sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Evangelho do Dia

Evangelho (João 1,1-18)

Sábado, 31 de Dezembro de 2011
7º Dia na Oitava do Natal




— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo João.
— Glória a vós, Senhor.

1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio, estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.
6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano.
10A Palavra estava no mundo — e o mundo foi feito por meio dela — mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo.
14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo.
18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
 
 
Comentário:
A Virgem Santíssima deu à luz o Filho de Deus concebido em seu ventre. É a Palavra de Deus que se fez carne e veio morar entre nós. O Senhor se fez humano para tornar divinos os humanos. Jesus, Filho de Maria, Filho de Deus, carne da nossa carne, é a luz do mundo que a todos ilumina.
Vivemos este tempo de alegria por termos Jesus entre nós, e a tudo renovando. Findo o ano, esperamos construir um ano novo. Os povos solidários clamam contra os idólatras do dinheiro e criminosos de guerra. Está em gestação o mundo novo possível, sem exclusões, na fraternidade universal, na partilha, na compaixão e na paz.
O eterno desejo de Cristo para a salvação do Seu povo é expresso por João: “Para que vejam a minha glória” (Jo 17,24). José pediu a seus irmãos que contassem a seu pai sobre toda a sua glória no Egito (cf. Gn 45,13), não para dar uma amostra ostensiva dela, mas para dar a seu pai a alegria de saber a sua alta posição naquela terra. Da mesma forma, Cristo desejava que os discípulos vissem a Sua glória, para que pudessem estar satisfeitos e usufruir a plenitude de Suas bênçãos para todo sempre.
Uma vez tendo conhecido o amor de Cristo, o coração do crente estará sempre insatisfeito até a glória d’Ele Cristo ser vista. O auge das petições que Cristo faz a favor dos Seus discípulos é que estes possam contemplar a glória de Deus.
Desde que o nome do cristão é conhecido no mundo, não tem havido tanta oposição direta à singularidade e glória de Cristo como nos dias atuais. É dever de todos aqueles que amam o Senhor Jesus testemunhar, conforme suas habilidades, a singularidade de Sua glória.
Eu gostaria, portanto, de fortalecer a fé dos verdadeiros cristãos ao mostrar que, ver a glória de Cristo, é uma das maiores experiências e privilégios possíveis neste mundo ou no outro. “Mas todos nós, com a cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (II Cor 3,18). Na eternidade seremos como Ele, porque “O veremos tal como Ele é” (I Jo 3,2).
Este conhecimento de Cristo é a via contínua e a recompensa de nossas almas. Aquele que tem visto a Cristo também tem visto o Pai; a luz do conhecimento da glória de Deus é vista apenas na face de Jesus Cristo (cf. Jo 14,9; II Cor 4,6).
Há duas maneiras de ver a glória de Cristo: mediante a fé, neste mundo, e, por meio da fé, no céu eternamente. É a segunda maneira que se refere principalmente à oração sacerdotal de Cristo – que Seus discípulos possam estar onde Ele está, para contemplar Sua glória.
Nenhum homem jamais verá a glória de Cristo no futuro se ele não tiver alguma visão dela, pela fé, no presente. Devemos estar preparados pela graça para a glória, e pela fé para a visão. Algumas pessoas que não têm fé verdadeira imaginam que verão a glória de Cristo no céu, porém, estão apenas se iludindo. Os apóstolos viram a glória do Senhor: “Vimos a sua glória como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,14).
Essa não era uma glória deste mundo como a dos reis. Apesar de ter criado todas as coisas, Cristo não tinha onde reclinar a cabeça. Não havia glória ou beleza incomum na aparência d’Ele como homem. A face e as formas do Senhor se tornaram mais desfiguradas do que as de qualquer homem (cf. Is 52,14; 53,2) após passar pelo flagelo. Não era possível ser vista neste mundo a glória total da Sua natureza divina. Como então os apóstolos viram a glória do Senhor? Foi pela compreensão espiritual da fé.
Quando eles viram como Ele era cheio de graça e de verdade e o que Ele fazia e como falava, eles “o receberam e creram no seu nome” (cf. Jo 1,12). Aqueles que não tinham essa fé não viram a glória em Cristo, pois ela está muito além do alcance de nossa presente compreensão humana. Não podemos olhar diretamente para o sol sem ficarmos cegos. Semelhantemente, com nossos olhos naturais não podemos ter nenhuma visão verdadeira da glória de Cristo no céu; ela apenas pode ser conhecida pela fé.
Aqueles que falam ou escrevem sobre a imortalidade da alma, sem ter conhecimento de uma vida de fé, não podem ter convicção daquilo que dizem. O entendimento que vê apenas através da fé é que nos dará uma ideia verdadeira da glória de Cristo e criará um desejo para um completo desfrute dela.
Entretanto, se quisermos ter uma fé mais ativa e um maior amor para com Cristo, que deem descanso e satisfação às nossas almas, precisaremos ter um maior desejo de compreender a Sua glória nesta vida. Isso significará que cada vez mais as coisas deste mundo terão menor atração para nós até que se tornem indesejáveis como algo morto. Não deveríamos procurar por nada nesta vida. Se estivéssemos totalmente convencidos disso estaríamos pensando mais nas coisas celestiais do que normalmente estamos.
Seremos moldados por Deus para o céu. Muitos pensam que já estão suficientemente preparados para a glória, como se eles a pudessem alcançar. Mas não sabem o que isso significa. Não há o menor prazer na música para o surdo, nem nas belas cores para o cego. Da mesma forma, o céu não seria um lugar de prazer para as pessoas que não tivessem sido preparadas para ele nesta vida pelo Espírito. O apóstolo dá “graças ao Pai que nos fez idôneos para participar da herança dos santos na luz” (Cl 1,12). A vontade de Deus é que devemos conhecer as primícias da glória aqui e a sua plenitude no futuro. Porém, somos feitos capazes de receber o conhecimento dessa glória pela atividade espiritual da fé. O nosso conhecimento atual da glória é nossa preparação para a glória futura.
Uma visão verdadeira da glória de Cristo tem o poder de mudar-nos até que nos tornemos semelhantes a Cristo (cf. II Cor 3,18).
Uma meditação constante sobre a glória de Cristo dará descanso e satisfação às nossas almas. Trará paz às nossas almas que tantas vezes estão cheias de medos e pensamentos perturbadores. “Porque a inclinação da carne é a morte; mas a inclinação do espírito é vida e paz” (Rm 8,6). As coisas desta vida nada são quando comparadas com o grande valor da beleza de Cristo, como Paulo disse: “E, na verdade, tenho também por perda todas as coisas, pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas as coisas, e as considero como esterco para que possa ganhar a Cristo” (Fl 3,8).
O conhecimento da glória de Cristo é a fonte de nossa bem-aventurança eterna. Vendo-O como Ele é, seremos feitos em semelhança a Ele. (cf. I Ts 4,17; Jo 17,24; 1 Jo 3,2).
Ao encerrarmos este ano de 2011, louvemos e agradeçamos a Deus por tudo o que nos concedeu ao longo deste período e peçamos-Lhe que nos faça contemplar a Sua glória já aqui na terra para que, no céu, nos configuremos a ela.
Aproveito para expressar meus votos de um feliz e abençoado Ano Novo a você e a todos os seus familiares!
Padre Bantu Mendonça

Santo do Dia

Sagrada Família

30 de Dezembro




Sagrada Família Se o Natal tiver sido ao domingo; não tendo sido assim, a Sagrada Família celebrar-se-á no domingo dentro da Oitava do Natal.

Da alocução de Paulo VI, Papa, em Nazaré, 5.1.1964:

O exemplo de Nazaré:

Nazaré é a escola em que se começa a compreender a vida de Jesus, é a escola em que se inicia o conhecimento do Evangelho. Aqui se aprende a observar, a escutar, a meditar e a penetrar o significado tão profundo e misterioso desta manifestação do Filho de Deus, tão simples, tão humilde e tão bela. Talvez se aprenda também, quase sem dar por isso, a imitá-la.
Aqui se aprende o método e o caminho que nos permitirá compreender facilmente quem é Cristo. Aqui se descobre a importância do ambiente que rodeou a sua vida, durante a sua permanência no meio de nós: os lugares, os tempos, os costumes, a linguagem, as práticas religiosas, tudo o que serviu a Jesus para Se revelar ao mundo. Aqui tudo fala, tudo tem sentido. Aqui, nesta escola, se compreende a necessidade de ter uma disciplina espiritual, se queremos seguir os ensinamentos do Evangelho e ser discípulos de Cristo. Quanto desejaríamos voltar a ser crianças e acudir a esta humilde e sublime escola de Nazaré! Quanto desejaríamos começar de novo, junto de Maria, a adquirir a verdadeira ciência da vida e a superior sabedoria das verdades divinas!
Mas estamos aqui apenas de passagem e temos de renunciar ao desejo de continuar nesta casa o estudo, nunca terminado, do conhecimento do Evangelho. No entanto, não partiremos deste lugar sem termos recolhido, quase furtivamente, algumas breves lições de Nazaré.
Em primeiro lugar, uma lição de silêncio. Oh se renascesse em nós o amor do silêncio, esse admirável e indispensável hábito do espírito, tão necessário para nós, que nos vemos assaltados por tanto ruído, tanto estrépito e tantos clamores, na agitada e tumultuosa vida do nosso tempo. Silêncio de Nazaré, ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor de uma conveniente formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê.
Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social.
Uma lição de trabalho. Nazaré, a casa do Filho do carpinteiro! Aqui desejaríamos compreender e celebrar a lei, severa mas redentora, do trabalho humano; restabelecer a consciência da sua dignidade, de modo que todos a sentissem; recordar aqui, sob este teto, que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas que a sua liberdade e dignidade se fundamentam não só em motivos econômicos, mas também naquelas realidades que o orientam para um fim mais nobre. Daqui, finalmente, queremos saudar os trabalhadores de todo o mundo e mostrar-lhes o seu grande Modelo, o seu Irmão divino, o Profeta de todas as causas justas que lhes dizem respeito, Cristo Nosso Senhor.

João Paulo II, na Carta dirigida à família, por ocasião do Ano Internacional da Família, 1994, escreve:

A Sagrada Família é a primeira de tantas outras famílias santas. O Concílio recordou que a santidade é a vocação universal dos batizados (LG 40). Como no passado, também na nossa época não faltam testemunhas do "evangelho da família", mesmo que não sejam conhecidas nem proclamadas santas pela Igreja...

A Sagrada Família, imagem modelo de toda a família humana, ajude cada um a caminhar no espírito de Nazaré; ajude cada núcleo familiar a aprofundar a própria missão civil e eclesial, mediante a escuta da Palavra de Deus, a oração e a partilha fraterna da vida! Maria, Mãe do amor formoso, e José, Guarda e Redentor, nos acompanhem a todos com a sua incessante proteção.


Sagrada Família de Nazaré, rogai por nós!

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 2,22-40)

Sexta-Feira, 30 de Dezembro de 2011
Sagrada Família, Jesus Maria e José


— O Senhor esteja convosco!
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício — um par de rolas ou dois pombinhos — como está ordenado na Lei do Senhor.
25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele 26e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.
27Movido pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29“Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meu olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.
33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma”.
36Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. 37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário:
 
Da gruta de Belém, onde naquela noite santa nasceu o Salvador, o olhar volta-se hoje para a humilde casa de Nazaré, para contemplar a Santa Família de Jesus, Maria e José, cuja festa celebramos no clima festivo e familiar do Natal.
O Redentor do mundo quis escolher a família como lugar do Seu nascimento e crescimento, santificando assim esta instituição fundamental [família] de todas as sociedades. O tempo passado em Nazaré e que Lucas descreve, no qual diz: “O menino crescia e ficava forte; tinha muita sabedoria e era abençoado por Deus”, representa o mais longo da sua existência. O Menino permanece envolto por uma grande discrição e dele poucas notícias nos são transmitidas pelos evangelistas. Se, porém, desejamos compreender mais profundamente a vida e a missão de Jesus, devemos aproximar-nos do mistério da Santa Família de Nazaré para ver e ouvir. A liturgia de hoje oferece-nos para isso uma oportunidade providencial.
A humilde casa de Nazaré é para todo o cristão, e especialmente para as famílias cristãs, uma autêntica escola do Evangelho. Aqui admiramos a realização do projeto divino de fazer da família uma íntima comunidade de vida e de amor; aqui aprendemos que cada núcleo familiar cristão é chamado a ser pequena «Igreja doméstica», onde devem resplandecer as virtudes evangélicas. Recolhimento e oração, compreensão mútua e respeito, disciplina pessoal e ascese comunitária, espírito de sacrifício, trabalho e solidariedade são traços típicos que fazem da família de Nazaré um modelo para todos os nossos lares.
Querendo realçar os valores da família na Exortação apostólica «Familiaris consortio», o beato João Paulo II afirmou que “o futuro da humanidade passa pela família”.
Embora, nos tempos atuais, a família esteja sendo assinalada por profundas e rápidas transformações da cultura e da sociedade, a Igreja, porém, nunca deixou de fazer chegar «a sua voz e oferecer a sua ajuda a quem, conhecendo já o valor do matrimônio e da família, procura vivê-lo fielmente; a quem, incerto e ansioso, anda à procura da verdade e a quem é injustamente impedido de viver livremente o próprio projeto familiar» (Familiaris consortio, 1). Ela dá conta da sua responsabilidade e deseja continuar, ainda hoje, «a oferecer o seu serviço a cada homem interessado nos caminhos do matrimônio e da família».
Para realizar esta sua ingente missão, a Igreja conta de modo especial com o testemunho e contribuição das famílias cristãs. Melhor ainda, «perante os perigos e dificuldades que a instituição familiar atravessa, ela convida a um suplemento de audácia espiritual e apostólica, na consciência de que as famílias são chamadas a ser ‘sinal de unidade para o mundo’, e a testemunhar ‘o Reino e a paz de Cristo, para os quais o mundo inteiro caminha’».
Os cristãos, recorda o Concílio Vaticano II, atentos aos sinais dos tempos, devem promover «ativamente o bem do matrimônio e da família, quer pelo testemunho da sua vida pessoal, quer pela ação harmônica com todos os homens de boa vontade» (Gaudium et spes, 52). É necessário proclamar com alegria e com coragem o Evangelho da família.
Jesus, Maria e José, abençoem e protejam todas as famílias do mundo, para que nelas reinem a serenidade e a alegria, a justiça e a paz, que Cristo, ao nascer, trouxe como dom à humanidade.
Padre Bantu Mendonça

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Santo do Dia

São Tomás Becket

29 de Dezembro

 

São Tomás Becket Em 1155, Henrique II, rei da Inglaterra e de parte da França, nomeou seu chanceler Tomás Becket. Oriundo da Normandia, onde nasceu em 1117, e senhor de grande riqueza, era considerado um dos homens de maior capacidade do seu tempo. Compararam-no a Richelieu, com o qual na realidade se parecia, pelas qualidades de homem de Estado e amor das grandezas. Ficou célebre a visita que fez, em 1158, a Luís VII, rei da França.

Quando vagou a Sé de Canterbury, Henrique II nomeou para ela o chanceler. Tomás foi ordenado sacerdote a 1 de junho de 1162 e sagrado Bispo dois dias depois. Desde então, passou a ser a pessoa mais importante a seguir ao rei e mudou inteiramente de vida, convertendo-se num dos prelados mais austeros.

Convencido de que o cargo de primeiro-ministro e o de príncipe da Inglaterra eram incompatíveis, Tomás pediu demissão do cargo de chanceler, o que descontentou muito o rei. Henrique II ficou ainda mais aborrecido quando, em 1164, por ocasião dos "concílios" de Clarendon e Northampton, o Arcebispo tomou o partido do Papa contra ele. Tomás viu-se obrigado a fugir, disfarçado em irmão leigo, e foi procurar asilo em Compiègne, junto de Luís VII.

Passou, a seguir, à abadia de Pontigny e depois à de Santa Comba, na região de Sens. Decorridos quatro anos, a pedido do Papa e do rei da França, Henrique II acabou por consentir em que Tomás regressasse à Inglaterra. Persuadiu-se de que poderia contar, daí em diante, com a submissão cega do Arcebispo, mas em breve reconheceu que muito se tinha enganado, pois este continuava a defender as prerrogativas da Igreja romana contra as pretensões régias. Desesperado, o rei exclamou um dia: "Malditos sejam os que vivem do meu pão e não me livram deste padre insolente". Quatro cavaleiros tomaram à letra estas palavras, que não eram sem dúvida mais que uma exclamação de desespero. A 29 de dezembro de 1170, à tarde, vieram encontrar-se com Tomás no seu palácio, exigindo que ele levantasse as censuras que tinha imposto. Recusou-se a isso e foi com eles tranquilamente para uma capela lateral da Sé.

"Morro de boa vontade por Jesus e pela santa Igreja", disse-lhes; e eles abateram-no com as espadas.


São Tomás Becket, rogai por nós!

Evangelho do Dia

Evangelho (Lucas 2,22-35)

Quinta-Feira, 29 de Dezembro de 2011
5º Dia na Oitava do Natal


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, 26e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.
27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.
33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te traspassará a alma”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário:
 
“Levaram o Menino a Jerusalém, a fim de O apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor” (Lc 2, 22).
Conforme a Lei, sobre a mulher gestante incidiam várias exigências a serem cumpridas quando do nascimento da criança. A consagração dos primogênitos era feita no ato da circuncisão, no sexto dia do nascimento (cf. Ex 22,28s; Lv 12,3). A purificação da mãe acontecia 33 dias após a circuncisão.
No Templo de Jerusalém, por ocasião da purificação de Maria, o justo Simeão profetiza sobre o Menino Jesus, que será sinal de contradição. Uma das características marcantes de Jesus em Seu ministério foi o conflito com as tradições da Lei e com os chefes religiosos. O empenho em libertar os pequenos e humildes oprimidos sob o jugo da Lei levou-o à morte de cruz, momento culminante em que uma espada traspassa a alma da Santíssima Virgem.
A Igreja, hoje, revive o mistério da Apresentação de Jesus no Templo. Revive-o com a admiração da Sagrada Família de Nazaré, iluminada pela plena revelação daquele “Menino” que é o juiz escatológico prometido pelos profetas (cf. Ml 3, 1-3), o “Sumo Sacerdote misericordioso e fiel”, que veio para “expiar os pecados do povo” (cf. Hb 2, 17).
O Menino, que Maria e José levam com emoção ao Templo, é o Verbo Encarnado, o Redentor do homem, da história!
Hoje, relembrando o acontecimento da apresentação do Menino Jesus em Jerusalém, também somos convidados a entrar no Templo, para meditar sobre o mistério de Cristo, unigênito do Pai que, com a Sua Encarnação e a Sua Páscoa, tornou-se o primogênito da humanidade redimida.
Desta maneira, no Evangelho de hoje prolonga-se o tema de Cristo-Luz, que caracteriza as solenidades do Natal e da Epifania.
“Luz para iluminar as nações e glória do teu povo, Israel” (Lc 2, 32). Estas palavras proféticas são proferidas pelo velho Simeão, inspirado por Deus quando toma o Menino Jesus nos seus braços. Ele preanuncia ao mesmo tempo em que “o Messias do Senhor” realizará a sua missão como um “sinal de contradição” (cf. Lc 2, 34). Quanto a Maria, a Mãe, também ela participará pessoalmente na paixão do seu Filho divino (cf. Lc 2, 35).
Por conseguinte, celebramos o mistério da consagração: consagração de Cristo, consagração de Maria e consagração de todos aqueles que se põem no seguimento de Jesus por amor do Reino de Deus.
O ícone de Maria, que contemplamos enquanto oferece Jesus no Templo, prefigura o ícone da Crucifixão, antecipando também a sua chave de leitura, Jesus, Filho de Deus, sinal de contradição. Com efeito, é no Calvário que alcança o seu cumprimento a oblação do Filho e, unida a esta, também a da Mãe. A mesma espada atravessa ambos, a Mãe e o Filho (cf. Lc 2, 35). A mesma dor, o mesmo amor.
Ao longo deste caminho, a Mãe de Jesus tornou-se Mãe da Igreja. A sua peregrinação de fé e de consagração constitui o arquétipo para a peregrinação de cada batizado. Como é consolador saber que Maria está ao nosso lado, como Mãe e Mestra, no itinerário de nossa vida de batizados! Além do plano afetivo, encontra-se ao nosso lado mais profundamente na eficácia sobrenatural demonstrada pelas Sagradas Escrituras, pela Tradição e pelo testemunho dos santos, muitos dos quais seguiram Cristo no caminho exigente dos conselhos evangélicos.
A cada ano, o tempo litúrgico do Natal recorda a imensidão do amor de Deus por nós. É preciso acreditar e viver esse amor e a ele entregar-se sem reservas. Assim como Simeão realizou sua esperança, também nós podemos contar sempre com a presença redentora de Cristo. Deixemos, pois, que Deus nos ame, para que sejamos, de fato, transformados, pois Ele continua amorosamente presente no meio de nós.
Ó Maria, Mãe de Cristo e nossa Mãe, agradecemos-te o cuidado com que nos acompanhas ao longo do caminho da vida, enquanto te pedimos: “Neste dia, volta a apresentar-nos a Deus, nosso único bem, a fim de que a nossa vida, consumida pelo Amor, seja um sacrifício vivo, santo e do teu agrado. Amém!”
Padre Bantu Mendonça

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Santo do Dia

Os Santos Inocentes

28 de Dezembro



Os Santos Inocentes A festa de hoje, instituída pelo Papa São Pio V, ajuda-nos a viver com profundidade este tempo da Oitava do Natal. Esta festa encontra o seu fundamento nas Sagradas Escrituras. Quando os Magos chegaram a Belém, guiados por uma estrela misteriosa, "encontraram o Menino com Maria e, prostrando-se, adoraram-No e, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes - ouro, incenso e mirra. E, tendo recebido aviso em sonhos para não tornarem a Herodes, voltaram por outro caminho para a sua terra. Tendo eles partido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: 'Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e foge para o Egito, e fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o Menino para o matar'. E ele, levantando-se de noite, tomou o Menino e sua mãe, e retirou-se para o Egito. E lá esteve até à morte de Herodes, cumprindo-se deste modo o que tinha sido dito pelo Senhor por meio do profeta, que disse: 'Do Egito chamarei o meu filho'. Então Herodes, vendo que tinha sido enganado pelos Magos, irou-se em extremo e mandou matar todos os meninos que havia em Belém e arredores, de dois anos para baixo, segundo a data que tinha averiguado dos Magos. Então se cumpriu o que estava predito pelo profeta Jeremias: 'Uma voz se ouviu em Ramá, grandes prantos e lamentações: Raquel chorando os seus filhos, sem admitir consolação, porque já não existem'" (Mt 2,11-20) Quanto ao número de assassinados, os Gregos e o jesuíta Salmerón (1612) diziam ter sido 14.000; os Sírios 64.000; o martirológio de Haguenau (Baixo Reno) 144.000. Calcula-se hoje que terão sido cerca de vinte ao todo. Foram muitas as Igrejas que pretenderam possuir relíquias deles.

Na Idade Média, nos bispados que possuíam escola de meninos de coro, a festa dos Inocentes ficou sendo a destes. Começava nas vésperas de 27 de dezembro e acabava no dia seguinte. Tendo escolhido entre si um "bispo", estes cantorzinhos apoderavam-se das estolas dos cônegos e cantavam em vez deles. A este bispo improvisado competia presidir aos ofícios, entoar o Inviatório e o Te Deum e desempenhar outras funções que a liturgia reserva aos prelados maiores. Só lhes era retirado o báculo pastoral ao entoar-se o versículo do Magnificat: Derrubou os poderosos do trono, no fim das segundas vésperas. Depois, o "derrubado" oferecia um banquete aos colegas, a expensas do cabido, e voltava com eles para os seus bancos. Esta extravagante cerimônia também esteve em uso em Portugal, principalmente nas comunidades religiosas.

A festa de hoje também é um convite a refletirmos sobre a situação atual desses milhões de "pequenos inocentes": crianças vítimas do descaso, do aborto, da fome e da violência. Rezemos neste dia por elas e pelas nossas autoridades, para que se empenhem cada vez mais no cuidado e no amor às nossas crianças, pois delas é o Reino dos Céus. Por estes pequeninos, sobretudo, é que nós cristãos aspiramos a um mundo mais justo e solidário.

Santos Inocentes, rogai por nós!

Evangelho do Dia

Evangelho (Mateus 2,13-18)

Quarta-Feira, 28 de Dezembro de 2011
Santos Inocentes, Mts.


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”. 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18“Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor. 
 
Comentário:
 
Hoje é o dia que a Igreja escolheu para a festa dos Santos Inocentes, mártires; dia em que o Evangelho nos fala da matança dos inocentes, ordenada por Herodes.
Quero juntar, a todos estes Santos Inocentes anônimos, todos aqueles a quem não foi permitido nascer e  também todas as crianças mortas por maus-tratos.
Com efeito, Deus, Senhor da Vida, confiou aos homens para que estes desempenhassem, de um modo digno, o nobre encargo de conservar a vida. Esta deve, pois, ser salvaguardada com extrema solicitude desde o primeiro momento da concepção.
O aborto e o infanticídio são crimes abomináveis!
A Igreja honra, como mártires, este coro de crianças, vítimas do terrível e sanguinário rei Herodes, arrancadas dos braços de suas mães para escrever, com o seu próprio sangue, a primeira página do álbum de ouro dos mártires cristãos a merecerem a Glória eterna, segundo a promessa de Jesus: “Quem perder a vida por amor de Mim, há de reencontrá-la”.
Para eles, a Liturgia repete hoje as palavras do poeta Prudêncio: “Salve, ó flores dos mártires, que na alvorada do Cristianismo fostes massacrados pelo perseguidor de Jesus como um violento furacão, arranca as rosas apenas desabrochadas!”
Vós fostes as primeiras vítimas, a tenra grei imolada. Num mesmo altar recebestes a palma e a coroa.
O episódio é narrado somente pelo evangelista Mateus que se dirigia principalmente aos leitores hebreus e, portanto, tencionava demonstrar a messianidade de Jesus, no qual se realizaram as antigas profecias: “Quando Herodes descobriu que os sábios o tinham enganado, ficou furioso. Mandou matar em Belém e nos arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo que ele tinha apurado pelas palavras dos sábios”.
Foi assim que se cumpriu o que o profeta Jeremias havia dito: “Em Ramá se ouviu um grito: coro amargo, imensa dor. É Raquel a chorar seus filhos e não quer ser consolada, porque eles já não existem”.
A origem dessa festa é muito antiga. Aparece já no calendário cartaginês do século IV, e cem anos mais tarde em Roma no Sacramentário Leonino.
Hoje, com a nova Reforma Litúrgica, a celebração tem um caráter jubiloso e não mais de luto como o era antigamente, e isso em sintonia com os simpáticos costumes medievais, que celebravam, nestas circunstâncias, a festa dos Meninos do Coro e do Serviço do Altar.
Entre as curiosas manifestações, temos aquela de fazer descer os Cônegos dos seus lugares, ao canto do versículo: “Depôs os poderosos do trono e exaltou os humildes”. Deste momento em diante, os meninos, revestidos das insígnias dos cônegos, dirigiram todo o ofício do dia.
A nova Liturgia, embora não querendo ressaltar o caráter folclórico que este dia teve no curso da história, quis manter esta celebração elevada ao grau de festa por São Pio V, muito próxima da festa do Natal.
Assim, colocou as vítimas inocentes entre os companheiros de Cristo, para circundar o berço de Jesus Menino de um gracioso coro de crianças, vestidas com as cândidas vestes da inocência, pequena vanguarda do exército de mártires que testemunharão, com o sangue, a sua pertença a Cristo. Ontem, assim como hoje, continuam os gritos e vozes de crianças inocentes que já não existem mais. Nós devemos ser o grito e a voz delas no nosso mundo.
Padre Bantu Mendonça