quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Santo do Dia

São Pedro Canísio


A catequese sempre exerceu um fascínio tão grande sobre Pedro Canísio que, quando tinha menos de treze anos, ele já reunia meninos e meninas à sua volta para ensinar passagens da Bíblia, orações e detalhes da doutrina da Igreja. Mais tarde, seria autor de um catecismo que, publicado pela primeira vez em 1554, teve mais de duzentas edições e foi traduzido em quinze línguas. Mas teve também grande atuação no campo teológico, combatendo os protestantes. 

Peter Kanijs para os latinos, Pedro Canísio nasceu em 8 de maio 1521, no ducado de Geldern, atual Holanda. Ao contrário dos demais garotos, preferia os livros de oração às brincadeiras. Muito estudioso, com quinze anos seu pai o mandou estudar em Colônia e, com dezenove, recebeu o título de doutor em filosofia. Mas não aprendeu somente as ciências terrenas. Com um mestre profundamente católico, Pedro também mergulhou, prazerosamente, nos estudos da doutrina de Cristo, fazendo despertar a vocação que se adivinhava desde a infância. 

No ano seguinte ao da sua formatura, os pais, que planejaram um belo futuro financeiro para a família, lhe arranjaram um bom casamento. Mas Pedro Canísio recusou. Não só recusou como aproveitou e fez voto eterno de castidade. Foi para Mainz, dedicar-se apenas ao estudo da religião. Orientado pelo padre Faber, célebre discípulo do futuro santo Inácio de Loyola, em 1543 ingressou na recém-fundada Companhia de Jesus. Três anos depois, ordenado padre jesuíta, recebeu a incumbência de voltar para Colônia e fundar uma nova Casa para a Ordem. Assim começou sua luta contra um cisma que abalou e dividiu a Igreja: o protestantismo. 

Quando era professor de teologia em Colônia, sendo respeitado até pelo imperador, Pedro Canísio conseguiu a deposição do arcebispo local, que era abertamente favorável aos protestantes. Depois, participou do Concílio de Trento, representando o cardeal Oto de Augsburg. Pregou e combateu o cisma, ainda, em Roma e Messina, onde lecionou teologia. Mas teve de voltar à Alemanha, pois sua presença se fazia necessária em Viena, onde o protestantismo fazia enormes estragos. 

Foi nesse período que sua luta incansável trouxe mais frutos e que também escreveu a maior parte de suas obras literárias. Fundou colégios católicos em Viena, Praga, Baviera, Colônia, Innsbruck e Dillingen. Foi nomeado pelo próprio fundador, Inácio de Loyola, provincial da Ordem para a Alemanha e a Áustria. Pregou em Strasburg, Friburg e até na Polônia, sempre denunciando os seguidores do sacerdote Lutero, pai do protestantismo. 

Admirado pelos pontífices e governantes do seu tempo, respeitado como primeiro jesuíta de nacionalidade alemã, Pedro Canísio morreu em 21 de dezembro de 1597, em Friburg, atual Suíça, após cinqüenta e quatro anos de dedicação à Companhia de Jesus e à Igreja. Foi canonizado por Pio XI, em 1925, para ser festejado, no dia de sua morte, como são Pedro Canísio, doutor da Igreja, título que também recebeu nessa ocasião.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 1,39-45)




Quarta-Feira, 21 de Dezembro de 2011
21 de Dezembro

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

39Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!” 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45“Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Breve Comentário
Quando a Virgem Maria ouve do anjo que sua prima Isabel está grávida de seis meses, ela“pôs-se a caminho para a região montanhosa, dirigindo-se apressadamente”. Vemos aí a subida de Nossa Senhora ao monte onde estava a cidade de sua prima. Para o judeu, o monte é sempre um lugar de oração. No Antigo Testamento encontramos dois belos exemplos de oração no monte: Moisés e Elias.
Ainda que o objetivo principal da Santíssima Virgem não fosse o de orar, não podemos imaginar que ela não reservasse largos momentos para sua oração, para seu encontro pessoal, a sós, com o seu Menino-Deus, enquanto ajudava sua prima. Também na passagem da Transfiguração não está explícito no texto que Jesus subira para orar, mas é claro que Ele leva Seus discípulos a um lugar à parte para rezar. Está implícito. Subentendido. E você? Também tem reservado seus momentos para “subir ao monte” e rezar?
“Maria entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel” e esta, “repleta do Espírito Santo, grita: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem que a mãe do meu Senhor me visite?”. Naquele momento, Isabel tem o mesmo sentimento dos apóstolos: “É bom estarmos aqui!” Ela e João, bem como seu marido Zacarias, são beneficiados com a visita de Maria, que traz Jesus.
Um outro ponto interessante é podermos associar as figuras de Moisés e Elias, que conversam com Jesus, na Transfiguração, com a de Zacarias e João Batista. Este foi o último dos profetas e apontado pelo próprio Cristo como figura de Elias. O sacerdote Zacarias exercia sua função no Templo oferecendo sacrifícios e intercedendo pelo povo como fazia também Moisés, embora não existisse o Templo.
Na Transfiguração, Pedro propõe: “Façamos três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Na Visitação, Deus havia providenciado três tendas: A primeira era a própria casa de Zacarias. A segunda era o ventre de Isabel que abrigou João Batista, e a terceira, o ventre de Maria, que recebeu Jesus. Vemos nas três um certo crescimento em ordem de construção: A primeira a casa fora feita por mãos humanas; a segunda, o ventre de Isabel, a primeira mulher grávida que recebe o Espírito Santo pela visita de Jesus no seio de Maria; e, por fim, a própria Maria, a Imaculada, a concebida sem pecado, foi a tenda perfeita para Jesus.
Maria, com efeito, é venerada na Ladainha com o título de “Casa de Ouro”. Zacarias, João Batista e Jesus também podiam, cada um a seu modo, dizer: “É bom estarmos aqui!” “Este é um lugar seguro, pois aqui habita Deus!” E para você? Será que sua casa é um lugar seguro, onde Deus faz sua morada?
Da nuvem luminosa saiu uma voz que disse: “Este é o meu Filho amado em quem pus toda minha afeição, ouvi-o” ou “Este é o meu Filho bem-amado, aquele que me aprouve escolher. Ouvi-o” (cf. as traduções da Ave-Maria e TEB, respectivamente). Há uma diferença, embora sutil, entre as duas traduções, mas somente nos lábios de Nossa Senhora podemos colocar estas mesmas palavras vindas do Pai, dirigidas ao Filho, inspiradas pelo Espírito Santo: “Este é o meu filho muito amado, aquele em quem ponho toda a minha afeição e a quem eu disse ‘sim’ para que Ele fosse gerado. Eu o escolhi. Ouvi-o”. “Fazei tudo o que Ele vos disser” (cf. Jo 2,5), completaria ela em Caná da Galileia.
Depois destas leituras e meditações, já não temos muitas razões para orar e contemplar? Faça, então, você mesmo sua oração, você que é templo do Espírito Santo (cf. I Cor 6,19). Glorifique o Senhor pelas maravilhas que Ele faz em sua vida. Se quiser, inicie com o cântico de Maria, o Magnificat em Lc 1,46-55. Mas deixe-se conduzir pelo Espírito!
Para sua contemplação, sugiro que “pinte” mentalmente um ícone com os seguintes personagens: Maria grávida de Jesus, ao centro. Isabel, exultando no Espírito com a visita, tendo o pequeno João Batista “pulando” de alegria no seu ventre. No outro lado, o mudo sacerdote Zacarias em atitude de respeito e adoração àquela divina presença em sua casa. Uma nuvem luminosa do Espírito Santo envolvendo todo o ambiente em que se encontram e acima de todos um triângulo representando a voz do Pai. Permaneça em silêncio por um bom tempo, contemplando este lindo mistério de uma visita transfigurada do Senhor.
Padre Bantu Mendonça

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Santo do Dia


São Domingos de Silos


É historicamente reconhecida a influência das ordens religiosas na formação da sociedade européia na Idade Média. Numa época onde a força era a suprema lei e o valor militar de um homem se sobrepunha a todos os outros, os monastérios eram verdadeiros oásis de paz e os monges, os guardiões da cultura, do direito e da liberdade. Talvez o maior defensor dos valores monásticos tenha sido o religioso Domingos de Silos, que valorizava nos mosteiros o ensino não só da agricultura como dos demais ofícios e artes. 

Domingos nasceu no ano 1000, em Navarra, Espanha, no seio de uma família pobre e cristã. Quando menino, foi pastor de ovelhas. Já desse período se conta que era bondoso ao extremo, oferecia leite de ovelha para alimentar os caminhantes pobres. Ao mesmo tempo, gostava muito de estudar, motivo que levou seus pais a entregá-lo ao padre da paróquia onde moravam. Ele criara uma escola ao lado da igreja. 

Saiu-se tão bem que o padre quis ordená-lo sacerdote. Antes disso, Domingos resolveu experimentar a vida de eremita para depois, enfim, entrar num convento beneditino, onde descobriu sua verdadeira vocação, pois logo se tornou exemplo para os demais monges. Quando completou trinta anos, foi encarregado de restaurar e reabrir o Mosteiro de Santa Maria, havia muito tempo fechado. Para isso tornou-se esmoleiro, trabalhou como operário, fez de tudo um pouco para conseguir recursos e poder receber os candidatos à vida monástica. A surpresa veio, quando viu que, entre eles, estava seu próprio pai, além de alguns parentes. 

Terminada essa obra, foi convidado a ser o abade do Mosteiro de São William de la Cogola. Foi perseguido, porém, pelo príncipe de Navarra, que tinha a intenção de apossar-se dos bens do convento. Assim, teve de refugiar-se em Castela. Lá, recebeu com prazer a missão de reavivar o Mosteiro de São Sebastião de Silos, em Burgos, quase desabitado e em decadência total. Domingos foi abade do mosteiro por mais de trinta anos, sendo considerado seu novo fundador. Imprimiu espírito novo, atividade intensa e fecunda, tornando-o um centro de cultura e cenáculo de evangelização. 

Ao final da vida, era chamado de "apóstolo de Castela". Previu a data da própria morte, que ocorreu em 20 de dezembro de 1073. Festejado nesse dia pela Igreja como são Domingos de Silos, a sua popularidade é muito vasta. Depois de sua morte, o nome do abade foi impresso, na história da Espanha, ao lado de "el Cid Campeador", o libertador do povo espanhol do jugo dos invasores infiéis.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 1,26-38)




Terça-Feira, 20 de Dezembro de 2011
20 de Dezembro

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

26No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”.
34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?”35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus.36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”. 38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Lucas, com suas narrativas da infância de João Batista e de Jesus, no início de seu Evangelho, já apresenta um de seus temas fundamentais: em Jesus, Deus se revela como o Deus dos pobres, fracos e excluídos.
A escolha de Maria, uma jovem da periferia da Galileia, para ser a mãe de Jesus, Filho de Deus, nos revela que o projeto de Deus difere dos projetos dos homens neste mundo.
O poder e o prestígio tão ansiosamente buscados nada significam para Deus. Maria viveu a humildade e o serviço e, nisto, identifica-se com seu filho Jesus. O título de “rainha” aplicado a Maria não indica poder e superioridade, mas sim amor que se doa, cativa e se comunica. Maria está presente em nossos lares, nas alegrias e nos sofrimentos, nos confortando, como mãe e companheira de caminhada no seguimento de Jesus.
Seu amor misericordioso é universal e a fonte da paz a ser consolidada pelos laços de fraternidade e justiça entre todos, homens e mulheres.
Unindo o Filho que se encarna e a Mãe que O acolhe, aparece misteriosamente a obediência, o “sim” de total disponibilidade ao Pai: o “sim” eterno do Filho, que ecoa no tempo através do “sim” da Virgem Maria. Assim, aparece o quanto a salvação do mundo e da humanidade manifesta-se na atitude de obediência, o contrário da atitude do pecado original: a humanidade voltará pela obediência Àquele de quem se afastou pela covardia da desobediência. O Criador e a criatura, de modo admirável e incompreensível, comungam nessa obediência ao plano amoroso de salvação.
Somos convidados a contemplar a atitude de fé madura e disponível de Nossa Senhora: crente porque se confia totalmente ao Senhor, como Abraão, que partiu sem saber para onde ia (Hb 12,8). Casamento, futuro, filhos, tudo isso a Virgem Mãe deixou nas mãos de Deus, sem pedir explicações, sem pedir provas, sem pedir garantias. Atitude madura porque humildemente procurou compreender o quanto possível o plano de Deus a seu respeito para melhor aderir a ele; atitude disponível, pela sua insuperável resposta ao convite do Senhor: “Eis a Serva!” Não pertence a si própria, não considera sua vida e seu destino a partir de seus interesses e projetos; ela se confia total e absolutamente ao seu Senhor e Deus.
Concluindo, diremos que a anunciação do anjo mostra a dinâmica da fé e de Maria: sendo virgem, descobre-se grávida. Perturba-se e tem medo, e então descobre a mão de Deus na ação do Espírito Santo. Toma consciência que o que cresce em seu seio é divino. Não duvida desta iluminação interior, apenas pergunta como se fará isso. Aceita realidades que não se veem. Ela creu, pois para Deus nada é impossível. “A fé consiste exatamente nisso: na antecipação das coisas que se esperam, na prova das realidades que não se veem” (Hb 11,1). Com Maria digamos “sim” à voz de Deus e Jesus continuará nascendo em mim e em você todos os dias.
Padre Bantu Mendonça

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Santo do Dia

Santo Urbano V


O Papa Urbano V assumiu o cargo em 1362, numa época em que a Europa sofria agitações sociais muito intensas. Numa tentativa de manter o pontífice longe das intrigas e das lutas políticas e revolucionárias, que dominavam Roma, a sede da Igreja fôra transferida para Avignon, na França. 

Urbano era monge beneditino e pertencia a uma nobre família francesa. Quando jovem estudou ciências jurídicas e depois lecionou direito em Montpellier e na própria Avignon. Um dia, trocou a laureada toga pelo humilde hábito de monge, chegando a ocupar altos cargos dentro da Ordem beneditina. 

Sua biografia é cheia de adjetivos elogiosos: "professor emérito, estudioso de renome, abade de iluminada doutrina e espiritualidade". Por tudo isso foi escolhido pelo Papa Inocêncio IV para desempenhar missões diplomáticas delicadas. Pelo mesmo motivo, quando Inocêncio morreu, foi eleito seu sucessor, mesmo não sendo cardeal. 

Seu pontificado durou somente oito anos, mas caracterizou-se, segundo os registros oficiais, pela sábia administração, pelo esforço de renovar os costumes e pela nobreza de intenções. Ele reformou a disciplina eclesiástica e reorganizou a corte pontifícia de maneira que fosse um exemplo de vida cristã, cortando pela raiz muitos abusos. Mas também se preocupava com a instrução do povo. Era o período do humanismo e o ex-professor de direito não mediu esforços para promover as ciências e criar novos centros de estudos. A pedido do rei da Polônia, ergueu e fundou a universidade da Cracóvia e, na universidade de Montpellier, fundou um colégio médico, ajudando pessoalmente estudantes pobres. 

No terreno político e militar seu trabalho também foi reconhecido. Organizou uma cruzada contra os turcos muçulmanos que ameaçavam a Europa. No plano missionário, enviou numerosos grupos de religiosos às regiões européias ainda necessitadas de evangelizadores, como a Bulgária e a Romênia. Além de organizar uma expedição missionária para levar a palavra aos mongóis da longínqua Ásia. 

O grande sonho do Papa Urbano V, porém, era levar de volta a sede da Igreja para Roma. Conseguiu isso, em outubro de 1367, sendo recebido com entusiasmada aclamação popular. Foi o primeiro a se estabelecer no palácio ao lado da Basílica de São Pedro, no Vaticano. E, desde então, se tornou a residência oficial dos pontífices. Mas a paz durou pouco. Alguns anos depois Urbano V foi novamente obrigado a deixar Roma, e voltar para Avignon, onde faleceu em 19 de dezembro de 1370.

Salmo


Salmo (Salmos 70)




Segunda-Feira, 19 de Dezembro de 2011
19 de Dezembro

— Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
— Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.

— Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio.
— Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo.
— Cantarei vossos portentos, ó Senhor, lembrarei vossa justiça sem igual! Vós me ensinastes desde a minha juventude e até hoje canto as vossas maravilhas.

Evangelho do Dia


Evangelho (Lucas 1,5-25)




Segunda-Feira, 19 de Dezembro de 2011
19 de Dezembro

— O Senhor esteja convosco.

— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor.7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.
8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido.
11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”.
18Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”.
21O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a sua demora no Santuário.22Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava por sinais e continuava mudo.
23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa.24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!”

- Palavra da Salvação. 

- Glória a vós, Senhor.
comentário
Esta estranha entrada em cena de um ser que se tornará um dos mais importantes da realização dos planos divinos é muito do estilo do Antigo Testamento. Todos os seres vivos deviam ser destruídos pelo dilúvio, mas Noé e os seus foram salvos na arca. Isaac nasce de Sara, já em idade avançada para dar à luz. Davi, jovem e sem técnica de combate, derruba Golias. Moisés, futuro guia do povo de Israel, é encontrado em uma cesta e salvo da morte. Desta maneira, Deus quer destacar que Ele mesmo toma a iniciativa da salvação de Seu povo. O anúncio do nascimento de João é solene. Realiza-se no marco litúrgico do Templo.
Desde a designação do nome do menino: “João” – que significa “Deus é favorável” – tudo é concreta preparação divina do instrumento que o Senhor elegeu. Sua chegada não passará despercebida e muitos se alegrarão com seu nascimento (cf. Lc 1,14); abster-se-á de vinho e bebidas embriagantes, será um menino consagrado e, como prescreve o livro dos Números (6,1), ele não beberá vinho nem licor fermentado. João já traz um sinal de sua vocação de asceta. O Espírito habita nele desde o seio de sua mãe. A sua vocação de asceta une-se à guia de seu povo (cf. Lc 1,17). Precederá o Messias, papel que Malaquias (3,23) atribuída a Elias. Sua circuncisão, fato característico, mostra também a eleição divina: ninguém em sua parentela tem o nome de João (cf. Lc 1,61), mas o Senhor quer que ele seja chamado assim mudando os costumes. O Senhor foi quem o escolheu. É Ele quem dirige tudo e guia o Seu povo.
O nascimento de João é motivo de um admirável poema que, por sua vez, é ação de graças e descrição do futuro papel do menino. A Igreja canta este poema todos os dias – no final das Laudes – reavivando sua ação de graças pela salvação que Deus lhe deu e em reconhecimento porque ele [João] continua mostrando-lhe “o caminho da paz”.
João Batista é sinal da irrupção de Deus em Seu povo. O Senhor o visita, o livra, realiza a aliança que havia prometido. O papel do precursor é muito precioso: prepara os caminhos do Senhor (cf. Is 40,3), dá a Seu povo o conhecimento da salvação. Todo o afã especulativo e contemplativo de Israel é conhecer a salvação, as maravilhas do desígnio de Deus sobre Seu povo. O conhecimento dessa salvação provoca nele a ação de graças, a bênção, a proclamação dos benefícios de Deus que se expressa no “Bendito seja o Senhor, Deus de Israel”.
Esta é a forma tradicional de oração de ação de graças que admira os desígnios de Deus. Com estes mesmos termos, o servidor de Abraão bendiz a Deus (cf. Gn 24,26). Assim também se expressa Jetro, sogro de Moisés, reagindo ao admirável relato do que Deus havia feito para livrar Israel dos egípcios (cf. Ex 18,10). A salvação é a remissão dos pecados, obra da misericordiosa ternura de nosso Deus (cf. Lc 1,77-78).
João deverá, pois, anunciar um batismo no Espírito para remissão dos pecados. Mas este batismo não terá apenas esse efeito. Será iluminação. A misericordiosa ternura de Deus enviará o Messias que, segundo duas passagens de Isaías (9,1 e 42,7), retomadas por Cristo (cf. Jo 8,12), “iluminará os que jazem entre as trevas e sombra da morte” (Lc 1,79).
O papel de João é o de “preparar o caminho do Senhor”. Ele sabe disso e designa a si mesmo, referindo-se a Isaías (40,3), como a voz que clama no deserto: “Preparai o caminho do Senhor”. Mais positivamente ainda, deverá mostrar “Aquele que está no meio dos homens, mas que estes não O conhecem” (cf. Jo 1,26) e a quem chama, quando o vê chegar: “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29).
João corresponde ao que foi dito e previsto sobre ele. Deve dar testemunho da presença do Messias. O modo de chamá-lo indica o que o Messias representa para ele: Ele é o “Cordeiro de Deus”.
Como João, a Igreja e seus fiéis têm o dever de “não cobrir a luz”, mas de dar testemunho dela (cf. Jo 1,7). A esposa, a Igreja, deve ceder o posto ao Esposo. Ela é testemunho e deve ocultar-se diante d’Aquele a quem testemunha. Papel difícil é o de estar presente no mundo, e firmemente presente até o martírio como João, sem impulsionar uma “instituição” em vez de impulsionar a Pessoa de Cristo. Papel missionário sempre difícil é o de anunciar a Boa Notícia e não uma raça, uma civilização, uma cultura ou um país: “É preciso que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3,30).
Anunciar a Boa Nova e não uma determinada espiritualidade, uma determinada ordem religiosa, uma determinada ação católica especializada. Como João, mostrar a seus discípulos onde está para eles o “Cordeiro de Deus” e não cercá-los como se fôssemos nós a luz que vai iluminá-los. Esta deve ser a minha e a sua meta: apresentar o Cordeiro de Deus aos outros.
Senhor, dai-me a graça de ser uma verdadeira testemunha, a fim de que com palavras e obras eu Vos leve a todos os povos e nações que não Vos conhecem.
Padre Bantu Mendonça