domingo, 27 de novembro de 2011

Evangelho do Dia


Evangelho (Marcos 13,33-37)


Domingo, 27 de Novembro de 2011
1º Domingo do Advento

— O Senhor esteja convosco. 
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 33Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento. 34É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.
35Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer. 36Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo.
37O que vos digo, digo a todos: Vigiai!”

-Palavra da Salvação!
-Glória a vós Senhor!

Breve comentário


Iniciamos hoje o tempo do Advento e as palavras vigiai e orai constituem uma constante da Igreja primitiva. Eis alguns exemplos: Marcos, no Getsêmani, põe nos lábios de Jesus a repreensão dirigida a Pedro: “Simão estás dormindo? Não foste capaz de vigiar por uma hora? Vigiai e orai para que não entreis em tentação: pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mc 14,17). A mesma recomendação a encontramos em Mateus 26,41. A vigília sem a oração é inútil ou prejudicial. Os banquetes da época celebravam-se durante as horas noturnas. Tanto romanos como judeus vigiavam, porém, de forma diversa a dos cristãos. Eram célebres os banquetes entre fariseus ao entardecer da sexta feira, ou seja, ao iniciar-se o sábado (Lc 14,13).
Assim entendemos a explicação de Lucas, na qual Jesus admoesta os discípulos para ficar de sobreaviso, para que seus corações não fiquem atordoadas pela embriaguez, pelas orgias e pelos cuidados da vida, de modo a cair sobre eles esse dia, repentinamente, como uma cilada (Lc 21,34). Daí também a oração que se pede para acompanhar a vigília.
Em 1Ts 5,4-9: “Vós, porém, meus irmãos, não andeis nas trevas, de modo que esse dia vos surpreenda como um ladrão, pois que todos vós sois filhos da luz, filhos do dia. Não somos da noite, nem das trevas. Portanto, não durmamos a exemplo dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios. Quem dorme, dorme de noite. Nós, pelo contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestidos da couraça da fé e da caridade, e do capacete da esperança da salvação”. Sem dúvida que os que vigiam ou estão despertos ou são os que não dormem à noite. A sobriedade é porque os banquetes celebravam-se à noite e geralmente demoravam durante todo o período numa espécie de orgia de vinho e luxúria. Com o raciocínio anterior, as metáforas usadas por Paulo permitem entender melhor o texto de Marcos e o de Lucas, que sem dúvida contêm certas explicações explícitas (Lc 21,34-36) e que temos explicado anteriormente. Por isso, Lucas exorta a ficar acordados, orando em todo momento, para ter a força de escapar de tudo o que deve acontecer e de ficar de pé diante do Filho do Homem. Esta oração-vigília, é recomendada por Paulo em Ef 4,2:“Perseverai na oração, vigilantes, com ação de graças”.
A impressão que temos hoje – após a história iluminar as palavras de Jesus – é a de que os primeiros cristãos foram dominados pelo estilo apocalíptico de medo e apreensão, o que acontece também agora em grande número de cristãos e é aproveitado, sobretudo, por determinadas seitas. Os apóstolos tiveram, porém, que acalmar os ânimos de modo a devolver paz e confiança, deixando uma porta aberta a um saudável temor.
Que mensagem encontramos neste Evangelho para os dias de hoje? Tendo como fundo a segunda vinda em majestade ou poder de Jesus, vista do ângulo do castigo divino a Jerusalém, podemos refletir em três ideias chaves no Evangelho de hoje. A primeira é a de que na ausência do Mestre, todos e cada um dos seus discípulos em particular receberam um poder para realizar o seu trabalho na propagação do Reino. Uma segunda recomendação é a vigilância, ou seja, estar atentos para que o dia da volta do Senhor não encontre seus servos não-preparados, dormindo, como poderia ser o caso do porteiro que não sabia a hora da volta de seu amo. A vigilância era necessária porque a vinda era um castigo como foi o dilúvio nos tempos de Noé (Gn 7) ou o incêndio das cidades pecadoras de Sodoma e Gomorra (Gn 19).
Quando as forças humanas – tanto intelectuais como biológicas – pareciam insuficientes, temos a força divina que sempre nos acompanha, mas que é necessário pedir. Deus não age primária e solitariamente. Ele espera ser rogado, porque assim encontramos em nossa impotência a poderosa presença de Deus. A oração confirma nossa insignificância e afirma nossa fé.
Nos tempos atuais a proximidade de um juízo e castigo divinos parecem estar fora do marco da história. Mas não é verdade. As muitas guerras, as violências de todo gênero, as calamidades dos fenômenos da natureza exigem que pessoalmente estejamos preparados por meio da vigilância que o apóstolo pedia (1Ts 5) e a oração que sempre é companheira e guia de nossas vidas. A nossa morte é sempre incerta e será o início do nosso julgamento final. Portanto, vigiai e orai que o Senhor em breve retornará.
Padre Bantu Mendonça

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