sexta-feira, 6 de abril de 2012

Entenda o significado da Celebração da Sexta-Feira Santa

Sexta-feira Santa
Celebra-se a paixão e morte de Jesus Cristo. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: liturgia da Palavra, adoração da cruz e comunhão eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.

Ofício das Trevas
 Trata-se de um conjunto de leituras, lamentações, salmos e preces penitenciais. O nome surgiu por causa da forma que se utilizava antigamente para celebrar o ritual. A igreja fica às escuras tendo somente um candelabro triangular, com velas acesas que se apagam aos poucos durante a cerimônia.


Sermão das Sete Palavras
 Lembra as últimas palavras de Jesus, no Calvário, antes de sua morte. As sete palavras de Jesus são: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem…”, “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”, “Mulher, eis aí o teu filho… Eis aí a tua Mãe”, “Tenho Sede!”, “Eli, Eli, lema sabachtani? – Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”, “Tudo está consumado!”, “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”. Neste dia, não se celebra a Santa Missa. Por volta das 15 horas celebra-se nas igrejas católicas a Solene Ação Litúrgica comemorativa da Paixão e Morte de Jesus Cristo. À noite as paróquias fazem encenações da Paixão de Jesus Cristo com o Sermão do Descendimento da Cruz e em seguida a Procissão do Enterro, levando o esquife com a imagem do Senhor morto.

Reflexão

A Visita

Cada dia, ao meio-dia, um pobre velho entrava na Igreja, e poucos minutos depois, saía.

Um dia, o sacristão lhe perguntou o que fazia (pois havia objetos de valor na Igreja).

Venho rezar, respondeu o velho.

Mas é estranho, disse o sacristão, que você consiga rezar tão depressa.

Bem, retrucou o velho, eu não sei recitar aquelas orações compridas.

Mas todo dia, ao meio-dia eu entro na Igreja e só falo:

- "Oi Jesus, eu sou o Zé, vim te visitar."

Num minuto, já estou de saída.

É só uma oraçãozinha, mas tenho certeza que Ele me ouve.

Alguns dias depois, o Zé sofreu um acidente e foi internado num hospital e, na enfermaria, passou a exercer uma influência sobre todos:

os doentes mais tristes se tornaram alegres, muitas risadas passaram a ser ouvidas.

Zé, disse-lhe um dia a irmã, os outros doentes dizem que você está sempre tão alegre....

É verdade, irmã, estou sempre tão alegre.

É por causa daquela visita que recebo todo dia.

Me faz tão feliz.

A irmã ficou atônita.

Já tinha notado que a cadeira encostada na cama do Zé estava sempre vazia.

O Zé era um velho solitário, sem ninguém.

- Que visita?

- A que hora?

- Todos os dias. Respondeu Zé;

com um brilho nos olhos.

Todos os dias ao meio-dia Ele vem ficar ao pé cama.

Quando olho para Ele, Ele sorri e diz:

-"Oi, Zé, eu sou Jesus, eu vim te visitar"

Salmo

Santo do Dia



                                                                    São Marcelino
Marcelino foi um sábio e dedicado religioso, amigo e discípulo de Agostinho, bispo de Hipona, depois canonizado e declarado doutor da Igreja. Entretanto Marcelino acabou sendo vítima de um dos lamentáveis cismas que dividiram o cristianismo. Foram influências políticas, como o donatismo, que levaram esse honrado cristão à condenação e ao martírio.

Tudo teve início muitos anos antes, em 310. O imperador Diocleciano ordenara ao povo a entrega e queima de todos os livros sagrados. Quem obedeceu, passou a ser considerado traidor da Igreja. Naquele ano, Ceciliano foi eleito bispo de Cartago, mas teve sua eleição contestada por ter sido referendada por um grupo de bispos traidores, os mesmos que entregaram os livros sagrados.

O bispo Donato era um desses e, além disso, tinha uma posição totalmente contrária ao catolicismo ortodoxo. Ele defendia que os sacramentos só podiam ser ministrados por santos, não por pecadores, isto é, gente comum. Os seguidores do bispo Donato, portanto, tornaram-se os donatistas, e a Igreja dividiu-se.

Em Cartago, Marcelino ocupava dois cargos de grande importância: era tabelião e tribuno, funcionando, assim, como um porta-voz da população diante das autoridades do Império Romano. Era muito religioso, ligado ao bispo Agostinho, de Hipona, reconhecido realmente como homem de muita fé e dedicação à Igreja. Algumas obras escritas pelo grande teólogo bispo Agostinho partiram de consultas feitas por Marcelino. Foram os tratados "sobre a remissão dos pecados", "sobre o Espírito", e o mais importante, "sobre a Trindade", porém nenhum deles pôde ser lido por Marcelino.

Quando Marcelino se opôs ao movimento donatista, em 411, foi denunciado como cúmplice do usurpador Heracliano e condenado à morte. Apenas um ano depois da execução da pena é que o erro da justiça romana foi reconhecido pelo próprio imperador Honório. Assim, a acusação foi anulada e a Igreja passou a reverenciar são Marcelino como mártir. Sua festa litúrgica foi marcada para o dia 6 de abril, data de sua errônea execução.

Evangelho do Dia

Evangelho (João 18,1—19,42)

Sexta-Feira, 6 de Abril de 2012
Paixão do Senhor


Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João.
Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos.
2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos.
3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas.
4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:
Pres.: “A quem procurais?”
Nar. 1: 5Responderam:
Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.
Nar. 1: Ele disse:
Pres.: “Sou eu”.
Nar. 1: Judas, o traidor, estava junto com eles.
6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra.
7De novo lhes perguntou:
Pres.: “A quem procurais?”
Nar. 1: Eles responderam:
Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.
Nar. 1: 8Jesus respondeu:
Pres.: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”.
Nar. 1: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito:
Pres.: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”.
Nar. 2: 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:
Pres.: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?”
Nar. 2: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram.
13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano.
14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho:
L. 1: “É preferível que um só morra pelo povo”.
Nar. 2: 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote.
16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro.
17A criada que guardava a porta disse a Pedro:
Mulher: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?”
Nar. 2: Ele respondeu:
L. 1: “Não”.
Nar. 2: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento.
20Jesus lhe respondeu:
Pres.: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas.
21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”.

Nar. 2: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:
L. 1: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?”
Nar. 2: 23Respondeu-lhe Jesus:




Pres.: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?”
Nar. 1: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote.
25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:
L. 1: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?”
Nar. 1: Pedro negou:
L. 2: “Não!”
Nar. 1: 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:
L. 1: “Será que não te vi no jardim com ele?”
Nar. 2: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa.
29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:
Pilatos: “Que acusação apresentais contra este homem?”
Nar. 2: 30Eles responderam:
Ass.: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!”
Nar. 2: 31Pilatos disse:
Pilatos: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”.
Nar. 2: Os judeus lhe responderam:
Ass.: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”.
Nar. 1: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer.
33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:
Pilatos: “Tu és o rei dos judeus?”
Nar. 1: 34Jesus respondeu:
Pres.: “Estás dizendo isto por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”
Nar. 1: 35Pilatos falou:
Pilatos: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”
Nar. 1: 36Jesus respondeu:
Pres.: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.
Nar. 1: 37Pilatos disse a Jesus:
Pilatos: “Então, tu és rei?”
Nar. 1: Jesus respondeu:
Pres.: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.
Nar. 1: 38Pilatos disse a Jesus:
Pilatos: “O que é a verdade?”
Nar. 1: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes:
Pilatos: “Eu não encontro nenhuma culpa nele.
39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?”
Nar. 1: 40Então, começaram a gritar de novo:
Ass.: “Este não, mas Barrabás!”
Nar. 2: Barrabás era um bandido.
19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus.
2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus. Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:
Ass.: “Viva o rei dos judeus!”
Nar. 2: E davam-lhe bofetadas.
4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:
Pilatos: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”.
Nar. 2: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:
Pilatos: “Eis o homem!”
Nar. 2: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:
Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”
Nar. 2: Pilatos respondeu:
Pilatos: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”.
Nar. 2: 7Os judeus responderam:
Ass.: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”.
Nar. 2: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:
Pilatos: “De onde és tu?”
Nar. 2: Jesus ficou calado.
10Então Pilatos disse:
Pilatos: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?”
Nar. 2: 11Jesus respondeu:
Pres.: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”.
Nar. 2: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:
Ass.: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.
Nar. 2: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico “Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:
Pilatos: “Eis o vosso rei!”
Nar. 2: 15Eles, porém, gritavam:
Ass.: “Fora! Fora! Crucifica-o!”
Nar. 2: Pilatos disse:
Pilatos: “Hei de crucificar o vosso rei?”
Nar. 2: Os sumos sacerdotes responderam:
Ass.: “Não temos outro rei senão César”.
Nar. 2: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram.
Nar. 1: 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado “Calvário”, em hebraico “Gólgota”.
18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio.
Nar. 1: 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito:
Ass.: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.
20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego.
Nar. 1: 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:
Ass.: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”.
Nar. 1: 22Pilatos respondeu:
Pilatos: “O que escrevi, está escrito”.
Nar. 1: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo.
24Disseram então entre si:
Ass.: “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”.
Nar. 2: Assim se cumpria a Escritura que diz: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”. Assim procederam os soldados.
Nar. 1: 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena.
26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:
Pres.: “Mulher, este é o teu filho”.
Nar. 1: 27Depois disse ao discípulo:
Pres.: “Esta é a tua mãe”.
Nar. 1: Dessa hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse:
Pres.: “Tenho sede”.
Nar. 1: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus.
30Ele tomou o vinagre e disse:
Pres.: “Tudo está consumado”.
Nar. 1: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
(Aqui todos se ajoelham.)
Nar. 2: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz.
Nar. 1: 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e depois do outro que foram crucificados com Jesus.
33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
Nar. 2: 35Aquele que viu dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis.
36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”.
37E outra Escritura ainda diz: “Olharão para aquele que transpassaram”.
Nar. 1: 38Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus — pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que antes tinha ido encontrar-se com Jesus de noite. Levou uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés.
40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.
Nar. 2: 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado.
42Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.



- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
 
Sexta-feira Santa ou simplesmente a Paixão e Morte de Jesus. Somos levamos a contemplar e vivenciar o mistério da iniquidade humana na pessoa de Cristo sim, mas – e sobretudo – o mistério do Seu triunfo definitivo.
O rito da apresentação e adoração da cruz vem como consequência lógica da proclamação da Paixão de Cristo. A Igreja ergue, diante dos fiéis, o sinal do triunfo do Senhor, que havia dito: “Quando vocês levantarem o Filho do Homem, saberão que Eu sou” (Jo 8,28).
Enquanto apresenta a cruz, o celebrante canta por três vezes: “Eis o lenho da cruz, do qual pendeu a salvação do mundo”. A assembleia, cada vez, responde: “Vinde, adoremos!”. Durante a procissão da adoração, entoam-se cânticos apropriados.
Jesus morre no momento em que, no Templo, se imolam os cordeiros destinados à celebração da Páscoa. A Sua imolação é “real”, um sacrifício realizado de uma vez por todas, porque a vítima espiritual tornou inúteis as vítimas materiais.
Outros pormenores completam o quadro: de Jesus não são quebradas as pernas, em conformidade com as prescrições rituais (Ex 12,46); do Seu lado transpassado, jorra o sangue, com o qual são misteriosamente assinalados os que pertencem ao novo povo, aqueles que Deus salva (cf. Ex 12,7.13). Cristo crucificado é, pois, o “verdadeiro Cordeiro pascal”: Ele é a “nossa Páscoa” imolada (cf. 1Cor 5,7).
Os profetas, especialmente o Segundo Isaías (1ª leitura), descrevem o Servo do Senhor no momento em que realiza Sua missão de libertar o povo dos pecados e torná-lo agradável a Deus, como um cordeiro inocente, carregado dos delitos do seu povo, e que, em silêncio, se deixa conduzir ao matadouro. E é de sua morte, aceita livremente, que provém a justificação “para todos”.
O dramático diálogo com Pilatos mostra Jesus silencioso, enquanto a autoridade, neste momento a serviço do pecado do mundo que cega o povo, decide Sua morte e O condena.
Não seria completa a compreensão do mistério de Jesus se não contemplássemos também – como o Apocalipse de João – o Cordeiro glorioso, que está diante de Deus com os sinais das Suas chagas, dominador do mundo e da história (Ap 5,6ss); o Cordeiro que se imolou por amor da Igreja e para o qual ela tende cheia de amor. Na cruz se iniciaram as núpcias do Cordeiro, que terão sua realização plena na festa do céu (cf. Ap 19,7-9).
Neste dia, “em que Cristo, nossa Páscoa foi imolado” (1Cor 5,7), torna-se clara realidade o que desde há muito havia sido prenunciado em figura e mistério: a ovelha verdadeira substitui a ovelha figurativa, e mediante um único sacrifício realiza-se plenamente o que a variedade das antigas vítimas significava.
Com efeito, a obra da redenção dos homens e perfeita glorificação de Deus, prefigurada pelas Suas obras grandiosas no povo da Antiga Aliança, realizou-a Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal da Sua bem-aventurada Paixão, Ressurreição dentre os mortos e gloriosa Ascensão, mistério este pelo qual, morrendo, destruiu a nossa morte, e ressuscitando, restaurou a nossa vida. Foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o admirável Sacramento de toda a Igreja.
A celebração da “Paixão do Senhor” focaliza o significado original do sofrimento de Jesus que culmina em Sua morte na Cruz. Trata-se do amor em plenitude que é assumido na cruz. Mas, é importante ressaltar que, antes de assumir a cruz de madeira, Jesus assumiu outras grandes e difíceis cruzes.
Podemos ver neste mesmo dia muitas outras “cruzes” levadas por Nosso Senhor: uma é a “cruz” da traição de Judas e outra a da negação de Pedro. Há a “cruz” da condenação por parte de Pilatos e por parte do povo. E outras “cruzes” são a minha e a sua, meu irmão.
Portanto, celebrar a morte de Jesus na Cruz nos faz pensar nas muitas “cruzes” que, ainda hoje, colocamos sobre os Seus ombros através da injustiça, do egoísmo, da falta de ternura, da impiedade, da violência, dos vícios e assim por diante.
Faz-nos pensar também sobre as muitas “cruzes” que os filhos colocam sobre os ombros de seus pais; as “cruzes” que os pais colocam sobre os ombros frágeis de seus filhos; as “cruzes” que os esposos colocam-se mutuamente sobre os ombros um do outro e sobre seus próprios ombros; as “cruzes” que todos colocamos sobre os ombros da comunidade, da Igreja, da sociedade etc.
No entanto, não nos esqueçamos do mais importante: a Cruz de Cristo nos leva à glória da Ressurreição para a Vida Eterna.
Padre Bantu Mendonça

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Santo do Dia



                                                                São Vicente Ferrer

Vicente nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Passou a infância e a juventude junto aos padres dominicanos, que tinham um convento próximo de sua casa. Percebendo sua vocação, pediu ingresso na Ordem dos Pregadores (dominicanos) aos dezessete anos.

Vicente estudou em Lérida, Barcelona e Tolosa, doutorando-se em filosofia e teologia, e ordenando-se sacerdote em 1378. Pregador nato, nesse mesmo ano começou sua peregrinação por toda a Europa, durante um período negro da história, quando ocorreu a Guerra dos Cem Anos, quando forças políticas, alheias à Igreja, tinham tanta influência que atuavam até na eleição dos papas.

Assim, quando um italiano foi eleito papa, Urbano VI, as correntes políticas francesas não o aceitaram e elegeram outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em Avinhão, na França. A Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta e nove anos.

Vicente Ferrer, pregador, já era muito conhecido. Como prior do convento de Valência, teve contato com o cardeal Pedro de Luna, que o convenceu da legitimidade do papa de Avinhão, e Vicente aderiu à causa. Em 1384, o referido cardeal foi eleito papa Bento XIII e habilmente fez do dominicano Vicente seu confessor, sendo defendido por ele até 1416, como fazia Catarina de Sena, sua contemporânea, pelo italiano Urbano VI.

O coração desse dominicano era dotado de uma fé fervorosa, mas passando por uma divisão dessas, e juntando-se o panorama geral da Europa na época: por toda parte batalhas sangrentas, calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da peste negra, que dizimou um terço da população. Tudo isso fez que a pregação de Vicente Ferrer ganhasse a nuance do fatalismo.

Ele andou pela Espanha, França, Itália, Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda e muitas outras regiões, defendendo sempre a unidade da Igreja, o fim das guerras, o arrependimento e a penitência, como forma de esperar a iminente volta de Cristo. Tornou-se a mais alta voz da Europa. Pregava para multidões e as catedrais tornavam-se pequenas para os que queriam ouvi-lo. Por isso fazia seus sermões nas grandes praças públicas. Milhares de pessoas o seguiam em procissões de penitência. Dizem os registros da Igreja, e mesmo os que não concordavam com ele, que Deus estava do seu lado. A cada procissão os prodígios e graças sucediam-se e podiam ser comprovados às centenas entre os fiéis.

O cisma da Igreja só terminou quando os dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e, com sua atuação, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a união da Igreja ocidental. As nuvens negras dissiparam-se, mas as conversões e as graças por obra de Vicente Ferrer ficarão por toda a eternidade.

Ele morreu no dia 5 de abril de 1419, na cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi canonizado pelo papa Calisto III, seu compatriota, em 1458, que o declarou padroeiro de Valência e Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do segundo milênio e o maior pregador do século XIV.

Evangelho do Dia

Evangelho (João 13,1-15)

Quinta-Feira, 5 de Abril de 2012
Ceia do Senhor


— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + escrito por João.
— Glória a vós, Senhor!

1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus.
3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.
6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”.
8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!”
Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”.
9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.
10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.
11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: “Nem todos estais limpos”.
12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz.



- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário
 
A Páscoa é o centro da vida e da fé dos cristãos. Trata-se da passagem da morte para a vida, da ausência para a presença do amor em plenitude.
Para nós cristãos, a celebração da Páscoa constitui-se num tríduo celebrativo, isto é, a Páscoa “celebrada em três dias” e fundamentada na unidade do mistério pascal de Jesus Cristo, que compreende Sua Paixão, Morte e Ressurreição.
Segundo o Missal Romano, “o tríduo pascal começa com a Missa vespertina da Ceia do Senhor, possui seu centro na Vigília Pascal e encerra-se com as vésperas do domingo da Ressurreição” (N. 19). Deste modo, celebramos, de quinta para sexta-feira, a Paixão; de sexta-feira para sábado, a “Morte”; e de sábado para domingo, a “Ressurreição”.
Hoje, Quinta-feira Santa, na celebração da Última Ceia, Jesus revelou o Seu amor em plenitude lavando os pés dos discípulos e repartindo com eles o pão. O amor torna-se presente nas mãos que lavam os pés e no pão que é repartido.
Estamos diante de um Jesus que manifesta um gesto de serviço e profunda humildade,mas, sobretudo, um gesto de verdadeiro amor: “Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim(João 13,1).
As mãos simbolizam a ação, o dinamismo. Por meio delas recebemos e doamos. João afirma, no Evangelho, que Jesus é consciente de que o Pai entregou, em Suas mãos, o verdadeiro amor e, antes de voltar a Ele, precisa doar, com Suas próprias mãos, esse amor aos Seus discípulos: “…sabendo que o Pai havia posto tudo em suas mãos, que tinha saído de Deus e voltava a Deus, se levanta da mesa, tira o manto e, tomando uma toalha, cinge-a. A seguir, põe água numa bacia e começa a lavar os pés dos discípulos e a secá-los com a toalha que tinha cingido” (Jo 13,3-5).
Analisando o contexto histórico, constatamos que oferecer ao hóspede água para lavar os pés da poeira do caminho era um gesto de cortesia muito comum. Normalmente, esse gesto era feito por um servo ou por um discípulo dedicado ao seu mestre. Jesus inverte os papéis e surpreende a todos. O Mestre torna-se servo. A lição de serviço, humildade e amor é testemunhada.
Em primeiro lugar, devemos sentir esse amor pleno que nos é doado pelas mãos de Jesus. Mãos que lavam, acariciam e enxugam, com ternura, os pés de cada um dos discípulos, de cada um de nós. Em segundo lugar, a ação de Cristo quer ensinar aos discípulos, e também a nós, que é preciso fazer o mesmo: “Depois de lhes ter lavado os pés, pôs o manto, reclinou-se e lhes disse: ‘Entendeis o que vos fiz? Vós me chamais mestre e senhor, e dizeis bem. Portanto, se eu, que sou mestre e senhor, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Eu vos dei o exemplo, para que façais o que eu fiz’” (Jo 13,12-15).
A atitude de serviço, humildade e expressão de amor, simbolizada no lava-pés, foi uma preparação para celebrar, com mais dignidade, a ceia, conforme disse o próprio Jesus a Pedro: “Se não te lavar, não terás parte comigo”.
Celebrando a ceia com Seus amigos, Jesus inaugura a “Nova Páscoa”, isto é, dá um novo sentido a ela, pois, em seu contexto histórico, era a maior festa do ano para os judeus. Mantendo seu ritual como no Antigo Testamento (Êxodos 12), Israel celebrava a Páscoa para lembrar-se da “antiga libertação do Egito” e atualizar “os benefícios de Deus” para com os Seus filhos.
Na Carta aos Coríntios, Paulo transmite o novo e definitivo sentido da Páscoa. Afirma o apóstolo: “O Senhor, na noite em que era entregue, tomou o pão, dando graças o partiu, e disse: ‘Isto é o meu corpo que se entrega por vós. Fazei isto em memória de mim”’ (ICor 11,23-24).
No pão repartido, Jesus entrega Seu corpo aos discípulos. Trata-se de uma doação total. No pão está presente o amor em plenitude. Este amor que se doa provoca transformação. Agora não é apenas uma transformação social, mas uma libertação do pecado, resgate para uma vida nova.
Quando repartimos o pão na celebração da Eucaristia, devemos sentir o amor de Jesus que se doa em plenitude. Amor que alimenta e revigora a nossa vida, amor que nos compromete com os irmãos e irmãs, que nos faz ser fiéis à vontade do Pai.
Jesus pede aos discípulos: “Fazei isto em memória de mim” (ICor 11,24b.25b). O pedido de Jesus aos discípulos estende-se também a todos nós. Portanto, hoje, celebramos o amor presente no pão que se reparte e nos comprometemos em vivê-lo plenamente.
A liturgia da Quinta-feira Santa é um convite para nos aprofundarmos, concretamente, no mistério da Paixão de Cristo, já que quem deseja segui-Lo deve sentar-se à Sua mesa e, com o máximo recolhimento, ser espectador de tudo o que aconteceu na noite em que iam entregá-Lo. E, por outro lado, o mesmo Senhor Jesus nos dá um testemunho maduro da vocação ao serviço, ao qual somos chamados, quando Ele mesmo decide lavar os pés dos Seus discípulos.
A Santa Missa é, então, a celebração da Ceia do Senhor, na qual Jesus – num dia como hoje, véspera de Sua Paixão – “enquanto ceiava com seus discípulos, tomou o pão…” . Ele quis que, como em Sua Última Ceia, nos reuníssemos e recordássemos da bênção dEle ao pão e ao vinho: “Fazei isto em memória de mim” .
Assim, podemos afirmar que a Eucaristia é o memorial, não tanto da Última Ceia, mas da Morte, Paixão e Ressurreição de Jesus Cristo, nosso Senhor.
Poderíamos dizer que a alegria é por nós e a dor é por Ele. Entretanto, predomina o gozo, porque no amor nunca podemos falar estritamente de tristeza, porque aquele que se entrega com amor e por amor, o faz com alegria e para dar alegria.
Podemos dizer que, hoje, celebramos, com a liturgia (1ª leitura), a Páscoa. Porém, a Páscoa da noite do Êxodo (Ex 12); não a da chegada à Terra Prometida (Js 5,10ss).
Hoje, inicia-se a festa da “crise pascal”, isto é, da luta entre a morte e a vida, já que a vida nunca foi absorvida pela morte, mas sim combatida por ela. A noite do Sábado de Glória é o canto da vitória, porém, tingida de sangue;  é o hino à luta, mas de quem vence, porque sua arma é o amor em plenitude do Deus Todo-Poderoso.
Padre Bantu Mendonça