segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Evangelho do Dia


Evangelho (Mateus 23,13-22)

Segunda-Feira, 27 de Agosto de 2012
Santa Mônica


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós fechais o Reino dos Céus aos homens. Vós porém não entrais, 14nem deixais entrar aqueles que o desejam. 15Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós percorreis o mar e a terra para converter alguém, e quando conseguis, o tornais merecedor do inferno, duas vezes pior do que vós.
16Ai de vós, guias cegos! Vós dizeis: ‘Se alguém jura pelo Templo, não vale; mas, se alguém jura pelo ouro do Templo, então vale!’ 17Insensatos e cegos! O que vale mais: o ouro ou o Templo que santifica o ouro? 18Vós dizeis também: ‘Se alguém jura pelo altar, não vale; mas, se alguém jura pela oferta que está sobre o altar, então vale!’
19Cegos! O que vale mais: a oferta, ou o altar que santifica a oferta? 20Com efeito, quem jura pelo altar, jura por ele e por tudo o que está sobre ele. 21E quem jura pelo Templo, jura por ele e por Deus que habita no Templo. 22E quem jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Lemos em Isaías 66,2: “Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacífico, que teme as minhas palavras?”. O Senhor não olha para o exterior, senão para dentro do homem. Ele olha dentro do coração do homem.
No Evangelho de hoje, lemos as três primeiras das sete maldições, com as quais Jesus deixa bem claro a Sua oposição ao ensino tradicional dos escribas e à crença adulterada dos fariseus, mais baseado nas tradições dos homens do que na doutrina divina. Os escribas, ou seja, os intérpretes e catequistas da Lei, e os fariseus, um grupo de observantes rigorosos e muito ligados ao cumprimento formalista e exterior da mesma Lei, e que, por outro lado, são, frequentemente, objeto de graves invectivas da parte de Jesus, não por eles a cumprirem, mas por não lhe entenderem o espírito, e até por guiarem os outros por esse caminho errado.
É preciso que, diante das tentações, comportemo-nos como homens e mulheres fortes no combate. Com o auxílio do Senhor nos tornamos mais do que vencedores. Se cair no pecado, não permaneça nele desencorajado e abatido, mas humilhe-se sem perder a coragem; baixe-se, mas sem se degradar; verta lágrimas sinceras de contrição para lavar as suas imperfeições e faltas, mas sem perder a confiança na misericórdia de Deus, a qual sempre será maior que a nossa ingratidão. Tome a resolução de se corrigir, mas sem presumir de si próprio, pois só em Deus você deve colocar a sua força. Enfim, reconheça, sinceramente, que, se Deus não fosse a sua couraça e o seu escudo, a sua imprudência teria levado você a cometer toda espécie de pecados.
Não se espante com as suas fraquezas. Aceite-se tal como é. Corra das suas infidelidades para com Deus, mas confie n’Ele e abandone-se tranquilamente a Ele, como uma criança nos braços da mãe.
Percorramos todas as épocas e veremos que, de geração em geração, o Mestre ofereceu a possibilidade de conversão a todos quantos queriam voltar-se para Ele. Noé pregou a conversão, e aqueles que o escutaram foram salvos. Jonas anunciou aos ninivitas a destruição que os ameaçava; eles arrependeram-se dos seus pecados, apaziguaram a Deus e apesar de Lhe serem estranhos alcançaram, por suas súplicas, a salvação.
Por Sua vontade onipotente, Deus quer que todos aqueles a quem Ele ama participem da conversão. É por isso que devemos obedecer à Sua magnífica e gloriosa vontade. Imploremos, humildemente, a Sua misericórdia e a Sua bondade; confiemo-nos à Sua compaixão abandonando as preocupações frívolas, a discórdia e a inveja que só conduzem à morte.
Permaneçamos humildes, meus irmãos, rejeitemos todos os sentimentos de orgulho, de jactância, de vaidade e cólera. Agarremo-nos firmemente aos preceitos e aos mandamentos do Senhor Jesus, tornando-nos dóceis e humildes diante das Suas Palavras. Eis o que diz a Palavra Sagrada: “Para quem voltarei o meu olhar, senão para o homem humilde, pacifico que teme as minhas palavras?”
Padre Bantu Mendonça

domingo, 26 de agosto de 2012

Santo do Dia

                                                                      São Zeferino
O papa Zeferino exerceu um dos pontificados mais longos da Igreja de Cristo, de 199 a 217. E os únicos dados de sua vida registrados declaram que: depois do papa Vitor, de origem africana, clero e povo elegeram para a cátedra de Pedro um romano, Zeferino, filho de um certo Abôndio.

Zeferino foi o 14o papa a substituir são Pedro. Enfrentou um período difícil e tumultuado, com perseguições para os cristãos e de heresias entre eles próprios, que abalavam a Igreja mais do que os próprios martírios. As heresias residiam no desejo de alguns em elaborar só com dados filosóficos o nascimento, a vida e a morte de Jesus Cristo. A confusão era generalizada, uns negavam a divindade de Jesus Cristo, outros se apresentavam como a própria revelação do Espírito Santo, profetizando e pregando o fim do mundo.

Mas o papa Zeferino, que não era teólogo, foi muito sensato e, amparado pelo poder do Espírito Santo, livrou-se dos hereges. Para isso uniu-se aos grandes sábios da época, como santo Irineu, Hipólito e Tertuliano, dando um fim ao tumulto e livrando os cristãos da mentira e dos rigorismos.

O papa Zeferino era dotado de inspiração e visão especial. Seu grande mérito foi ter valorizado a capacidade de Calisto, um pagão convertido e membro do clero romano, que depois foi seu sucessor. Ele determinou que Calisto organizasse cemitérios cristãos separados daqueles dos pagãos. Isso porque os cristãos não aceitavam cremar seus corpos e também queriam estar livres para tributarem o culto aos mártires.

O papa Zeferino conseguiu que as nobres famílias cristãs, possuidoras de tumbas amplas e profundas, transferissem-nas para a Igreja. Assim, Calisto começou a fazer galerias subterrâneas ligando umas às outras e, nas laterais, foi abrindo túmulos para os cristãos e para os mártires. Todo esse complexo deu origem às catacumbas, mais tarde chamadas de catacumbas de Calisto.

Esse foi o longo pontificado de Zeferino, encerrado pela intensificação às perseguições e pela proibição das atividades da Igreja, impostas pelo imperador Sétimo Severo.

O papa são Zeferino foi martirizado junto com o bispo santo Irineu, em 217, e foi sepultado numa capela nas catacumbas que ele mandou construir em Roma, Itália.

Evangelho do Dia


Evangelho (João 6,60-69)

Domingo, 26 de Agosto de 2012
21º Domingo Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!

Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”
61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não crêem”.
Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.
65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”.
66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele.
67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?”
68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
As preocupações comunitárias, dos versículos anteriores, a afirmação de Jesus de que Ele dá o Seu Corpo como Pão da Vida e o fato de que o texto se dirige aos discípulos, indicam, provavelmente, um discurso eucarístico como fonte de divisão. Porém, a afirmação do Senhor, de que Ele “dá a vida” e a identificação da Sua Palavra reveladora com “o pão vindo do céu”, na primeira parte do discurso, talvez tenham criado a controvérsia.
De qualquer maneira, é importante notar que a divisão não se dá entre “os judeus”, mas entre os próprios discípulos, muitos dos quais abandonam Jesus neste momento. É muito interessante a reação de Jesus diante do abandono da maioria dos seus discípulos. Ele não arreda pé, mas, com toda calma, até convida os doze apóstolos a sair se não podem aceitar a Sua Palavra. Jesus não se preocupa com números, mas com a fidelidade ao Pai. Talvez até fique sozinho, mas não vai diluir, em nada, as exigências do seguimento da vontade do Pai.
Este é um exemplo importante para nós, pois, muitas vezes, caímos na tentação de julgar o êxito pelos números. Igrejas cheias indicam sucesso, mas nem sempre é assim. É mais importante ser coerente com o Evangelho, custe o que custar, do que “fazer média” com a sociedade, às vezes, por meio duma pregação tão insossa que reduz a religião a um mero sentimentalismo, sem consequências sociais.
Devemos cuidar de não interpretar erroneamente as palavras de Jesus quando Ele diz: “É o Espírito que vivifica, a carne para nada serve”. Às vezes, usa-se essa frase para justificar uma religião dualista, na qual tudo que é “espírito” é bom e tudo que é material é do mal. Aqui, João não distingue duas partes do ser humano, mas duas maneiras de viver. A “carne” é a pessoa humana entregue a si mesma, incapaz de entender o sentido profundo das palavras e dos sinais de Jesus; o “espírito” é a força que ilumina as pessoas e abre os seus olhos para que possam entender a Palavra de Deus que se pronuncia em Jesus.
Diante do desafio do Mestre, Pedro resume a visão dos que percebem em Jesus algo mais do que um mero pregador: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”. Declaração atual, pois é moda na nossa sociedade – até entre muitos católicos praticantes – de correr atrás de tudo que é novidade: supostas aparições, esoterismo, religiões orientais, gnosticismo, escritos apócrifos e tantas outras propostas, às vezes até sem cabimento, enquanto se ignora a Palavra de Deus nas Escrituras.
O texto de hoje nos convida a nos examinarmos, a verificarmos se estamos realmente buscando a Verdade onde ela se encontra, ou se a deixamos de lado, achando – como a multidão no texto – que o seguimento de Jesus “é duro demais”. No meio de tantas propostas de vida, estamos convidados a reencontrarmos a fonte da verdadeira felicidade e da verdadeira vida, fazendo nossa a experiência de Pedro, o qual descobriu que Jesus “tem palavras de vida eterna”. Então, com ele, clamarmos: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna”.
Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Santo do Dia

                                                               b                                                   Bem-aventurada Dulce dos Pobres    Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes nasceu no dia 26 de maio de 1914, na Bahia, Brasil. Era a segunda filha do casal, Augusto Lopes Pontes, e Dulce Souza Brito, que já tinha quatro outros filhos. Sua mãe morreu aos vinte e seis anos, quando ela tinha apenas seis anos de idade, porém, teve uma infância feliz, com os irmãos e os parentes, que procuravam compensar a grande perda. Certo dia, a menina foi com uma tia materna visitar os pobres de um convento. Foi diante de tanta privação e sofrimento que a pequena decidiu: "Quero ser freira e dedicar minha vida aos pobres". E isso ela nunca esqueceu.

Maria Rita se desenvolveu pouco fisicamente, tornou-se uma mulher pequenina e de aparência muito frágil. Mas aos dezenove anos, após diplomar-se professora, ingressou na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em Sergipe e, aos vinte anos, fez sua profissão religiosa, assumindo o nome de Irmã Dulce, em homenagem à mãe.

Determinada a atender os mais carentes, voltou à Bahia em 1934, iniciando um trabalho de assistência à comunidade pobre de Alagados e Itapagipe. Nesse mesmo ano funda a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário de Salvador. A imprensa começa a chamá-la de Irmã Dulce dos Pobres, o anjo dos Alagados. Em 1937, fundou o Círculo Operário da Bahia.

Decidida a acolher os doentes que a procuravam, Irmã Dulce os abrigava em casas abandonadas e, em seguida, saía em busca de alimentos, remédios, assistência médica e ajuda financeira dos comerciantes e pessoas amigas. Seu lema era: "Amar e servir o mais necessitado entre os necessitados, como se acolhesse
o próprio Cristo".

E, sob esse escudo, Irmã Dulce iniciou seu trabalho assistencial num albergue improvisado em 1946, no galinheiro do convento das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, para acolher setenta doentes que ela havia recolhido nas ruas de Salvador. Atualmente, a Associação Obras Sociais Irmã Dulce é a maior ONG de saúde no Norte e Nordeste e a nona do Brasil, atendendo, em seus onze núcleos, mais de um milhão de carentes por ano, um trabalho inteiramente gratuito. Nessas Obras Sociais estão portadores de deficiências, idosos, crianças, adolescentes, mendigos, alcoólicos, toxicômanos e todos os que vivem à margem da sociedade.

Para construir sua obra, Irmã Dulce contou com o apoio do povo baiano, de brasileiros dos diversos estados e de personalidades internacionais. No dia 7 de julho de 1980, Irmã Dulce ouviu do Papa João Paulo II, na sua primeira visita ao país, o incentivo para prosseguir com a sua obra. Quatro anos depois fundou a Associação Filhas de Maria Servas dos Pobres. E em 1988, foi indicada para o Prêmio Nobel da Paz.

Em 20 de outubro de 1991, na segunda visita ao Brasil, o Papa João Paulo II fez questão de visitar Irmã Dulce, já bastante debilitada no seu leito de enferma, no Convento Santo Antônio. Aos 13 de março de 1992, Irmã Dulce faleceu, com setenta e sete anos de idade. A fragilidade dos últimos trinta anos da sua vida, com a saúde abalada seriamente, tinha setenta por cento da capacidade respiratória comprometida, não impediu que ela construísse e mantivesse uma das maiores e respeitadas instituições filantrópicas do país.

Por esse exemplo de vida, a Igreja Católica abriu o processo para a beatificação de Irmã Dulce, em 2000. No final da fase diocesana, após um ano e meio, o Papa João Paulo II a distinguiu como Serva de Deus. E quando se der sua beatificação, sem dúvida será celebrada uma vida inteira de testemunho de que a fé e o amor são capazes de superar as piores dificuldades.

O Memorial Irmã Dulce guarda hoje cerca de dois mil relatos documentados de graças alcançadas por baianos, pessoas de outros Estados e até de outros países, concedidas por intercessão de Irmã Dulce, que atestam a sua fama de santidade ainda em vida e as virtudes heróicas do "Anjo Bom da Bahia", como a freira, já no final da vida, era reconhecida.

"Quando nenhum hospital quiser aceitar algum paciente, nós aceitaremos. Essa é a última porta e por isso eu não posso fechá-la." Irmã Dulce.

O processo de beatificação teve início em 2000, passando por várias etapas, em 22 de maio de 2011, Irmã Dulce será proclamada Beata.

"Se fosse preciso, começaria tudo outra vez do mesmo jeito, andando pelo mesmo caminho de dificuldades, pois a fé, que nunca me abandona, me daria forças para ir sempre em frente" Irmã Dulce.

O decreto de beatificação de Irmã Dulce foi assinado pelo papa Bento XVI no dia 10 de dezembro de 2010, após reconhecimento de um milagre da freira. Ela é a primeira baiana a se tornar beata

A bem-aventurada Dulce dos Pobres terá sua data no calendário litúrgico no dia 13 de agosto.

Evangelho do Dia


Evangelho (Mateus 17,22-27)

Segunda-Feira, 13 de Agosto de 2012
19ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 22quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. E os discípulos ficaram muito tristes. 24Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”
25Pedro respondeu; “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” 26Pedro respondeu: “Dos estranhos!” Então Jesus disse: “Logo os filhos são livres. 27Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Jesus abre mão dos Seus direitos de “Filho do Dono”, até mesmo do poder temporal e econômico. No Evangelho de hoje, estamos diante de duas situações:
A primeira situação consiste em pagar o imposto do Templo, o que consiste na entrega de Jesus a Seu Pai; por isso fala da morte pela qual será necessário passar para poder ter vida eterna com Ele: “O Filho do Homem será entregue nas mãos dos homens, e eles vão matá-lo; mas, três dias depois, ele será ressuscitado”. Todavia, os discípulos não entendem logo de primeira, por isso ficam tristes. A tristeza deles pode ser também a nossa, quando nos tornamos inimigos da cruz de Cristo, ao fugirmos do sofrimento e da mortificação por amor ao Reino dos Céus.
O segundo problema é o imposto imperial. Partamos do princípio de que “imposto” implica num domínio sobre os bens de alguém. Por isso, Jesus pergunta a Simão: “O que é que você acha? Quem paga impostos e taxas aos reis deste mundo: os cidadãos do país ou os estrangeiros?”. A resposta de Pedro foi clara e nos fez ouvir tudo o que deveríamos sobre como os grandes tiranizam os estrangeiros, os pobres e excluídos da sociedade.
Eles [os tiranos] fazem uso dos bens que, em princípio vindos de Deus, deveriam ser bem geridos para o bem comum de todos os homens e mulheres. Esses recursos são pertenças de Deus, assim como os homens são filhos d’Ele, antes de ser súditos de qualquer poder. Se eles tivessem em mente que os benefícios são dos filhos de Deus e que tudo tem Sua origem e destino, não teriam exigido das pessoas o pagamento de impostos; portanto, eles não teriam a obrigação de pagá-los.
O confronto e a ruptura entre Jesus e as instituições acontecem de forma profunda e decisiva, superando a própria instituição do Estado e do Templo. Senão, vejamos: o pagamento do imposto ao Templo era obrigatório para todo israelita, mesmo para os que habitavam fora da Palestina. Os cobradores de imposto, ao interrogar Pedro sobre o costume de Jesus a respeito disso, julgavam que Ele se recusava a pagá-lo, numa forma de ruptura com os esquemas sócio-religiosos da época. O discípulo lhes responde: “Sim, paga!”. E foi pedir a Jesus a soma suficiente para cumprir essa obrigação.
O Senhor não põe dificuldade, mas reflete com o discípulo a respeito do que estão fazendo. De fato, por ser Filho do Dono de tudo, como disse anteriormente, está isento desta obrigação geral. No entanto, está disposto a abrir mão desse Seu direito. A razão é simples: embora seja livre e secundário pagá-lo, Ele o faz para evitar escândalo. Assim, apesar de não fazer sentido, livremente paga, pois era mais importante não se indispor com os cobradores de impostos em relação a fé.
A conduta do Mestre revela prudência, ou seja, evitar escandalizar quem não estiver preparado para defrontar-se com um gesto de liberdade. Em última análise, Seu pensamento segue numa direção bem diferente: Jesus mostra, uma vez mais, qual é a verdadeira missão do Messias, ou seja, dar a própria vida e ressuscitar.
Quantas pessoas, neste mundo, não conseguem abrir mão de certos direitos que possuem, mesmo quando estão em jogo a vida, o casamento, o relacionamento, o emprego, só porque tal pessoa é “isso” ou “aquilo”? Preferem jogar tudo fora, inclusive a vida do irmão, da irmã, da esposa, do esposo, do funcionário, do colega para defender os “seus privilégios”.
Peçamos ao Espírito de liberdade que nos torne capazes de abrir mão de certos direitos quando estiver em jogo os interesses do Reino dos Céus na vida das pessoas.
Padre Bantu Mendonça

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Santo do Dia

                                                Santa Edith Stein (Tereza Benedita da Cruz)
Edith Stein nasceu na cidade de Breslau, Alemanha, no dia 12 de outubro de 1891, em uma próspera família de judeus. Aos dois anos, ficou órfã do pai. A mãe e os irmãos mantiveram a situação financeira estável e a educaram dentro da religião judaica.

Desde menina, Edith era brilhante nos estudos e mostrou forte determinação, caráter inabalável e muita obstinação. Na adolescência, viveu uma crise: abandonou a escola, as práticas religiosas e a crença consciente em Deus. Depois, terminou os estudos com graduação máxima, recebendo o título de doutora em fenomenologia, em 1916. A Alemanha só concedeu esse título a doze mulheres na última metade do século XX.

Em 1921, ela leu a autobiografia de santa Teresa d'Ávila. Tocada pela luz da fé, converteu-se e foi batizada em 1922. Mas a mãe e os irmãos nunca compreenderam ou aceitaram sua adesão ao catolicismo. A exceção foi sua irmã Rosa, que se converteu e foi batizada no seio da Igreja, após a morte da mãe, em 1936.

Edith Stein começou a servir a Deus com seus talentos acadêmicos. Lecionou numa escola dominicana, foi conferencista em instituições católicas e finalizou como catedrática numa universidade alemã. Em 1933, chegavam ao poder: Hitler e o partido nazista. Todos os professores não-arianos foram demitidos. Por recusar-se a sair do país, os superiores da Ordem do Carmelo a aceitaram como noviça. Em 1934, tomou o hábito das carmelitas e o nome religioso de Teresa Benedita da Cruz. A sua família não compareceu à cerimônia.

Quatro anos depois, realizou sua profissão solene e perpétua, recebendo o definitivo hábito marrom das carmelitas. A perseguição nazista aos judeus alemães intensificou-se e Edith foi transferida para o Carmelo de Echt, na Holanda. Um ano depois, sua irmã Rosa foi juntar-se a ela nesse Carmelo holandês, pois desejava seguir a vida religiosa. Foi aceita no convento, mas permaneceu como irmã leiga carmelita, não podendo professar os votos religiosos. O momento era desfavorável aos judeus, mesmo para os convertidos cristãos.

A Segunda Guerra Mundial começou e a expansão nazista alastrou-se pela Europa e pelo mundo. A Holanda foi invadida e anexada ao Reich Alemão em 1941. A família de Edith Stein dispersou-se, alguns emigraram e outros desapareceram nos campos de concentração. Os superiores do Carmelo de Echt tentaram transferir Edith e Rosa para um outro, na Suíça, mas as autoridades civis de lá não facilitaram e a burocracia arrastou-se indefinidamente.

Em julho de 1942, publicamente, os bispos holandeses emitiram sua posição formal contra os nazistas e em favor dos judeus. Hitler considerou uma agressão da Igreja Católica local e revidou. Em agosto, dois oficiais nazistas levaram Edith e sua irmã do Carmelo de Echt. No mesmo dia, outros duzentos e quarenta e dois judeus católicos foram deportados para os campos de concentração, como represália do regime nazista à mensagem dos bispos holandeses. As duas irmãs foram levadas em um comboio de carga, junto com outras centenas de judeus e dezenas de convertidos, ao norte da Holanda, para o campo de Westerbork. Lá, Edith Stein, ou a "freira alemã", como a identificaram os sobreviventes, diferenciou-se muito dos outros prisioneiros que se entregaram ao desespero, lamentações ou prostração total. Ela procurava consolar os mais aflitos, levantar o ânimo dos abatidos e cuidar, do melhor modo possível, das crianças. Assim ela viveu alguns dias, suportando com doçura, paciência e conformidade a vontade de Deus, seu intenso sofrimento, e dos demais.

No dia 7 de agosto de 1942, Edith Stein, Rosa e centenas de homens, mulheres e crianças foram de trem para o campo de extermínio de Auschwitz-Birkenau. Dois dias depois, em 9 de agosto, foram mortas na câmara de gás e tiveram seus corpos queimados.

A irmã carmelita Teresa Benedita da Cruz foi canonizada em Roma, em 1998, pelo papa João Paulo II, que indicou sua festa para o dia de sua morte. A solenidade contou com a presença de personalidades ilustres, civis e religiosas, da Alemanha e da Holanda, além de alguns sobreviventes dos campos de concentração que a conheceram e de vários membros da família Stein. No ano seguinte, o mesmo sumo pontífice declarou santa Edith Stein, "co-Padroeira da Europa", junto com santa Brígida e santa Catarina de Sena.

Evangelho do Dia


Evangelho (Mateus 16,13-23)

Quinta-Feira, 9 de Agosto de 2012
18ª Semana Comum


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesareia de Filipe e ali perguntou a seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”.
15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. 17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.
20Jesus, então, ordenou aos discípulos que não dissessem a ninguém que ele era o Messias. 21Jesus começou a mostrar aos seus discípulos que devia ir a Jerusalém e sofrer muito da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos mestres da Lei, e que devia ser morto e ressuscitar no terceiro dia.
22Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” 23Jesus, porém, voltou-se para Pedro, e disse: “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens!”


- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
 Comentário
Estamos em Cesareia de Filipe. Jesus quer medir o “termômetro” sobre Si, então pergunta aos Seus discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?”. Um profundo silêncio se espalha entre eles e, num tom celestial, Pedro responde: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
Jesus ganha um adjetivo. Ele é o Cristo, o Ungido. O termo deriva do fato de, no Antigo Testamento, os reis, profetas e sacerdotes, no momento de sua eleição, serem consagrados mediante uma unção com óleo perfumado. Cada vez mais claramente, na Bíblia, fala-se de um Ungido ou Consagrado especial que virá, nos últimos tempos, para realizar as promessas da salvação de Deus a seu povo.
Toda a tradição primitiva da Igreja é unânime ao proclamar que Jesus de Nazaré é o Messias esperado. Ele mesmo, segundo Marcos, se proclamará tal ante o Sinédrio. À pergunta do sumo sacerdote: “És tu o Cristo, o Filho do Bendito?”, Ele responde: “Sim, eu o sou”.
Jesus aceita ser identificado com o Messias esperado, mas não com a ideia que o Judaísmo havia construído sobre o messias. Na opinião dominante, este era visto como um líder político e militar que livraria Israel do domínio pagão e instauraria, pela força, o Reino de Deus na Terra.
Jesus teve de corrigir, profundamente,  esta ideia compartilhada por Seus próprios apóstolos antes de permitir que se falasse d’Ele como Messias. A isso se orienta o discurso que segue imediatamente: “E começou a ensiná-los que o Filho do Homem devia sofrer muito…” A dura palavra dirigida a Pedro, que busca dissuadi-Lo de tais pensamentos: “Afasta-te de mim, Satanás!” é idêntica à dirigida ao tentador do deserto. Em ambos os casos, tratam-se, de fato, do mesmo objetivo de desviar-lhe do caminho que o Pai lhe indicou, o do Servo sofredor de Javé, por outro que é segundo os homens, não segundo Deus.
Lamentavelmente, temos de constatar que o erro de Pedro se repetiu na história. Também determinados homens e mulheres da Igreja se comportaram – em certas épocas – como se o Reino de Deus fosse deste mundo e como se fosse necessário afirmar-se com a vitória sobre os inimigos, em vez de fazê-lo com o sofrimento e o martírio.
Todas as palavras do Evangelho são atuais, mas o diálogo de Cesareia de Filipe o é de forma todo especial. A situação não mudou. Também hoje, sobre Jesus há as mais diversas opiniões das pessoas: um Profeta, um grande Mestre, uma grande Personalidade. Converteu-se numa moda apresentá-Lo nos espetáculos e nas novelas, nos costumes e com as mensagens mais estranhas.
No Evangelho, Jesus não parece se surpreender com as opiniões das pessoas nem se preocupa em desmenti-las. Só propõe uma pergunta aos discípulos e, assim, o faz também hoje: “Para vós, para você, quem sou eu?”. Existe um salto por dar que não vem da carne nem do sangue, mas que é dom de Deus e é preciso acolhê-lo.
A cada dia, há homens e mulheres que dão este salto. Às vezes, trata-se de pessoas famosas – atores, atrizes, homens de cultura – e, então, são notícia. Mas infinitamente mais numerosos são os crentes desconhecidos. Em certas ocasiões, os não-crentes interpretam estas conversões como fraqueza, crises sentimentais ou busca de popularidade e pode dar-se que, em algum caso, seja assim. Mas seria uma falta de respeito à consciência dos outros arrojar descrédito sobre cada história de conversão.
Uma coisa é certa: os que deram este salto não voltarão atrás por nada deste mundo. Mais ainda: surpreendem-se de ter podido viver tanto tempo sem a luz e a força que vem da fé em Cristo. Como São Hilário de Poitiers, que se converteu sendo adulto, estão dispostos a exclamar: “Antes de conhecer-te, eu não existia”.
Tenho de proclamar o Seu Nome: Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo! Foi Ele quem nos revelou o Deus invisível. É Ele o Primogênito de toda a criação, é n’Ele que todas as coisas têm a sua subsistência. Ele é o Senhor da humanidade e o Seu Redentor que nasceu, morreu e ressuscitou por nós.
Ele é o centro da história do mundo. Conhece-nos e nos ama. É o companheiro e amigo da nossa vida, o homem das dores (Is 53,3) e da esperança. É Aquele que há de vir, que será finalmente o nosso Juiz e também – assim confiamos – a nossa vida plena e a nossa beatitude.
Padre Bantu Mendonça