).
A morte de Jesus como vitória sobre o sofrimento e, sobretudo, sobre os poderes da morte e o fato de Cristo descer aos infernos e lutar com a morte, era uma ideia bem conhecida no Oriente e no Ocidente. Faz parte da mitologia de muitos povos que a aplicavam aos seus heróis. Essa ideia penetrou no Judaísmo tardio e dali passou para o Novo Testamento. Nesta mesma perspectiva, também Cristo tem vencido os poderes da perdição. Ele conquistou a salvação descendo ao reino dos mortos, libertando os que aí estavam presos , desde Adão até o último homem.
Por intermédio de Sua morte, Jesus destruiu o poder da morte deixando o ser humano livre. Mas, antes da ressurreição existe a cruz. E Cristo quer advertir os Seus de que fiquem preparados para ela.
Como os apóstolos, também nós somos convidados a seguir a Cristo passando por tudo o que Ele passou, a fim de que no final possamos ressuscitar com Ele para a eternidade.
Padre Bantu Mendonça

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