Evangelho (Marcos 6,30-34)
Sábado, 9 de Fevereiro de 2013
4ª Semana Comum
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.
— Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele
lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um
pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham
tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles.
34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve
compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a
ensinar-lhes muitas coisas.
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
Comentário
Pegando a frase do Evangelho: “a multidão estava como que ovelhas sem pastor”,
Jesus atrai para Si o título de pastor. Este atributo a Jesus, recebe a
sua justificação na observação do evangelista ao interpretar os
sentimentos do coração do Senhor vendo as multidões que O seguiam. Jesus
se compadeceu delas.
Mestre desde o início da Sua missão,
Cristo convida os discípulos – e a todos nós! – a manifestar aos homens
o amor de Deus por eles. Em poucas linhas, podemos ter o quadro da vida
de Jesus com os apóstolos e a multidão: a intimidade do Senhor com o
grupo dos doze apóstolos em ordem à formação dos mesmos, a atividade
intensa da vida pública de Jesus e dos apóstolos, o entusiasmo do povo
pelo Senhor, a Sua disponibilidade apesar da fadiga, por fim, os
sentimentos profundos de Jesus perante esse povo errante e faminto. É
assim que Deus olha para mim e para você, bem como para toda a sua
família e os homens no mundo inteiro. Ele deseja e quer que todos O
procuremos.
Embora com o desejo e a vontade de
atender a todos, Jesus com os apóstolos ressalta a sua necessidade de
descanso depois as tarefas apostólicas. Para dizer que também o
missionário precisa de repouso. Um tempo de retiro, de recuperação das
energias, de intimidade com Deus. Foi por isso que, quando voltam
empolgados com os resultados da missão, a primeira reação do Mestre é
convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as forças.
Jesus tem critérios que não correspondem
ao grande critério da nossa sociedade: o da eficácia! Para Ele, os
apóstolos não eram “máquinas”, mas, em primeiro lugar, pessoas humanas,
que necessitavam ser tratadas como tais. O trabalho – mesmo o
missionário – não é absoluto. Jesus reconhece a necessidade de um
equilíbrio entre todos os aspectos da vivência humana.
Aqui, há uma lição para muitos cristãos
engajados hoje: embora devamos nos dedicar ao máximo no apostolado, não
devemos descuidar das nossas vidas particulares, da nossa saúde, do
cultivo de valores espirituais e do relacionamento afetivo com os
outros. Caso contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras
“máquinas” ou “funcionários do sagrado”, que não mostram ao mundo o
rosto compassivo do Pai, e que por dentro são ocos.
O texto ressalta a compaixão de Jesus
para com o povo com uma característica específica: era um povo muito
sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes político-religiosos de
então, que nem tinha tempo para comer. E quando Cristo se retirava, o
povo ia atrás d’Ele. O que atraía tanta gente? Com certeza, não foi, em
primeiro lugar, a doutrina nem os milagres, mas o fato de irradiar
compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de
Deus.
Jesus não teve “pena” do povo, não teve
“dó” dos sofridos. Teve “compaixão”, ou seja, literalmente Ele “sofria
junto” e tinha uma empatia com os sofredores, a qual se transformava
numa solidariedade afetiva e efetiva. Este traço da personalidade de
Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros para que não sejam
“burocratas do sagrado”, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente, muitas vezes, as nossas
igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares do encontro com
a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na compaixão
de Jesus! A frieza humana frequentemente marca as nossas atitudes,
pregações e cuidado pastoral. Num mundo que exclui, que marginaliza e
que só valoriza “quem consome e produz”, o texto de hoje nos desafia
para que nos assemelhemos, cada vez mais, a Jesus, irradiando compaixão
diante das multidões que hoje, como nunca, estão como ovelhas sem
pastor.
Padre Bantu Mendonça
Fonte:Liturgia Diária